Pelo menos 19 pessoas morreram devido à violência durante as eleições gerais desta semana na República Democrática do Congo (RDCongo), anunciou esta quinta-feira o Centro Carter, sediado nos Estados Unidos, que enviou uma missão de observação às urnas.

Num relatório preliminar sobre a votação, a organização concluiu que “o período de campanha foi geralmente calmo”, embora se tenham registado “incidentes violentos à medida que se aproximava o dia das eleições”, em que o Presidente cessante Félix Tshisekedi concorre a um segundo mandato de cinco anos.

“Pelo menos 19 mortes, incluindo dois candidatos, foram atribuídas à violência relacionada com as eleições”, afirmou o Centro.

A missão concluiu que “as eleições foram competitivas e a participação dos cidadãos demonstrou um forte empenho na democracia”, mas “houve uma falta de confiança no processo, bem como lacunas na transparência”, especialmente no que diz respeito ao registo dos eleitores.

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O Centro Carter reconheceu que a Comissão Eleitoral Nacional Independente (CENI) fez “esforços significativos” para ultrapassar os desafios logísticos e de segurança e colocar nas assembleias de voto os materiais e pessoal necessários para a realização das eleições de 20 de dezembro.

No entanto, segundo o Centro, muitas assembleias de voto “abriram tarde ou não abriram de todo, o que levou a CENI a prolongar a votação para um segundo dia”.

O Centro exortou os cidadãos a aguardarem que a CENI anuncie os resultados e instou os líderes políticos a ajudarem a “promover a paz enquanto o apuramento dos resultados continua”.

Numa avaliação preliminar, a Missão de Observação Eleitoral da União Africana (AEOM) afirmou esta quinta-feira que “as eleições decorreram num ambiente relativamente calmo com desafios logísticos significativos”.

A missão, chefiada pelo antigo Presidente do Madagáscar, Hery Rajaonarimampianina, exortou as autoridades e os atores políticos a “conterem-se e a criarem um quadro para um diálogo político aberto e inclusivo, a fim de preservar a coesão nacional e a estabilidade política”.

Cerca de 44 milhões de pessoas foram chamadas a exercer o seu direito democrático em 75 mil assembleias de voto, que deveriam abrir entre as 06h00 e as 17h00 locais (o país tem dois fusos horários, com uma a duas horas de avanço em relação à hora de Lisboa) para votar nas eleições presidenciais, legislativas, provinciais e locais desta nação que faz fronteira com Angola.

Os atrasos deveram-se em grande parte à chegada tardia do material eleitoral às assembleias de voto deste país que tem mais de 100 milhões de habitantes, mas com infraestruturas deficientes em grande parte do seu território.

Perante o caos organizacional, cinco dos 19 candidatos presidenciais – incluindo o ginecologista e Prémio Nobel da Paz de 2018, Denis Mukwege, e o proeminente líder da oposição, Martin Fayulu – denunciaram “graves irregularidades” no dia das eleições de quarta-feira e exigiram a repetição do escrutínio.

As eleições realizaram-se também sob um conflito alimentado por dezenas de milícias e pelo exército no leste da RDCongo, e no meio de uma nova escalada de combates do Movimento 23 de março (M23) na província oriental do Kivu do Norte.

De acordo com o calendário eleitoral, os resultados das eleições presidenciais deverão ser publicados a 31 de dezembro, embora possam ser divulgados mais cedo se a contagem dos votos estiver concluída.