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Kiev criticou este sábado a declaração dos líderes do G20 sobre a guerra na Ucrânia, na qual denunciaram o uso da força, mas não mencionaram a Rússia.

“A Ucrânia agradece aos parceiros que tentaram incluir palavras fortes no texto. Ao mesmo tempo, em relação à agressão da Rússia contra a Ucrânia, o G20 não tem nada do que se orgulhar“, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Oleg Nikolenko.

Na cimeira de Nova Deli, os líderes do G20 consensualizaram este sábado uma declaração que insta “todos os Estados” a evitarem “a ameaça ou o uso da força para conquistar territórios”, mas não inclui uma condenação da guerra na Ucrânia.

Em linha com a Carta das Nações Unidas e referindo-se à guerra na Ucrânia, o texto apela a “todos os Estados” que se abstenham do uso da força para agir contra a “integridade territorial e a soberania ou a independência política de qualquer Estado”.

A declaração destaca “o sofrimento humano e o impacto negativo adicional da guerra na Ucrânia”, embora não inclua uma condenação explícita do conflito.

Os líderes das principais economias ricas e em desenvolvimento citam especificamente o impacto da guerra na cadeia alimentar e na segurança energética, bem como na estabilidade financeira, na inflação e no crescimento económico, destacando o seu impacto especial nos países em desenvolvimento.

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O texto ressalva que houve “diferentes considerações sobre a situação”.

Da mesma forma, a declaração recorda as discussões realizadas na cimeira do G20 em Bali, no ano passado, e cita como então as resoluções adotadas no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a guerra na Ucrânia, recordando que todos os países “devem agir em conformidade” com os princípios da ONU.

Em 2022, o comunicado da cimeira do G20 em Bali incluía um parágrafo em que a maioria dos membros “condenava veementemente a guerra na Ucrânia” e sublinhava que o conflito “está a causar imenso sofrimento humano e a agravar as fragilidades existentes na economia global”.

O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, disse que, apesar de ser menos duro do que em 2022, o documento da cimeira inclui “uma série de parágrafos significativos” sobre a guerra na Ucrânia.

“Na nossa opinião, o documento faz um bom trabalho ao apoiar o princípio de que os Estados não podem usar a força para violar a integridade territorial de outros”, disse Sullivan, em declarações aos jornalistas em Nova Deli.

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, anunciou este sábado um consenso no G20 sobre a declaração da cimeira de Nova Deli, apesar da fragmentação do grupo em questões como a guerra na Ucrânia e a reestruturação da dívida.

“Graças ao trabalho árduo das nossas equipas e ao vosso apoio, surgiu um consenso sobre a declaração da Cimeira dos chefes de Estado e de Governo do G20 em Nova Deli”, afirmou Modi, citado pelas agências AFP e EFE.

O G20 reúne as 19 economias mais desenvolvidas ou emergentes e a União Europeia.

A União Africana passou a integrar o grupo desde este sábado, não tendo sido ainda mencionada a alteração do nome para G21.

A obtenção de um consenso no G20 tem-se tornado cada vez mais complexa nos últimos anos.

Os membros do grupo têm divergido sobretudo sobre a posição a adotar face à invasão da Ucrânia pela Rússia e sobre o financiamento necessário para a adaptação às alterações climáticas.