José Luis Ábalos, ex-ministro dos Transportes e do Fomento do partido socialista espanhol, abandonou esta segunda-feira a presidência da Comissão Parlamentar de Segurança Interna mas não entregou o seu mandato parlamentar, como o  PSOE tinha exigido que o fizesse, no prazo de 24 horas, avançou o El Mundo. Em causa está um caso de corrupção ligado à compra de máscaras faciais que levou à detenção de um ex-consultor de Ábalos.

A decisão foi tomada “por unanimidade” numa reunião do executivo na qual a porta-voz do partido, Esther Peña, considerou que o político espanhol é “o melhor exemplo de ortodoxia” e de “puro respeito pelo partido de que é membro há décadas”, pelo que está confiante de que “agirá em conformidade para o bem maior”.

Durante a manhã desta segunda-feira, o PSOE exigiu esta segunda-feira que José Luis Ábalos entregasse o seu mandato parlamentar no prazo de 24 horas: “Não nos erigimos em juízes nem somos procuradores, mas existe uma responsabilidade política”, argumentou o porta-voz do partido, depois de o partido ter, inicialmente, justificado que não podia tirar o lugar a José Luis Ábalos porque um membro da sua equipa estava a ser investigado.

Espanha. Escândalo de corrupção ligado à compra de máscaras atinge governo de Sánchez

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Também o primeiro-ministro espanhol se juntou, de forma implícita, à pressão pública para que o político espanhol renuncie ao seu mandato parlamentar: “Quero reafirmar que a luta contra a corrupção deve ser implacável, venha de onde vier e caia quem cair (…). Quem faz paga”, disse Pedro Sánchez no sábado num evento da Internacional Socialista.

Na terça-feira, um ex-consultor de José Luis Ábalos foi detido por suspeitas de ter recebido ‘luvas’ de 10 milhões de euros, em troca da compra de máscaras por parte do Estado espanhol, dinheiro que depois distribuiu por várias pessoas envolvidas no esquema. Ao todo, a Guardia Civil fez 20 detenções.

De acordo com o jornal El Confidencial, que noticiou os detalhes do esquema de corrupção, Koldo García (o consultor) aplicou o dinheiro gerado pelas ‘luvas’ na compra de propriedades imobiliárias.

Em causa está a cobrança de comissões ilegais na celebração de vários contratos para compra de máscaras faciais e material sanitário, destinados aos ministérios da Administração Interna, bem como às comunidades autónomas das Baleares e Canárias. A Procuradoria Anticorrupção e a Unidade Central Operativa da Guarda Civil suspeitam que Koldo García terá servido de intermediário nas negociações, cobrando avultadas comissões

Por sua vez, o próprio Ábalos disse desconhecer o esquema, que, garante, o deixou “estupefacto”. “Tenho dificuldade em acreditar, é um golpe, acho incrível”, disse o ex-ministro, acrescentando que todos os contratos “foram feitas através de mecanismos legais” e foram analisados pelo Tribunal de Contas. Ábalos garantiu também não ter mantido contacto com Koldo García desde o momento em que saiu do governo, em 2021.