Depois de muitas hesitações, o Grupo Toyota está a apostar decididamente – mas ainda não em exclusivo – na mobilidade eléctrica. Daí que no fórum Kenshiki deste ano todas as novidades fossem eléctricas, alimentadas por baterias ou por fuel cells, como forma de recuperar o tempo perdido pelo anterior CEO, que teimava em dar um passo à frente e, logo de seguida, outro atrás. Com o objetivo de atingir a neutralidade carbónica no Japão em 2050 e na Europa 10 anos antes, a Toyota vai colocar no mercado 15 veículos com zero emissões em pouco mais de dois anos, ou seja, até 2026.

Toyota lança B-SUV eléctrico em 2024 para enfrentar Volvo EX30 e Smart #1

Além da versão definitiva do Urban SUV Concept, que será o primeiro a ser comercializado durante 2024, depois de ser revelado logo no início do ano e de que já aqui escrevemos, a Toyota prepara um outro modelo igualmente pequeno, mas mais desportivo, o FT-Se. Esta espécie de MR-2 (que também já aqui noticiámos) é assinada pela Gazoo Racing (GR), a equipa de competição do construtor japonês que este ano chamou a si os títulos de Campeã do Mundo nos campeonatos de Ralis (WRC), Resistência (WEC) e Rally-Raid (WRRC).

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Toyota vai avançar com este concorrente do Porsche Cayman

Mas nem só os automóveis e os SUV suportam a estratégia de crescimento da marca nipónica, uma vez que também as vendas dos veículos comerciais vão aumentar em cerca de 20%, com o objectivo de atingir 140.000 unidades em 2023. Com a Toyota a ambicionar alcançar a 6.ª posição no ranking dos que mais furgões vendem em 2025, a colaboração com a Stellantis vai ser reforçada, grupo que fabrica os comerciais que a Toyota comercializa, além dos que envergam os emblemas Peugeot, Citroën, Opel e Fiat.

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À marca japonesa, que já propõe aos seus clientes o furgão compacto Proace City e o médio Proace, ainda fazia falta um furgão de grandes dimensões (Proace Max), o que vai acontecer em 2024. Este estará disponível com três comprimentos, três alturas e, à semelhança das restantes versões, pode ser equipado com motor eléctrico, além de oferecer as tradicionais mecânicas a gasóleo.

Sport Crossover é um eléctrico com base BYD

Um dos veículos mais interessantes que a Toyota revelou no Kenshiki é o protótipo que denominou Sport Crossover, uma espécie de berlina ligeiramente mais alta e volumosa, que não se aproxima do que habitualmente esperamos dos SUV, o que será uma vantagem em matéria de aerodinâmica, consumo e comportamento. Mas a característica mais curiosa deste modelo é que tem muito de BYD e vai ser fabricado na China, de onde será exportado para a Europa.

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O Sport Crossover, que será comercializado a partir de 2025, sairá da fábrica que a Toyota e a BYD possuem na China, gerida pela joint venture BYD Toyota EV Tech Co. Este não é o único eléctrico com emblema Toyota fabricado naquelas instalações (o bZ3 também é aí produzido), mas tudo indica que será o único destinado igualmente ao mercado europeu. O crossover utilizará baterias fornecidas pela BYD e a plataforma, que é específica para eléctricos, será provavelmente do fabricante chinês, uma vez que a Toyota só mais tarde começará a produzir veículos com plataformas não derivadas de modelos com motores de combustão.

Toyota FT-3e é o SUV em que a marca aposta tudo

Para o FT-3e, a Toyota reserva tudo o que tem vindo a desenvolver para veículos eléctricos, incluindo algumas soluções que ainda estão a anos de estarem prontas a ser fabricadas em série. Este SUV começa por exibir a nova linguagem estilística da marca, distinta da actual que foi introduzida com os novos Prius e C-HR, mas as novidades não ficam por aqui.

O FT-3e será produzido com recurso a máquinas de gigacasting, semelhantes às que a Tesla adquire aos italianos da IDRA, mas concebidas pela Toyota. O construtor japonês pretende utilizar uma solução similar às dos Model 3 e Y, que consiste em fabricar toda a plataforma com apenas três peças de grandes dimensões em alumínio da gigacasting, em vez de mais de 140 em chapa de aço moldada, que depois é necessário soldar entre si.

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Novo para a Toyota será igualmente um sistema eléctrico a 900V, o que permite reduzir a amperagem durante os carregamentos, colocando menos esforço (e aquecimento) sobre o circuito e as células da bateria. Para o FT-3e, a Toyota pretende ainda usar as baterias que está a desenvolver com a Panasonic. Estas são do tipo sólido, por não possuírem electrólito líquido, que é mais sensível ao aquecimento e que pode vazar e gerar incêndios, mas sim um sólido ou muito viscoso, capaz de suportar cargas mais potentes e dar origem a acumuladores com maior densidade energética, assegurando maior autonomia.

A Toyota acredita que o FT-3e poderá chegar ao mercado em 2026, ou quando as baterias estiverem prontas, uma vez que todos os fabricantes perseguem há mais de uma década esta tecnologia. Até agora, sem sucesso.