No edifício que foi engolido pelas chamas esta quinta-feira em Valência, não soou qualquer alarme de incêndio. A maioria dos moradores foi alertada pelo barulho de outros a descerem as escadas a correr. Mas nem toda a gente teve como primeira reação fugir — um homem foi de porta em porta antes de se pôr a salvo, para avisar do perigo.

Tratava-se de Julián, o porteiro do prédio de 14 andares que, por volta das 17h30, foi devorado por um incêndio que levaria à morte de pelo menos quatro pessoas e ao desaparecimento de entre nove a 15.

Ele bateu de porta em porta ao maior número possível de pessoas. Encontrei-o nas escadas. Graças a ele muitas pessoas foram salvas”, contou o morador Manuel ao jornal Las Provincias.

“Um incêndio de ficção”. Os testemunhos dos moradores e vizinhos do prédio destruídos pelo fogo em Valência

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Os vizinhos dizem que foi fundamental, certamente salvou muitos”, acrescentou Amalia Correcher, a coordenadora de um dos centros que está a enviar ajuda às famílias.

Fotogaleria. As imagens do incêndio de Valência que destruiu um prédio de 14 andares

Também Manu Marlasca, morador do prédio que se incendiou, elogiou a atitude do porteiro. “Julián, apercebendo-se de que estava a começar a arder, foi praticamente de porta em porta para tirar todos e cada um dos moradores de lá“, relembrou ao jornal Telecinco. “Provavelmente, muitos moradores devem a Julián a sua vida.”

Jose Antonio, que foi avisado por Julián, referido por alguns vizinhos como “anjo da guarda”, também tem muito a agradecer-lhe. “Salvou-nos a vida, o alarme de incêndio não tocou”, disse à ABC.

Ainda não é conhecida a causa do incêndio, que foi dominado ao início da noite de quinta-feira e levou à destruição dos 138 apartamentos do prédio, onde viviam cerca de 500 pessoas, visto que se pensa que terá começado numa casa no quarto andar, que “não tinha instalação de gás” e pessoas a habitá-la.

Valência. O que se sabe e o que falta saber sobre o incêndio que destruiu prédio de 14 andares

“Não há instalação de gás, não sei qual pode ter sido a causa, não entendo. Neste apartamento não vivia ninguém”, explicou a administradora do edifício ao El País. “Fui avisada por um vizinho do prédio do lado que havia fogo na porta 86”, acrescentou.

A administradora disse ainda que o incêndio se alastrou de forma muito rápida, devido ao edifício ser revestido de poliuretano, um material altamente inflamável.