A Comissão Europeia divulga esta quarta-feira as previsões económicas de outono, que serão de um crescimento económico contido pelo contexto “desafiante” relacionado com as tensões geopolíticas, nomeadamente no Médio Oriente, sem se prever recessão.

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Estas projeções, que serão divulgadas pelas 11h (hora local, 10h em Bruxelas), deverão confirmar esta tendência de abrandamento do Produto Interno Bruto (PIB) este ano e de recuperação gradual em 2024, tanto na zona euro como na União Europeia (UE).

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A melhoria deverá também ser acompanhada por descidas na taxa de inflação, que tem vindo a baixar nos últimos meses após níveis históricos devido à reabertura da economia pós-pandemia de Covid-19, à crise energética e às consequências económicas da guerra da Ucrânia, mas ainda assim acima do objetivo de 2% fixado pelo Banco Central Europeu (BCE) para a estabilidade dos preços.

Numa altura em que o BCE estabiliza esta apertada política monetária, prevê-se uma descida dos preços que, juntamente com o esperado aumento dos salários, deverá fomentar a procura.

A divulgação surge depois de, na semana passada, a Comissão Europeia ter admitido que as tensões no Médio Oriente aumentam “os riscos e a incerteza” para as economias da União Europeia e zona euro, embora até agora o impacto tenha sido contido, enquanto o presidente do Eurogrupo rejeitou “uma recessão profunda”.

“Até agora, o impacto nos mercados da energia da tragédia no Médio Oriente, em Israel e em Gaza, tem sido contido, mas é claro que existe um risco para estes preços se houver uma escalada do conflito e, de qualquer modo, as novas tensões geopolíticas aumentam ainda mais os riscos e a incerteza”, declarou o comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni.

Falando em conferência de imprensa, em Bruxelas, após uma reunião dos ministros das Finanças do euro, o responsável assinalou que “as perspetivas a curto prazo são desafiantes”.

Também intervindo na ocasião, o presidente do Eurogrupo, Paschal Donohoe, admitiu que a economia da zona euro tem tido “alguma perda de dinamismo”, mas assegurou que “a zona euro continua a manter-se resistente e não há razões para esperar uma recessão profunda ou prolongada”.

Também na semana passada, em entrevista à Lusa, o diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI) para a Europa, Alfred Kammer, considerou que as tensões entre Israel e o grupo islamita Hamas, no Médio Oriente, têm um “impacto limitado” na atividade económica europeia, após pressões iniciais no setor energético, mas alertou para riscos inflacionistas.

Em meados de outubro, o preço do gás europeu voltou a subir, após uma tendência de descida pós-pandemia e pós-crise energética, devido aos receios de um conflito mais alargado no Médio Oriente, que podem colocar em risco os fluxos.

Nas previsões macroeconómicas de verão, divulgadas em meados de setembro, a Comissão Europeia divulgou que a atividade económica “muito fraca” na zona euro e na UE, que se deverá manter, motivou uma revisão em baixa das projeções para crescimento económico em 2024, para 1,3% e 1,4%.