Os bancos italianos foram surpreendidos, esta terça-feira, com o anúncio do Governo de Giorgia Meloni de que ia aplicar uma taxa sobre 40% dos lucros extraordinários do setor bancário. O anúncio determinou uma forte queda em bolsa do valor dos bancos, e obrigou o Executivo transalpino a comunicar que não espera um impacto materialmente relevante sobre os bancos.

Governo italiano cria imposto de 40% sobre lucros extraordinários da banca

Já ao início da noite o Governo de Meloni, através do Ministério das Finanças, clarificou que a sua taxa sobre os lucros excessivos dos bancos terá um impacto limitado para alguns bancos e a contribuição não excederá 0,1% dos ativos das instituições. Ainda assim não especificou que ativos seriam considerados. Se for considerado sobre os ativos globais, quantifica a Bloomberg, os dois maiores bancos italianos, Intesa Sanpaolo e UniCredit, responderão por uma taxa de cerca de mil milhões de euros. Se apenas forem considerados os ativos italianos, será bastante menos, ainda assim na casa das centenas de milhões de euros.

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O imposto pretende financiar os apoios do Governo ao pagamento de crédito à habitação e financiar redução de impostos sobre hipotecas. Os 40% consideram a diferença entre os lucros com juros (margem financeira) em 2022 face a 2021 se excederem 5% de ganhos ou a diferente na margem financeira entre 2023 e 2021 se acima de 10% de ganhos. O Governo italiano acrescentou que esta taxa tem origem na subida de taxas de juro do BCE.

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Segundo a clarificação entretanto feita, citada pela Bloomberg, os bancos que já tiverem aumentado as taxas de juro nos depósitos “não sentirão um impacto significativo em consequência da regra aprovada ontem [segunda-feira]”, diz o comunicado do Ministério das Finanças italiano.

Uma clarificação que chega menos de 24 horas depois do anúncio surpresa por parte do vice-primeiro-ministro Matteo Salvini que, no final da conferência onde apresentou várias medidas aprovadas pelo conselho de ministros, revelou a aprovação desse imposto, que agora ainda tem de passar pela aprovação do Parlamento. Têm 60 dias para o fazer.

A agência de notícias Ansa estima que este imposto poderá render aos cofres italianos 2 mil milhões de euros. Itália já tinha aplicado um imposto extra ao setor da energia, tendo arrecadado com essa taxa 2,8 mil milhões de euros, segundo avançou a Reuters.

O anúncio de manhã levou a que o setor bancário tivesse uma queda pronunciada em bolsa. Em Itália, os bancos cotados viram reduzir a sua capitalização em quase 9 mil milhões de euros. O índice bolsista italiano (FTSE Mib) caiu 2,1%, com o UniCredt a desvalorizar 5,9% e o Intesa Sanpaolo 8,7%. O índice geral europeu, Stoxx Europe 600, caiu 0,2%. Em Lisboa, o BCE teve uma queda de quase 5%.