Perto de 20 tratores entraram, esta quinta-feira, ao décimo dia de protestos de agricultores em Espanha, nas ruas do centro de Madrid e foram estacionados em frente do Ministério da Agricultura, onde também se concentraram mais de 200 pessoas.

A concentração terminou ao final da manhã, momento em que os tratores também foram retirados da frente do edifício do Ministério da Agricultura, para onde está prevista esta quinta-feira uma reunião entre as confederações do setor e o ministro Luis Planas.

Esta quinta-feira é o décimo dia consecutivo de protestos em Espanha contra políticas e regulamentos europeus para a agricultura, à semelhança do que tem acontecido noutros países.

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Os agricultores espanhóis queixam-se também, como noutros países, daquilo que consideram ser a concorrência desleal de produtos importados de fora da União Europeia (UE), argumentando que estes produtos estão sujeitos a menos exigências e regras de produção.

No décimo dia de manifestações, os protestos chegaram ao centro de Madrid, depois de apelos anteriores a mobilizações na capital espanhola não terem tido resposta.

Apesar do simbolismo do protesto em Madrid, as manifestações foram menos e de menor dimensão esta quinta-feira em Espanha, embora continue a haver registo de estradas cortadas em diversas regiões de forma intermitente.

As três grandes confederações de agricultores (Asaja – Associação Agrária Jovens Agricultores, UPA – União de Pequenos Agricultores e Ganadeiros e Coordenadora de COAG – Organizações de Agricultores e Ganadeiros) têm manifestações convocadas até ao final de fevereiro e foram chamadas esta quinta-feira para uma reunião no Ministério da Agricultura.

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Além das confederações, a associação União de Uniões (UDU) anunciou um calendário próprio de protestos, com destaque para uma “tratorada” (manifestação com tratores) em 21 de fevereiro em Madrid, em frente da sede do Ministério da Agricultura.

Tem também havido manifestações convocadas na internet, por plataformas informais, à margem das associações agrícolas.

O ministro da Agricultura, Luis Planas, que se vai reunir esta quinta-feira com as confederações agrícolas, já recebeu estas organizações em 2 de fevereiro.

Naquele dia, o ministro garantiu que o governo de Madrid só apoiará mudanças na Política Agrícola Comum (PAC) da UE que estejam “em linha” com os interesses dos agricultores espanhóis e reconheceu “a sucessiva acumulação” de regras e burocracia das normas europeias.

Luis Planas comprometeu-se a continuar a ouvir o setor e sobre os acordos comerciais da UE com outros países e regiões do mundo, prometendo “seguimento estrito” dos contingentes de importações.

O governo espanhol defende as designadas “cláusulas espelho” para as importações de países de fora da UE, ou seja, que se apliquem as mesmas regras e exigências aos produtos importados que se aplicam para a produção dentro do espaço europeu.

Espanha é o primeiro exportador da UE de frutas e legumes.

Os agricultores europeus, incluindo em Portugal, têm saído à rua nas últimas semanas para exigir a flexibilização da PAC e mais apoios para o setor.