A metrópole do Rio de Janeiro, no sudeste do Brasil, registou em janeiro um pico diário de 362 pessoas internadas devido a casos prováveis de dengue, um recorde histórico, disse o secretário municipal da Saúde.

De acordo com a agência de notícias Agência Brasil, Daniel Soranz confirmou que este valor diário ultrapassou o anterior máximo, que remonta a 2008, e é o mais elevado desde que começou a recolha de dados, em 1974.

“Um aumento do número de casos sustentado ao longo do mês, com repercussões na rede assistencial é a caracterização de uma epidemia clássica. Então não há porque a gente não ligar o alerta e falar que é um cenário epidemiológico real. Estamos numa epidemia de dengue”, disse Soranz.

Em janeiro, o Rio do Janeiro registou cerca de 10 mil casos da doença, quase metade dos 22.959 casos durante todo o ano de 2023, o que representa uma taxa de incidência de 160,7 por 100 mil habitantes.

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Não foi até ao momento confirmado qualquer óbito por dengue em janeiro, embora haja três mortes que estão sob investigação.

A maior preocupação das autoridades é que a curva de casos, que tradicionalmente atinge o pico entre Março e Maio, possa ultrapassar epidemias anteriores.

“Nós provavelmente teremos um cenário pior em 2024”, admitiu o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes.

A Secretaria de Saúde da cidade atribui a subida do número de casos ao aumento da temperatura e à grande quantidade de chuva.

“No calor, o mosquito nasce com muito mais velocidade e o período de chuvas propicia a acumulação de água e mais focos de desenvolvimento do mosquito”, explicou Daniel Soranz.

O Brasil já registou mais de 217 mil casos prováveis de dengue este ano e poderá contabilizar até 4,2 milhões de casos até final de 2024, indicou na quinta-feira o Ministério da Saúde brasileiro.

No primeiro mês do ano foram já detetados 217.841 casos prováveis, 15 mortes confirmadas e 149 em investigação. O balanço anterior, que contabilizava as três primeiras semanas do ano, indicava que o país registou 12 mortos e 120.874 casos prováveis.

Em 2023, o Brasil registou mais de 1,6 milhões de casos da doença, mais de um quinto de todos os notificados no mundo, e 1.094 mortes, um recorde histórico.

O Governo brasileiro divulgou na quinta-feira a lista de cidades que vão receber uma vacina contra a dengue.

Ao todo, foram incluídas cerca de 500 cidades em 16 estados para a imunização, que num primeiro momento deverá dar prioridade a crianças e adolescentes com idade entre os 10 e os 14 anos, o grupo com maior incidência de internamentos pela doença.

O país prevê receber até 6,2 milhões de doses de uma vacina japonesa contra a dengue em 2024.

Porém, por se tratar de uma vacinação que requer duas doses de vacina, esse valor abrange apenas 3,1 milhões de pessoas e é insuficiente para enfrentar a atual explosão de casos.