É um dos grandes clássicos do futebol italiano, foi moldando as suas bases ao longo do tempo pela própria forma como estão no futebol italiano. Durante largas épocas em que a Juventus foi criando uma hegemonia sem precedentes, uma deslocação da Vecchia Signora a San Siro colocava os bianconeri como favoritos até pela crise de identidade que os rossoneri foram atravessando; nos últimos anos, que coincidiram não só com a quebra do conjunto de Turim mas também com a quebra do jejum de títulos do AC Milan, era a equipa da casa que surgia na frente. Mais uma vez, era assim que chegava mais um duelo entre os rivais do Norte do país e com esse ponto extra de interesse de perceber se o conjunto de Milão conseguia regressar à liderança (partilhada ou isolada) da Serie A depois da vitória do Inter no início da jornada com o Torino.

Inter Milão na liderança provisória da Serie A após vitória sobre Torino

Apesar da pesada goleada sofrida no dérbi de Milão com o Inter (5-1), o AC Milan, reforçado com nomes que têm conseguido ajudar de forma real a equipa como Pulisic, Loftus-Cheek, Reijnders, Chukwueze ou Yunus Musah, entre outros, chegava com uma campanha quase perfeita na prova com sete vitórias em oito jogos com apenas três golos sofridos nessas partidas. Já a Juventus, com um mercado bem mais modesto do que era normal, seguia na quarta posição perto do topo mas a mostrar duas facetas entre o melhor e o pior que a tornavam bem mais imprevisível neste tipo de duelos grandes com essa “vantagem” de, na presente época, não estar preocupado com a questão do desgaste tendo em conta que está fora das provas europeias. O que poderia fazer a diferença entre coletivos fortes? A capacidade individual dos jogadores mais virtuosos.

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Ainda antes do início do jogo, Rafael Leão recebeu o prémio de MVP da Serie A no mês de setembro, batendo a concorrência de Lautaro Martínez, Di Lorenzo, Berardi, Chiesa e Colpani com três golos e ainda mais duas assistências em cinco encontro realizados. No entanto, o avançado continuava a não ser unânime, como se viu numa entrevista do velho mestre Arrigo Sacchi à Gazzetta dello Sport. “Comigo, Leão iria para o banco. Não jogava. O futebol joga-se com 11, todos têm de correr e ter posição em campo. Antes de contratar um jogador, eu olhava para a pessoa. Se não nascemos com um determinado temperamento, é difícil adquiri-lo”, referiu o antigo bicampeão europeu pelo AC Milan que foi também selecionador de Itália. A ideia estava correta, o destinatário nem por isso. E se o português foi um dos melhores da equipa da casa dando tudo com e sem bola, um erro de principiante de Malick Thiaw deitou por terra toda a estratégia.

Com Reijnders a jogar um pouco mais avançado no terreno com Pulisic na direita e Rafael Leão à esquerda no apoio a Giroud, o AC Milan teve um início melhor com uma grande oportunidade travada por Szczesny, em mais uma arrancada do avançado português a deixar por terra Gatti antes de assistir Giroud para o toque desviado pelo polaco para canto (14′). Ficava uma ameaça inicial à baliza da Juve mas que acabaria por não ter continuidade imediata, sendo mesmo Kostic a ter a situação seguinte de perigo com um remate de fora da área que passou perto do poste de Mirante (23′). O intervalo iria chegar mesmo sem golos, entre mais um ameaça deixada pelos bianconeri com Adrien Rabiot a falhar por pouco o alvo de pé esquerdo (34′), mas com um cartão vermelho a Malick Thiaw, numa falta onde não teve o jogo de cintura para travar o movimento de Moise Kean sem fazer falta, que deixou os rossoneri reduzidos a dez unidades aos 40′. Rafael Leão, depois de mais uma tentativa de Moise Kean, também apareceu no remate mas sem sucesso.

No recomeço, Rafael Leão continuou a tentar remar contra a maré, muitas vezes sem o apoio necessário para desequilibrar na frente numa manta que se estava a tornar curta, e acabou por ser a Juventus a chegar à vantagem no marcador, com Locatelli a receber uma assistência de Timothy Weah (que foi também um dos destaques num palco como San Siro onde tantas vezes o pai George foi herói) para fazer o 1-0 com um remate de fora da área (63′). Se jogando com mais um a Vecchia Signora estava na sua zona de conforto, na frente ainda adensou essa condição e a vantagem mínima acabou mesmo por prolongar-se até ao final apesar de mais uma boa oportunidade de Leão na área que voltou a não bater a resistência de Szczesny.