O presidente do PSD insistiu, esta terça-feira, na colaboração entre os setores público, privado e social para resolver a crise na saúde, dizendo aos seus adversários políticos que “escusam de vir com o papão da privatização” nessa área.

“Escusam de vir com o papão da privatização do setor, isso não existe. O que existe é o interesse dos cidadãos. E isso estabelece-se precisamente criando uma contratualização entre o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e os operadores dos setores social e privado, para que eles também prestem o serviço público de dar a resposta necessária“, defendeu.

Luís Montenegro falava aos jornalistas após uma reunião na Ordem dos Médicos, em Lisboa, com o bastonário Carlos Cortes, altura em que propôs, caso seja eleito primeiro-ministro, a adoção imediata de um “programa de emergência” para que “as pessoas possam ter uma resposta cabal relativamente aos episódios de emergência que vão vivendo, no âmbito da medicina familiar, da recuperação do tempo mínimo para poderem ter uma intervenção cirúrgica e às vezes mesmo uma consulta”.

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O líder do PSD lamentou o “estado lastimoso a que chegou o SNS” e avisou para o problema da dificuldade de retenção de recursos humanos.

“Sobre esse aspeto tenho vindo a alertar o país para a necessidade de abandonarmos posições políticas de teimosia ideológica e nos concentrarmos efetivamente no interesse do cidadão”, insistiu.

Quanto ao acordo intercalar entre Governo e o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) para um aumento dos salários em janeiro de 2024 e que não mereceu o acordo da Federação Nacional dos Médicos (Fnam), Montenegro lembrou que já tinha afirmado que “era melhor ter acordo do que não ter”, mas que “não era isso que ia resolver o problema estrutural do SNS, que é a retenção de recursos humanos”.

Também o bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, alertou que os problemas do SNS não se limitam à remuneração destes profissionais de saúde, chamando a atenção para as condições de trabalho.

O bastonário mostrou-se ainda preocupado com o facto de o mês de dezembro ser um período de maior frio, “que tem impacto na saúde das pessoas”, com mais cidadãos a recorrer aos serviços de urgência e acusou o Ministério da Saúde de ter “falhado completamente” ao não apresentar um plano para os meses de Inverno.

“Infelizmente, esse plano mesmo agora já vai tarde porque já devia ter sido definido, decidido. Sabemos destas dificuldades deste setembro, outubro, todos nós sabíamos que ia ser um mês de frio, acontece todos os anos. Mas pelos vistos o Ministro da Saúde desconhecia tudo isto e neste momento estamos perante uma situação de uma enorme gravidade”, criticou.