A organização não-governamental (ONG) Justicia 11J afirmou esta sexta-feira que, dois anos após os protestos de 11 de julho de 2021 em Cuba, “pouco mudou” no país e pediu à comunidade internacional “liberdade urgente para os presos políticos”.

No seu relatório “Mais um ano sem justiça”, a organização destacou que a ilha “não tem dado sinais relevantes de recuperação” da crise económica e política desencadeada pelas mobilizações antigovernamentais.

Nesse sentido, a ONG sustentou que desde o chamado 11J houve vários outros protestos sociais “ainda que menores do que a revolta de julho de 2021”. Somente em 2023, de acordo com a Justiça 11J, foram registados 42 protestos.

Da mesma forma, no ano passado, “mais 74 pessoas (…) para um novo total de 1.558” foram presas por participar em diferentes mobilizações, segundo os dados da organização.

“Pelo menos 29 pessoas com problemas crónicas de saúde – epilepsia, hipertensão, cancro, diabetes, dermatite, doenças ósseas e outras, 18 com deficiências físicas ou mentais – e 25 pacientes psiquiátricos foram identificadas entre os detidos. Dessas pessoas, 42 permanecem presas, algumas com risco iminente de vida”, alertou a Justicia 11J.

A organização acusou a Procuradoria-Geral da República cubana de “falta de transparência” e por não fornecer números atualizados sobre prisões e processos judiciais contra manifestantes. “Os dados mais recentes oferecidos são datados de 13 de junho de 2022”, observou.

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Segundo mais dados dos ativistas, “690 pessoas foram julgadas e punidas” por terem participado nos protestos de 11 de janeiro de 2021.

O relatório da Justicia 11J foi divulgado no dia em que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, recebeu o homólogo cubano, Miguel Díaz-Canel, no início da sua visita de Estado a Portugal.

O chefe de Estado português defendeu um reforço das relações bilaterais com Cuba, que descreveu como “muito constantes”, independentemente dos governos em Portugal, e reiterou a oposição ao bloqueio imposto pelos Estados Unidos da América a Havana.

O Presidente cubano destacou por sua vez a “sensibilidade” desde sempre manifestada por Portugal no que diz respeito aos problemas “concretos” colocados pelo embargo norte-americano a Cuba e apelou para um maior investimento português na ilha caribenha.