Passava pouco das 8h30 da manhã quando a polícia de Londres foi chamada a Croydon, no Reino Unido, para assistir uma adolescente de 15 anos que tinha acabado de ser esfaqueada à porta do autocarro, quando se dirigia para a escola.

O autocarro 60, onde a jovem — identificada como Elyanna — seguia, ficou vazio em segundos, e uma tenda foi montada na estrada de Wellesly, junto ao centro comercial Whitgift. Apesar de todos os esforços, os paramédicos não conseguiram salvar a adolescente e o óbito foi declarado no local, cerca de 40 minutos depois,tornando-se na 16.ª jovem assassinada na capital britânica em nove meses.

Às 9h45, a polícia londrina já tinha detido o primeiro suspeito do crime: um adolescente de 17 anos que pensam conhecer a vítima. No entanto, as autoridades revelaram que vão manter um perímetro de segurança à volta da cena do crime, enquanto a investigação continua.

Os nossos primeiros pensamentos vão para a família da jovem, que acabou de lidar com notícias trágicas. Os nossos agentes estão com os familiares para os apoiar. Eu estou em contacto com os residentes, que estão tão preocupados quanto nós com este incidente”, disse Andy Brittain, superintendente-chefe da polícia de Londres, numa conferência de imprensa, citado pelo comunicado no site oficial.

O superintendente-chefe disse ainda que os agentes estiveram no local “a fornecer os primeiros socorros e apoio aos paramédicos” e que trabalharam para “localizar o jovem relacionado com o esfaqueamento”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Além das centenas de flores que agora enchem o local onde tudo aconteceu, está uma tenda, três viaturas da polícia, um cão-polícia e ainda o autocarro onde a jovem seguia.

De acordo com o publicado pelo jornal The Telegraph, Elyanna discutiu com o jovem, que estava “vestido de preto”, e este decidiu atacá-la quando ela recusou as flores.

“Ele deu-lhe flores e ela deitou-as fora. As amigas dela dispersaram quando ela caiu. Depois disso, o adolescente aparentemente esfaqueou-a, o sangue jorrou e a polícia tentou estancá-lo”, contou Chevanice Thomas, residente em Croydon, que disse que a amiga testemunhou a tragédia. No local, a polícia recolheu as tais flores e uma nota, como potenciais provas do crime.

A amiga em questão foi quem comunicou a todo o autocarro o que tinha acontecido: “Essa é a minha melhor amiga”, gritou, enquanto tentava passar pelas pessoas, para chegar a Elyanna.

Depois disso, terá entrado pelo Leonardo Hotel, localizado na mesma estrada, e ido direta ao sítio onde estavam as toalhas. “Um dos nossos gerentes já tinha ido para perto do autocarro, quando ela entrou a gritar e a agarras as toalhas que estavam na dispensa”, recordou Beldine Kutima, uma das funcionárias.

“Ela correu lá para fora com sacos do lixo e toalhas. Estava a chorar do choque”, relatou.

Apesar de a amiga não ter conseguido salvar Elyanna, foi a tempo de se despedir dela. Já os pais da adolescente de 15 anos, descrita como “absolutamente incrível, muito articulada e com um grande futuro pela frente”, não tiveram a mesma sorte.

Eles não conseguiram dizer adeus. Estão em choque e devastados. Não parece real para eles”, revelou James Watkins, funcionário de um estabelecimento das redondezas, acrescentado que os amigos da vítima informaram logo os pais do sucedido.

Andrew Brown, colega da mãe de Elyanna, foi notificado do que tinha acontecido à jovem por um outro funcionário, que passava pela estrada quando tudo se desenrolou. Dirigiu-se imediatamente ao local e ligou à mãe da vítima quando já era tarde demais.

“Estava apenas a tentar que fizesse inversão de marcha e voltasse para Croydon. Felizmente, não tive de lhe dizer que a filha dela estava a morrer, mas contei-lhe para estacionar o carro com calma e em segurança. Depois, a polícia foi lá buscá-la e trouxe-a para cá”, disse.

Desde o início do ano, já foram mortos 16 adolescentes em Londres, 13 por esfaqueamento. O último aconteceu apenas há uma semana, a 2o de setembro.

O presidente da câmara de Londres, Sadiq Khan, também já reagiu à notícia, dizendo estar “de coração partido” com o sucedido. “Os meus pensamentos e orações estão com a família e amigos da jovem e com toda a comunidade, nesta altura difícil e inimaginável. Já foi feita uma detenção e estou em contacto com as autoridades”, declarou.

“Prometo continuar a trabalhar dia e noite para acabar com o flagelo do esfaqueamento na nossa cidade”, rematou.

Notícia atualizada às 10h40 do dia 28 de setembro, com informações acerca da identidade da vítima, a idade do suspeito e detalhes do crime, nomeadamente a oferta de flores e a reação da família e amigos.