A terra da avó Joaquina, Celorico de Basto, vai ter de esperar uma visita para depois das eleições e os curiosos de cenários pós-eleitorais também. Marcelo Rebelo de Sousa já votou antecipadamente  na sua faculdade, em Lisboa, e disse que após “quatro semanas de campanha” já se sentia “esclarecido” para votar. O Presidente da República fez um institucional apelo ao voto, mas não quis abrir o jogo sobre o que espera ou vai fazer após as eleições: “Não tenho que achar nada. Só acho depois do povo ter decidido.”

Mesmo para um Presidente habituado a achar tudo sobre tudo, o tempo é de recato. Ou perto disso. Se no sábado pediu ao Ministério Pública, por nota, “máximo rigor” e “prontidão de resultados”, este domingo tudo fez para não ter segundas leituras. O mais longe que foi, sem apelar diretamente à estabilidade, foi dizer que o “povo português tem demonstrado maturidade e sabedoria, antecipando em muitos casos aquilo que muitas vezes só se percebe no futuro”. Há aqui subjacente a ideia de uma decisão estável, mas é mais-que-velada até de zero a Marcelo.

O Presidente só não foi contido no apelo ao voto: “Queria apelar aos portugueses para virem votar. Os que ainda poderem votar hoje, que venham. Os que tiverem optado por votar no próprio dia, organizem o dia para votar.” E defendeu a importância de atacar a abstenção: “É importante numa democracia que celebra 50 anos, que não acompanhemos as democracias mais velhas que registam um aumento de abstenção em eleições que são, todas elas, muito importantes.”

Marcelo diz que campanha tem sido “muito esclarecedora” e elogia “comunicação social”

Numa altura em que os candidatos se queixam da comunicação social não passar debate de propostas, mas apenas combate político, o Presidente discorda e diz que achou “muito esclarecedor o tempo dos debates, o tempo anterior e posterior”, elogiando a “cobertura da comunicação social”, que considera ter sido “muito boa.” Para Marcelo a campanha — que tem oito dias oficiais — já tem quatro semanas, uma vez que inclui como início desta fase o início dos debates televisivos.

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Não tenho que achar nada. Só acho depois do povo ter decidido. Os portugueses vão votar e, naturalmente, ponderarão aquilo que é o significado do seu voto. O povo português tem demonstrado maturidade e sabedoria, antecipando em muitos casos aquilo que muitas vezes só se percebe no futuro. Não há razão para achar que será diferente”.

Questionado pelos jornalistas sobre o método de voto, Marcelo lembrou que em 2022 sugeriu que fosse “repensado o dia de reflexão”, já que na altura em que foi criado (após o 25 de Abril) vivia-se um tempo muito diferente: “As campanhas eram 21 dias, não era possível publicar sondagens no período de campanha eleitoral, mas isso é matéria da Assembleia da República”. O Presidente não avançou para o passo seguinte de dizer se achava bem ou mal a publicação de sondagens em período eleitoral, remetendo essa discussão para os partidos.

Sobre o voto eletrónico, Marcelo admitiu que houvesse reflexão sobre isso, a pensar “sobretudo nos emigrantes”, mas que “mesmo cá dentro, ponderar os prós e contras”, lembrando que já existem projetos-piloto.