A oposição interna à direção de Inês Sousa Real está contra o acordo de incidência parlamentar assinado entre Miguel Albuquerque e o PAN. Vários membros do movimento Mais PAN, do qual faz parte o ex-deputado Nelson Silva, assinaram um comunicado em que asseguram que a comissão política do PAN “não foi envolvida na discussão e ratificação” do entendimento e acusam a líder nacional e a deputada eleita na Madeira de “vincularem abusivamente” o partido.

Os militantes do PAN descrevem o acordo como uma “bóia de salvação de um Governo regional nepotista, opaco e conservador do status quo regional”, assegurando que o mesmo é “mais benéfico” para o Executivo regional do que para o partido. Os desalinhados com a direção nacional estão apreensivos quanto ao “real benefício de tal acordo para os madeirenses, portosantenses e para o partido”.

Ainda que assumam que voltar a conseguir sentar o PAN no Parlamento da Madeira foi um “bom resultado eleitoral”, os membros do Mais PAN consideram que o acordo suscita “muitas dúvidas sobre o real papel e a pertinência do PAN no quadro parlamentar da Madeira na legislatura”.

No comunicado, os militantes escrevem que a Comissão Política Nacional (CPN), que tem a “competência estatutária para validar acordos políticos”, “não foi convocada” para discutir e deliberar sobre o assunto e vão além para referir que também a Comissão Política Regional da Madeira ficou de fora. “O acordo PSD/CDS/PAN foi “cozinhado” à porta fechada, envolvendo meia dúzia de apaniguados da porta-voz nacional do PAN que assim, de forma abusiva, porque não estavam mandatados para tal pelos órgãos competentes vinculam o PAN a este acordo”, apontam os militantes do PAN, apontando que só “um dia após a apresentação pública do acordo é que a CPN vai discutir o mesmo”.

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Relativamente ao acordo em si, o Mais PAN refere que é “limitado na sua abrangência ambiental e social e impreciso nos compromissos” e “pouco ambicioso na defesa da ecologia do arquipélago e no investimento em política social”. “O PAN está a preço de saldo”, resume o comunicado.

Além de os opositores da direção de Sousa Real considerarem que este acordo dá “fôlego a um governo que reina no arquipélago há 47 anos”, também criticam o facto de não ser identificada “nenhuma medida estrutural”, apenas “medidazinhas avulsas e conjunturais”.

Ainda sobre Joaquim Sousa, que foi afastado de cabeça de lista e substituído por Mónica Freitas devido a uma guerra interna no PAN, o Mais PAN aponta para “irregularidades processuais na alteração da lista” e destaca uma “demissão pela televisão, feita por alguém que não tem competência para o fazer”.

Mónica Freitas, questionada à saída da reunião com o representante da República, recordou declarações de Joaquim Sousa para justificar a ausência: “O próprio afastou-se desde antes da campanha eleitoral no âmbito da substituição. O bom senso há-de reinar, se uma pessoa está afastada destas questões é normal que não seja convocado.”

No mesmo sentido, a deputada regional do PAN confirmou ainda que Joaquim Sousa continua a ser porta-voz, mas garantiu que estão em causa questões internas que “estão a ser tratadas há algum tempo”, sublinhando que é “um período de transição que está a ser resolvido”.

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