Apesar da chuva, centenas de manifestantes protestaram na quinta-feira, pelo quarto dia consecutivo, nas principais ruas da Cidade do Panamá contra a extensão da exploração na maior mina de cobre da América Central.

Trabalhadores, professores, grupos indígenas e estudantes voltaram a protestar contra o contrato assinado na passada sexta-feira pelo Presidente do Panamá, Laurentino Cortizo, com a empresa Minera Panamá.

Em março, o Governo e a empresa, uma subsidiária da mineradora canadiana First Quantum Minerals, chegaram a acordo sobre um contrato de concessão, por 20 anos e prorrogável, para a exploração da mina Cobre Panamá.

Este país não está à venda” ou “Minera, não te amamos” faziam parte dos gritos de centenas de manifestantes, a maioria dos quais jovens, que avançaram hoje pela orla marítima da capital até ao centro histórico.

A marcha terminou com confrontos com a polícia e o lançamento de gás lacrimogéneo por parte da tropa de choque, abrigada atrás de grandes cercas que protegiam os edifícios do Governo do Panamá e o palácio presidencial.

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O contrato, rejeitado por ambientalistas e sindicatos, tem gerado protestos e bloqueios nas principais estradas do país, afetando a economia, com perdas estimadas entre 60 e 90 milhões de dólares (entre 56,8 e 85,2 milhões de euros), segundo as confederações empresariais.

Os sindicatos do transporte de carga do Panamá decidiram na quinta-feira “paralisar completamente” o serviço devido aos bloqueios na principal autoestrada e outras estradas do país.

O presidente da Câmara Nacional do Transportes de Carga panamiano, Roberto Araúz, disse à agência de notícias EFE que há “cerca de 900 camiões parados na autoestrada Panamericana”, que atravessa todo o país e o liga à América Central.

As manifestações intensificaram-se esta semana e até agora causaram ferimentos a 25 agentes policiais, a detenção de mais de 200 pessoas, assim como danos em 30 empresas e seis repartições do Estado, incluindo o Ministério da Economia e Finanças, de acordo com o último relatório policial.

Também na quinta-feira, a Câmara de Comércio, Indústrias e Agricultura do Panamá pediu ao Governo que “decrete o mais rapidamente possível uma moratória sobre a atribuição de concessões mineiras“.

A confederação empresarial apelou ainda ao fim da violência, dirigindo-se aos “cidadãos que escolhem a anarquia e geram confusão e incerteza”, referindo-se a atos de vandalismo que têm ocorrido na capital e noutras partes do país.

O Supremo Tribunal do Panamá revelou na quinta-feira que aceitou uma queixa sobre uma eventual inconstitucionalidade do contrato, apresentada por um advogado.

O mesmo tribunal já tinha em 2017 declarado inconstitucional o anterior contrato de concessão da mina Cobre Panamá.