A Casa Branca realizou esta terça-feira a sua primeira cimeira sobre cibersegurança a propósito de ataques informáticos a escolas, que levaram à divulgação de informação sensível sobre os alunos, como registos médicos, avaliações psiquiátricas e registos de agressões sexuais.

“Se queremos salvaguardar o futuro das nossas crianças, temos de proteger os seus dados pessoais”, disse a primeira-dama, Jill Biden, que é professora, no evento.

“Todo o estudante merece a oportunidade de ver um conselheiro escolar quando estiver com problemas, e não se preocupar que essas conversas venham a ser divulgadas em público”, acentuou.

Pelo menos, 48 distritos escolares relataram ataques informáticos este ano, o que já é o triplo do registado no ano passado, segundo a empresa de segurança informática Emsisoft.

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Um relatório da agência de auditoria do Congresso dos EUA (GAO, na sigla em inglês), datado de outubro de 2022, apontou que 1,2 milhões de estudantes foram afetados em 2020, com o intervalo de dias escolares perdidos entre três dias e três semanas.

“Não se subestime a crueldade dos que nos querem fazer mal”, disse o secretário da Segurança Interna, Alejandro Mayorkas, durante a cimeira, mencionando que até relatos de tentativa de suicídio tinham sido divulgados nas redes sociais por chantagistas criminosos e instou os professores a usarem os recursos federais já disponíveis.

O presidente da entidade sem fins lucrativos Consortium for School Networking [Consórcio para a Rede Escolar], Keith Kroeger, queixou-se da escassez de verbas federais, mas declarou-se satisfeito com a iniciativa da Casa Branca.

O efeito mais duradouro destes ataques informáticos, com vista à obtenção de resgate, não é o encerramento de escolas, os custos de recuperação avaliados em vários milhões de dólares nem sequer a subida dos prémios de seguros. É o trauma para os professores e funcionários, os estudantes e os pais que resulta da exposição em linha de registos pessoais.

Enquanto outras entidades atacadas pelos extorsionistas digitais fortificaram e dividiram as suas redes e ligações informáticas, encriptaram informação e instituíram autenticação multifatorial, os sistemas escolares têm sido lentos a reagir.

Uma das grandes razões para isso é a falta de vontade de contratar segurança informática a tempo inteiro.

No seu inquérito anual, de 2023, o Consortium for School Networking apurou que apenas 16% das jurisdições escolares têm profissionais da segurança informática a tempo inteiro, menos do que os 21% registados no ano anterior.