Longe de ser consensual, o acordo entre o PSD-Madeira e o PAN começa a receber alguns reparos de viva voz dentro da família social democrata. O vice-presidente da bancada do PSD, João Moura — que é também presidente da distrital de Santarém –, alertou, na reunião do grupo parlamentar desta quinta-feira, para os riscos que esta coligação pode ter para a imagem do partido a nível nacional, sobretudo em distritos mais rurais. O reparo mereceu resposta da deputada madeirense, Sara Madruga da Costa.

Ao que apurou o Observador, na reunião da bancada, João Moura puxou dos galões de vice-presidente do grupo para a área da agricultura para dizer que “o PAN não passará“, alertando para “os riscos” que pode trazer ao PSD nacional essa associação. O também presidente da distrital social democrata de Santarém manifestou preocupação sobre como esta aliança entre os dois partidos pode ser interpretada em territórios mais rurais, onde o voto dos agricultores é importante e onde as touradas são ainda uma realidade.

Ao Observador, João Moura reconhece “o que aconteceu na Madeira é muito específico” e avisa: “Não pode existir uma extrapolação nacional deste acordo”. “Em território nacional há linhas vermelhas. Não há negociação possível“, argumenta.

Depois da intervenção de Moura, descrito por outros deputados como “uma análise pacifica”, a madeirense Sara Madruga da Costa pediu a palavra para lembrar que “o PSD-Madeira tem autonomia para saber com quem se coliga”.

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Montenegro deixou encontro com PróToiro fora da agenda

Pelos relatos recolhidos pelo Observador, o presidente do grupo parlamentar, Joaquim Miranda Sarmento não interveio nesta troca de argumentos, segundo foi possível apurar, João Moura terá colhido apoio de outros deputados oriundos de territórios mais rurais, que vêm nesta parceria um risco para o futuro.

Ainda recentemente, o presidente do PSD, Luís Montenegro, almoçou com os responsáveis na associação PróToiro na semana dedicada ao distrito ribatejano. No entanto, o líder social-democrata manteve esse almoço fora da agenda oficial do “Sentir Portugal”, tendo mais tarde sido divulgadas fotografias do almoço e também de Luís Montenegro a assistir a uma exibição do Grupo de Forcados Amadores do Aposento da Chamusca.

O presidente do partido tem-se refugiado na autonomia do PSD da Madeira para não classificar a opção de Miguel Albuquerque. O líder da coligação “Somos Madeira” referiu esta quarta-feira em entrevista à RTP que um acordo com a Iniciativa Liberal nunca esteve em cima da mesa, apesar de ter circulado que Montenegro e Rui Rocha chegaram a trocar telefonemas. Nuno Melo, o líder do CDS — o outro parceiro de coligação –, admitiu que preferia uma parceria com os liberais.

Já esta quarta-feira, nas declarações políticas no Parlamento, Sara Madruga da Costa defendeu que “estão reunidas todas as condições para que o acordo parlamentar seja de sucesso”, tendo recebido muitos aplausos dos colegas de bancada na defesa da “vitória avassaladora e categórica” do PSD na Madeira.

Depois de PAN e de PS terem entrado num “bate boca” no Parlamento, Eurico Brilhante Dias, líder parlamentar socialista, preferiu não responder à pergunta sobre a confiabilidade do PAN — o partido ajuda a viabilizar os Orçamentos do Estado desde 2019. No PAN esta associação entre os dois partidos tem merecido duras críticas, não só a partir da Madeira, mas também a partir de Lisboa, com o antigo líder do partido, André Silva, a falar em “autêntica fraude política“.

Albuquerque acredita que acordo com PAN vai durar os quatro anos e diz que Iniciativa Liberal nunca foi opção