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Pelo menos 242 pessoas foram esta sexta-feira dadas como desaparecidas no centro do Japão, na sequência do sismo de segunda-feira, no qual foram registados 92 mortos, disseram as autoridades locais.

O balanço provisório anterior dava conta de 78 mortos e 51 desaparecidos, com as autoridades a alertar que o número de vítimas podia aumentar, uma vez que centenas de edifícios ficaram destruídos.

Anteriormente, um funcionário da prefeitura de Ishikawa, que não se quis identificar, falou à agência France-Presse (AFP) em “62 mortos” e disse que mais de 300 pessoas ficaram feridas, 20 das quais com gravidade.

A chuva dificultou as buscas efetuadas por milhares de membros do exército, dos bombeiros e polícias de todo o país.

A janela de 72 horas, considerada crucial para encontrar sobreviventes depois de uma catástrofe natural, fechou-se na quinta-feira, e o governador de Ishikawa, Hiroshi Hase, afirmou recear “uma queda brusca da taxa de sobrevivência de pessoas em risco”.

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Na quinta-feira, o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, considerou esta “a mais grave catástrofe” da era Reiwa, que começou em 2019 com a entronização do atual imperador Naruhito.

Uma série de abalos sísmicos que chegaram a atingir a magnitude de 7.6 atingiram a zona costeira de Ishikawa, no centro da ilha do Japão e na costa que dá para o Mar do Japão. Segundo as autoridades, pelo menos 92 pessoas morreram (a informação oficial inicial era de seis mortos). As equipas de socorro estão a enfrentar uma meteorologia desfavorável para o resgate das vítimas.

“A situação é muito difícil, mas (…) peço-vos que envidem todos os esforços para salvarem o maior número possível de vidas até à noite”, declarou o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida.

Ao longo das estradas, muito danificadas ou bloqueadas pela queda de árvores, grandes placas alertam para possíveis deslizamentos de terra.

As autoridades pedem cautela devido às fortes chuvas e às suas consequências em toda a península de Noto, na província de Ishikawa, uma longa e estreita faixa de terra que se estende até ao Mar do Japão.

“Estejam atentos a deslizamentos de terra”, alertou a Agência Meteorológica do Japão (JMA).

Wajima foi uma das localidades mais afetadas devido à proximidade do epicentro do sismo. Na cidade portuária, uma das mais atingidas, são ainda visíveis colunas de fumo, na sequência de um incêndio, ocorrido depois do abalo.

Inicialmente foi emitido um “alerta de grande tsunami” para a região que se estende a toda a costa, incluindo as zonas de Niigata, Toyama, Yamagata, Fukui e Hyogo, segundo a emissora nacional japonesa NHK. O Centro de Alerta de Tsunamis do Pacífico, com sede no Havai, descartou entretanto a hipótese de tsunami. “A ameaça de um tsunami foi em grande parte eliminada”, declarou a agência norte-americana. Também a agência meteorológica do Japão viria a reduzir todos os níveis de alerta de tsunami, para um nível amarelo que admite ondas até um metro de altura. O alerta esteve em vigor durante 18 horas, ao longo da costa ocidental das ilhas de Honshu e Hokkaido e do norte da ilha de Kyushu.

Apesar disso, os sismos tiveram consequências fortes em terra. Hayashis Yoshimasa, que tem a função equivalente a secretário de Estado adjunto, confirmou que vários edifícios colapsaram na sequência do abalo e disse também ter informação de estarem seis pessoas soterradas nos escombros, segundo relata o mesmo meio japonês.

Inicialmente foi noticiado pela imprensa local que um homem tinha morrido, na sequência do colapso de um edifício, mas as autoridades de Ishikawa reviram o número de mortos nos sismos em alta, para quatro mortos, naquele que foi o primeiro ponto de situação e, mais tarde, para seis. Agora são já 92 as vítimas mortais.

“Salvar vidas é a nossa prioridade e estamos a travar uma batalha contra o tempo”, disse o chefe do governo japonês, acrescentando que é “fundamental que as pessoas presas nas casas sejam resgatadas imediatamente”.

O Presidente sul-coreano enviou uma mensagem de condolências ao primeiro-ministro japonês pelas vítimas do terramoto. Yoon Suk-yeo ofereceu a ajuda de Seul para os trabalhos de recuperação da zona afetada e fez votos para que a população local possa regressar à vida normal rapidamente. Por seu turno, o cardeal-secretário de Estado, Pietro Parolin, num telegrama em nome do Papa, disse que “Francisco recebeu com profunda tristeza a notícia da perda de vidas e dos danos causados pelo terramoto na prefeitura de Ishikawa”.

Na sua mensagem, o Papa transmitiu também “a todos os afetados por esta catástrofe a sua solidariedade sincera e a sua proximidade espiritual”, rezando “especialmente pelos mortos, por aqueles que choram a sua perda e pelo resgate dos que ainda estão desaparecidos”. Francisco sublinhou também “o seu encorajamento às autoridades civis e ao pessoal de emergência na assistência às vítimas desta tragédia”.

O Governo português expressou na terça-feira “a mais sincera solidariedade” ao Japão, pelas vítimas do terramoto. Numa publicação na rede social X, João Gomes Cravinho expressou “a mais sincera solidariedade ao povo e às autoridades japonesas.

De acordo com o Ministério da Defesa japonês, cerca de mil residentes da cidade foram retirados, através de uma base militar, onde as tropas do 14.º Regimento Geral das Forças de Auto Defesa do Japão começaram a chegar para ajudar nas operações de salvamento no terreno.

Cinco vias rápidas chegaram a estar fechadas, algumas secções das linhas de comboios rápidos de Joetsu Shinkansen e Hokuriku Shinkansen estiveram suspensas e o aeroporto de Noto teve o tráfego encerrado. Haverá 33 mil casas sem eletricidade e as comunicações telefónicas estão interrompidas nas províncias de Ishikawa e Niigata.

Começaram a circular imagens de um incêndio que Hayashis Yoshimasa confirmou ter ocorrido na central nuclear de Shika, mas disse ter sido extinto sem causar qualquer impacto. Segundo o Japan Times, um outro incêndio que deflagrou na segunda-feira em Wajima já está sob controlo, mas as chamas terão destruído cerca de 200 edifícios.

O sismo atingiu, sobretudo, a província de Ishikawa, na costa norte do país e virada para o Mar do Japão, uma das 47 em que o Japão está dividido. A província foi atingida por várias centenas de réplicas – algumas também fortes – desde este terramoto e o tsunami que se seguiu na segunda-feira, que provocou ondas de mais de um metro que varreram muitos barcos, encalhados nos cais, ou as estradas à beira-mar.

Segundo a britânica Sky News, terão já sido sentidos no Japão 50 sismos, com magnitudes entre 3.1 e 7.6.  A maioria foi sentida na cidade Noto, na ponta da província e península de Ishikawa.

Milhares de edifícios na península foram total ou parcialmente destruídos pelo desastre e ainda podem ser destruídos por tremores secundários, tornando as operações de resgate delicadas. A cada alerta, as equipas de resgate devem se retirar dos escombros com urgência. Mais de 115 mil casas em Ishikawa e em outras duas províncias também estão privadas de água, informou o governo japonês.

Mais de 31.800 pessoas refugiaram-se em centros de alojamento instalados em diferentes aldeias, segundo as autoridades japonesas.

As quatro principais operadoras de telecomunicações do Japão – NTT Docomo, a KDDI, a Softbank e a Rakuten Mobile – estão a oferecer serviços de mensagem em situação de resgate, com o qual os utilizadores podem publicar o seu estado de segurança através de mensagens de texto enviadas para a internet e a informação pode ser consultada em smartphones, telemóveis e em computadores, explica a NHK. As operadoras de rede fixa NTT East e NTT West têm um serviço de mensagem de desastre, mas em voicemail e através do número 171, que pode ser utilizado através de telefones fixos ou telemóveis.

Um “grande alerta de tsunami” apenas acontece quando se esperam tsunamis com três metros ou mais. Este tipo de aviso não acontecia no Japão desde 2011. Em março desse ano, um sismo de magnitude 9,0 seguido por um tsunami na costa nordeste, causou quase 20 mil mortos e desaparecidos, desencadeando ainda o desastre nuclear de Fukushima, o mais grave desde Chernobyl (Ucrânia) em 1986. Segundo a estação de notícias as pessoas nas áreas referidas devem sair de lá rapidamente para zonas altas ou longe da costa. A notícia dá ainda conta de alguns tsunamis já foram observados nas cidades de Wajima, de Toyama e de Kashiwazaki com 1,2 metros, 80 centímetros e 40 centímetros, respetivamente, entre as 16h21 e as 16h36, depois do sismo, horas locais. A diferença horária entre Lisboa e o Japão é de nove horas, pelo que as 16h00 no Japão são 5h00 da manhã em Portugal continental.

Na publicação da NHK na rede social X é possível ver a zona da costa japonesa em alerta.

Segundo a agência Reuters, um tsunami com menos de um metro já terá atingido a costa este da Coreia do Sul, na sequência dos sismos no Japão. A agência meteorológica sul coreana alerta para o risco de novas e maiores ondas nas próximas. Na província de Gangwon, os residentes foram alertados pelas autoridades para se dirigirem para zonas altas. Em toda a costa leste, os residentes receberam avisos para se manterem afastados da linha costeira. Na Coreia do Norte foi emitido um alerta de tsunami para possíveis ondas com mais de dois metros nas linhas costeiras do país. A mensagem terá sido emitida numa estação de rádio e captada pela agência noticiosa sul-coreana Yonhap.

A empresa férrea Japan Railway Company tem a linha de Akita Shinkansen suspensa desde as 5h00 da tarde (hora local) e outras duas foram também paradas desde então sem se saber quando retomar o serviço.

A Agência Meteorológica Japonesa (JMA, na sigla em inglês) confirmou que o centro do Japão foi atingido por 155 sismos entre as 16h00 de segunda-feira (07h00 em Lisboa) e as 09h00 de terça-feira (meia-noite em Lisboa).

A maior parte dos sismos foram registados com magnitudes superiores a 3,0, incluindo seis novos tremores fortes, avançou a Agência Meteorológica Japonesa.

Os especialistas da agência tinham avisado que os tremores secundários vão continuar esta semana, sendo particularmente perigosos nos próximos dois ou três dias, durante os quais é provável que se repitam fortes tremores de magnitude sete ou superior.

Os sismólogos japoneses pediram aos residentes locais que estejam especialmente vigilantes.

No Japão, foram sentidos 11 abalos significativos entre as 16h06 e as 14h48 (horas locais), cujos mais fortes chegaram a registar uma magnitude de 7.6. O tremer da terra terá chegada a Tóquio, a 300 km de distância, onde prédios chegaram a abanar, acrescenta o jornal britânico The Guardian.

A autoridade japonesa que regulamenta a atividade nuclear já avisou que não foram registadas irregularidades nas centrais elétricas ao longo da costa do Mar do Mar do Japão. A mais próxima dos sismos seria a de Ishikawa, que tinha os seus dois reatores desligados antes do sismo para uma inspeção e, por isso, não sentiu o impacto.

Várias pessoas recorreram à rede social X para publicarem vídeos, nomeadamente, com as movimentações da água que se seguiram aos sismos e perante um alerta de tsunami. Este utilizador diz estar “pela primeira vez a ver um tsunami apavorante”.

Outro utilizador da referida rede social publicou um vídeo que diz ter sido filmado na ponte de Hagiura, na cidade de Toyama, e também regista a atividade da água que corre no rio. Ambos foram publicados no site da televisão indiana NDTV.

O Japão situa-se no chamado “anel de fogo do Pacífico”, zona de grande atividade sísmica e vulcânica, onde são registados milhares de sismos por ano, na maioria de magnitude fraca a moderada, e com perto de 120 vulcões ativos.