Francisco Assis é a escolha de Pedro Nuno Santos para encabeçar a lista de candidatos do PS no Porto nas próximas legislativas. O secretário-geral do partido chamou a si a escolha de todos os cabeças de lista do partido e colocou o maior crítico da geringonça por um território de peso, depois deste ter sido um dos primeiros apoiantes da sua candidatura à liderança do partido.

Segundo apurou o Observador, a decisão está tomada — o Público tinha noticiado a vontade do socialista a semana passada — e Assis será número um pelo círculo que em 2022 levou 19 deputados socialistas à Assembleia da República. Agora a conta está a ser feita por baixo, com dirigentes do partidos a considerarem “aceitável” a eleição de 14 a 16 deputados pelo Porto (em 2015, o PS conseguiu eleger apenas 14 deputados pelo Porto e em 2019 foram 17, sempre com Alexandre Quintanilha a cabeça de lista). Depois de uma maioria absoluta que agora consideram irrepetível, os socialistas têm feito estas contas com cautela e a ideia tem estado presente na cabeça dos líderes distritais que estão a trabalhar nas listas e que as votam nos próximos quatro dias, tal como contou o Observador.

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Assis já era um dos nomes apontado como possibilidade para candidato a presidente da Assembleia da República, caso o PS fique na posição de apresentar um candidato da sua bancada depois das eleições. Atualmente é o presidente do Conselho Económico e Social, mas no passado recente já assumiu a presidência do Parlamento como um cargo que o deixaria “feliz”. Em 2021, em entrevista ao Público, o socialista foi claro: “Quem valoriza o Parlamento como eu, se um dia lhe colocassem a questão de poder eventualmente ser Presidente da Assembleia da República, seria incompreensível que dissesse que era uma função que não gostaria de exercer. Era um absurdo, uma mentira, uma estultícia.”

Nessa mesma entrevista, e com as eleições de 2022 na calha, Assis recusava que essa fosse uma possibilidade  já que ninguém o tinha convidado para ser deputado “e para ser Presidente da Assembleia da República é preciso ser deputado“. O convite para deputado está, desta vez, feito.

A lista de candidatos pelo Porto ficará fechada no sábado, altura em que se reúne a Comissão Política Distrital para fazer essa votação. O secretário-geral tem, no entanto, a prerrogativa de apresentar 30% dos candidatos em lugares elegíveis em cada lista e a votação das listas completas acontecerá na próxima semana, na reunião da Comissão Política Nacional do PS. De qualquer forma, conforme apurou o Observador, as estruturas locais verão com bons olhos a escolha, descrita como “natural” e até uma forma de trazer “ganhos eleitorais” ao PS no Porto.

Se a liderança da lista do Porto está resolvida, subsistem ainda muitas dúvidas, como por exemplo o círculo pelo qual se candidatará o líder Pedro Nuno Santos. Natural de São João da Madeira, tem sido cabeça de lista por Aveiro nas últimas eleições. Aliás, em 2015 concorreu diretamente contra Luís Montenegro, hoje líder do PSD, que também era o cabeça de lista naquele círculo. Mas desta vez Montenegro irá por Lisboa e isso poderia transportar o duelo entre os dois para este círculo.

Em aberto, no PS, está também a integração dos nomes que estiveram ao lado de José Luís Carneiro nas últimas diretas. O atual ministro da Administração Interna é apontado como cabeça de lista provável por Braga, onde concorreu nas últimas legislativas e onde tem ligações fortes, no entanto, ao que o Observador apurou, nessa frente ainda se aguarda por uma conversa com Pedro Nuno sobre a elaboração das listas.