A luta contra as pressões inflacionistas na zona euro obriga a manter as taxas de juro no nível elevado atual “por tempo suficiente“, afirmou esta sexta-feira Christine Lagarde, presidente do BCE, descartando que uma descida possa ocorrer “no próximo par de trimestres“.

Numa conferência organizada pelo Financial Times, a principal responsável pela política monetária na zona euro deu a entender que as taxas de juro não irão ser alteradas, pelo menos, antes do verão. Depois da subida rápida iniciada pelo BCE em julho de 2022, é preciso dar algum tempo para que a taxa de juro – que está em 4%, um nível assumidamente restritivo da atividade económica – produza o efeito de conter as pressões inflacionistas.

É por isso que não se prevê que haja uma descida “no próximo par de trimestres”, afirmou Lagarde, frisando que “tempo suficiente significa tempo suficiente“.

Os mercados de futuros de taxa de juro têm atribuído uma forte probabilidade de que até abril possa surgir a primeira descida das taxas de juro, numa altura em que a inflação dá sinais de estar a baixar e com o risco cada vez maior de haver uma recessão económica na zona euro. Mas Lagarde indica que uma eventual descida dos juros não irá acontecer nem no primeiro trimestre de 2024 nem no segundo trimestre – o que significa que essa decisão não deverá chegar, pelo menos, antes de julho.

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No início de outubro, os indicadores de mercado apontavam para uma probabilidade de apenas 30% a que o BCE pudesse baixar os juros em abril. Mas depois do início da guerra entre Israel e o Hamas e, também, depois de a inflação na zona euro baixar para 2,9%, os futuros de taxas de juro passaram a atribuir uma probabilidade maior a que as taxas de juro comecem a descer mais cedo (75% de probabilidade de uma descida em abril).

Christine Lagarde avisa, porém, que “não devemos assumir que esta leitura de 2,9% na inflação será algo que podemos tomar como dado adquirido”. “Mesmo que os preços da energia permaneçam onde estão, estamos preparados para ver um ressurgimento de números mais elevados na inflação no futuro próximo“, adiantou a presidente do BCE, sublinhando que “temos de estar preparados para isso”.

Quando podem descer as taxas de juro?