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O Papa Francisco aproveitou o seu discurso para falar dos impactos não de uma, não de duas, mas de três guerras que abalam o mundo atualmente. E, após ter feito diversos pedidos de cessar-fogo ao longo do tempo, especialmente desde 7 de outubro — dia em que o Hamas atacou Israel —, que não deram resultados, decidiu usar o elo mais fraco para chamar a atenção daqueles que podem “parar o turbilhão de violência”: as crianças.

“Sabem quantas crianças morreram em Gaza nesta última guerra?”, começou por perguntar o pontífice no discurso pré-escrito que, apesar de não ter sido lido, tendo sido depois entregue aos membros da Azione Cattolica, foi divulgado pelo Vaticano.

“Mais de 3.000. É incrível, mas é a realidade”, respondeu, citado pela Reuters. “E na Ucrânia são mais de 500. No Iémen, em anos de guerra, são milhares”, apontou o Papa Francisco.

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Papa pede que guerra se resolva pelo diálogo e não com “uma montanha de mortos”

O pontífice espera que “a sua memória” sirva para “sermos luzes para o mundo, a tocar o coração de muitas pessoas”. “Especialmente aquelas que podem parar o turbilhão de violência”, disse.

Na quarta-feira, a UNICEF disse que já morreram mais de 5.000 crianças na Faixa de Gaza e que milhares estão feridas. Além disso, há outras a sofrer indiretamente com os ataques do Hamas.

No mesmo dia em que o discurso do Papa Francisco foi divulgado, um porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), James Elder, revelou à Sky News que a situação humanitária em Gaza “está a piorar de dia para dia”, tendo reforçado que existe uma “grave ameaça de doença”, na sequência da chuva que se abateu sobre a região.

Sem saneamento, as pessoas da classe média — que antes tinham uma casa com três quartos e duas casas de banho — não têm sítio para ir à casa de banho, pelo que têm de encontrar um lugar”, apontou.

“O sistema de esgotos está avariado e, ao mesmo tempo, as crianças têm menos de um litro de água limpa e segura”, acrescentou ainda.

O responsável disse também que “as doenças estão a passar com a água” e que as pessoas “não podem ir aos hospitais, porque estes estão a tratar crianças com ferimentos de morteiro e amputações, pelo que sabem que não é um lugar para onde ir”.

A isto somam-se os bombardeamentos “implacáveis de Israel” e a ajuda insuficiente ao norte de Gaza. “Chegar ao norte é muito difícil, e agora há um milhão de crianças deslocadas. Só um cessar-fogo nos permite fazer chegar essa ajuda à escala necessária”, disse.

No Iémen, a situação é semelhante, tendo a UNICEF alertado em março que havia mais de 11 milhões de crianças a necessitar de ajuda humanitária.

“Mais de 540.000 crianças menores de cinco anos sofrem de subnutrição aguda grave, e uma criança morre a cada 10 minutos de causas preveníveis. Sem o apoio da UNICEF nesta complexa crise humanitária, as hipóteses de sobrevivência e desenvolvimento das crianças reduzem-se significativamente”, alertou a organização no comunicado.

Oito anos de guerra no Iémen deixaram 11 milhões de crianças na pobreza. Uma criança morre a cada 10 minutos