Dez vitórias consecutivas e uma 11.ª que parecia ser a mais fácil mas que acabou por não acontecer. Numa fase em que o Al Nassr andava em piloto automático a superar todos os compromissos que tinha pela frente entre Liga saudita e Champions asiática, a receção ao Abha parecia ir no mesmo caminho perante a vantagem de dois golos na meia hora inicial que acabou depois por dissipar-se com o empate nos descontos que voltou a aumentar o atraso em relação ao primeiro lugar. Agora, voltava a competição e com essa nota do triunfo do Al Hilal de Jorge Jesus pela margem mínima frente ao Al Khaleej que deixava o Al Nassr à condição a sete pontos da liderança. E voltava Cristiano Ronaldo, motivado por mais dois jogos a marcar pela Seleção e muito elogiado pelo técnico Luís Castro, numa entrevista ao jornal Marca que foi publicada este sábado.

Ronaldo chega aos 40 golos num ano civil pela 13.ª vez (e já está à frente de Haaland e Mbappé aos 38 anos)

“O Cristiano sabe que está viver os últimos momentos da carreira, então nada melhor do que desfrutar. Nada melhor do que ser feliz porque os últimos pensamentos nos últimos momentos de uma carreira são aqueles que muitas vezes ficam contigo até o fim da vida. Ok, terás sempre a Bola de Ouro, ter sido o melhor do mundo, ser o maior goleador da Liga dos Campeões, o Campeonato da Europa… Tudo isso ficará com o Cristiano para sempre, mas os últimos momentos surgem de uma forma especial. Dá-me muito gosto ser treinador de um jogador que, apesar da idade, gosta de futebol, gosta de treinar, gosta dos companheiros… É uma referência para todos os companheiros. É o maior exemplo de êxito mundial a nível de rigor, trabalho e disciplina. É um exemplo para todos. Não precisa que ninguém lhe exija nada, ele é exigente consigo próprio. Dá-nos rigor, disciplina, máxima exigência, quer ganhar sempre, quer brilhar aos olhos do mundo”, destacou o técnico que trocou este verão o líder Botafogo, do Brasil, pelos sauditas do Al Nassr.

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“Existem quatro dimensões de desempenho: tático, técnico, físico e psicológico. O que é mais importante para mim é o psicológico. O mental. O jogador pode ser bom tecnicamente, pode ser bom fisicamente, mas se não estiver mentalmente bem não se sentirá feliz, não detetará espaços, não verá o jogo e poderá não ver o mundo que existe dentro de um campo de futebol. O Cristiano está passar por um momento muito feliz, sente que está a passar por um momento bom na carreira e está a desfrutar. Mundial de 2026? Ele é um homem de convicções, de objetivos. Qualquer coisa pode acontecer. Vejo-o muito feliz, dedicado ao seu trabalho. Chama-me a atenção o facto de conhecer todos os caminhos: o caminho para o estádio, o caminho para o treino, o caminho para o campo, o caminho para o golo, o caminho para ser feliz…”, salientou.

Luís Castro fez uma descrição pormenorizada de tudo aquilo que Ronaldo é hoje, aos 38 anos. Os tempos em que era um miúdo que conseguia sentar qualquer adversário a partir dos corredores laterais passaram, os tempos em que se tornou graúdo a competir contra os melhores da Europa em Espanha, em Inglaterra e em Itália também, mas nem por isso o avançado perdeu a vontade de ganhar, de marcar, de mostrar ao mundo que para ele não há impossíveis. E foi isso que voltou a acontecer em campo, num estádio que lhe rendeu nova homenagem com a imagem de um super-herói que ultrapassou os 200 jogos por Portugal.

A primeira parte foi tudo aquilo que o Al Nassr não queria e não tinha feito nos últimos encontros antes da paragem para as seleções. Ronaldo ainda teve um golo anulado logo aos quatro minutos mas o Damac, que ocupa a décima posição na Liga, trazia a lição bem estudada, não só na forma como ia travando as grandes estrelas do ataque da equipa de Riade mas também na maneira como conseguia lançar transições que iam criando perigo junto da baliza de Raghed Al-Najjar. A primeira não deu golo, a segunda também não, à terceira foi de vez: na sequência de um lance em que Ronaldo ficou a protestar uma falta à entrada da área, N’koudou concluiu da melhor forma um contra-ataque e fez o 1-0 em cima do intervalo (45+2′).

Sem margem de erro, a formação de Luís Castro teria de mostrar algo mais no recomeço da partida e aquilo que não estava a sair na bola corrida acabou por chegar de bola parada em menos de 15 minutos: Ronaldo teve um primeiro livre direto que passou a rasar o poste, Talisca fez o empate num livre mais descaído para a esquerda que parecia ao jeito do português mas surpreendeu Moustapha Zeghba (52′) e o inevitável capitão da Seleção assinou a reviravolta também de livre direto mais descaído sobre a direita com a bola a passar por cima da barreira (56′). O “susto” inicial estava superado, as características da partida iriam mudar mas a vitória estava carimbada, com o português a fazer o 41.º golo do ano e o 860.º da carreira que permitiu voltar a ficar à frente de Haaland em 2023 com aquele que foi também o seu 61.º livre direto.