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Grupo pró-palestiniano partiuam, esta segunda-feira de madrugada, diversos vidros do Ministério dos Negócios Estrangeiros em Lisboa, e pintaram o portão do edifício com a frase “Israel mata, Portugal apoia”.

Em comunicado, “um grupo de ativistas solidário com a resistência palestiniana e com o Coletivo pela Libertação da Palestina, o Climáximo e a Greve Estudantil de Lisboa” denunciou o que considera ser o “apoio do governo português e, particularmente, do Ministério dos Negócios Estrangeiros, a um projeto colonial que, há mais de 75 anos, tem por base a limpeza étnica do povo palestiniano“.

O grupo considera que nos últimos quatro meses “este apoio ficou ainda mais claro”, lembrando que, desde que o Hamas atacou Israel, o ministro João Gomes Cravinho foi “rápido a mostrar a sua solidariedade para com o regime sionista”. “Por várias vezes, defendeu o direito de Israel ‘se defender’, o ‘dever de solidariedade [de Portugal] para com Israel’ e sublinhou ‘a amizade entre Portugal e Israel'”, acrescentou.

Na nota, os elementos do grupo dão conta da frase e dos vidros partidos no Ministério dos Negócios Estrangeiros, uma informação confirmada pela PSP e pela GNR. Em declarações à Lusa, fonte da GNR confirmou que, pelas 3h, os oficiais que estavam no interior do edifício, a fazer a guarda, perceberam que tinham sido partidos vidros e pintada uma frase no portão. Ninguém foi detido e, agora, só recorrendo a imagens de videovigilância se poderá identificar os autores.

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Não era a primeira noite que tínhamos no local elementos do movimento a favor da Palestina“, contou a mesma fonte.

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Em comunicado, o grupo que reivindica a ação lembra que, mesmo quando, em janeiro, o Tribunal Penal Internacional aceitou pronunciar-se sobre a petição do governo da África do Sul em relação ao crime de apartheid cometido pelo regime sionista, “nunca o Governo português se manifestou apoiando essa queixa”.

“Pelo contrário, na mesma semana em que o processo se iniciou no tribunal de Haia, João Cravinho anunciou que o exército português participaria no ataque militar aos houthis, grupo iemenita que tem realizado várias ações de resistência em solidariedade com o povo palestiniano”, acrescenta.

Tribunal Penal Internacional “profundamente preocupado” com operação em Rafah

Os ativistas consideram ainda que, só no início de fevereiro, “quando já mais de 25 mil pessoas palestinianas tinham sido mortas na Faixa de Gaza e quase dois milhões tornadas refugiadas”, João Cravinho “esboçou, finalmente, o mais parecido” a uma crítica contra Israel, quando considerou que a atitude do país não era apenas de autodefesa. “A União Europeia não pode ser vista como cúmplice de abusos sistemáticos do direito internacional cometidos por Israel”, disse o governante no início deste mês.

Porém, o grupo afirmou que “mesmo quando tentou uma crítica”, João Gomes Cravinho “nada propôs mais do que o regime sionista afastar-se ‘de afirmações genocidárias’ feitas por membros do próprio governo”. “Afirmações essas que não são novas e sempre fizeram parte estrutural deste projeto colonial, mesmo antes do passado outubro. Palavras, apenas, não chegam”, salientou.

Esta segunda-feira, dia em que João Gomes Cravinho se reúne com outros ministros da União Europeia, os ativistas dizem que não aceitam “menos do que o boicote e a aplicação de sanções ao estado colonial sionista e o desinvestimento em todas as empresas cúmplices com a ocupação”.

Portugal diz que mantém apoio a solução de dois Estados após ação dos ativistas

Após a ação dos ativistas, o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Francisco André, disse que o ministro João Gomes Cravinho “terá a oportunidade de fazer comentários”, mas “sem deixar de recordar aquilo que tem sido o apoio de Portugal para a solução de dois Estados”, Israel e Palestina.

“E, em concreto, o apoio financeiro de Portugal, bastante visível, para a Agência das Nações Unidas que atua em Gaza, como todos sabemos”, rematou, remetendo mais comentários sobre o incidente para João Gomes Cravinho, que se encontra em Bruxelas para participar numa reunião com os chefes da diplomacia da União Europeia que vão debater, entre outros temas, as tensões no Mar Vermelho (com ataques a navios por parte dos houthis do Iémen).