O chefe de Estado-Maior do Exército (CEME) alertou esta terça-feira para a necessidade do “reforço de verbas” e “antecipação da execução” do previsto na Lei de Programação Militar (LPM) no setor da Artilharia face aos compromissos com a NATO e à conjuntura internacional.

“Nós temos previsto renovar alguns dos nossos equipamentos e adquirir outros equipamentos para a Artilharia de Campanha, são programas que necessitam de reforço de verbas em sede da LPM, e também, muito provavelmente, de ser antecipada a sua execução, dada a premência de renovarmos esta nossa capacidade”, disse esta terça-feira à Lusa o general Mendes Ferrão no Campo Militar de Santa Margarida (Santarém) à margem do exercício “Strong Impact“, em cenário NATO, e que envolve 451 militares de quatro países.

Segundo o general, que lembrou a guerra na Ucrânia e as necessidades de preparação atuais, “o mesmo também se passa” com a artilharia antiaérea e com os sistemas aéreos não tripulados (drones).

“De facto, temos de renovar a nossa artilharia antiaérea. Está previsto na lei de programação militar, dentro de não muito tempo teremos a nossa artilharia antiaérea renovada, mas ambas estas capacidades necessitam de ser mais reforçadas em termos de verbas e antecipada a sua execução em termos da Lei de Programação Militar”, declarou.

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Também nos casos dos sistemas aéreos não tripulados, indicou, “existem projetos específicos na Lei de Programação Militar que nos vão permitir renovar e aumentar o número de sistemas (…), não só na componente da vigilância, mas também noutros tipos de sistemas aéreos não tripulados que estamos a adquirir”.

O investimento global previsto na LPM para o Exército, no caso da Artilharia, com prazos de execução diferenciados, alguns dos quais até 2034, é de cerca de 120 milhões de euros, com a Artilharia de Campanha a ter uma dotação de 77,5 milhões para “extensão de vida útil dos sistemas de armas” com “modernização” e “substituição” de diversos tipos de obuses, indicou à Lusa fonte oficial do Exército.

Na LPM, segundo a mesma fonte, a Artilharia Antiaérea tem um investimento global previsto de 32 milhões e os sistemas aéreos e terrestres não tripulados (drones) de 6 milhões, sendo de 3,1 milhões a verba alocada ao sistema de comando e controlo.

“Os programas que temos previstos na Lei de Programação Militar são os que entendemos serem necessários e suficientes para renovar as capacidades do Exército face àquilo que são as exigências desta nova conflitualidade”, disse o CEME, tendo feito notar que, “contudo, face ao tempo que estamos a observar, muitos desses projetos precisam de ser acelerados na sua execução”.

O exercício anual “Strong Impact“, a decorrer entre 11 e 21 de março, teve esta terça-feira uma sessão de fogos reais, contemplando todos os sistemas de armas que integram o exercício, bem como a utilização de sistemas aéreos não tripulados (drones).

O exercício envolve a presença de 451 militares de Portugal, de Espanha, França e Roménia e tem por finalidade “desenvolver a capacidade operacional das Unidades de Artilharia de Campanha e de Artilharia Antiaérea do Exército, incluindo Forças de países amigos”, tendo o general Ferrão destacado a importância da “interoperabilidade” militar.

(…)Hoje, neste conflito atual que estamos a assistir na Ucrânia, que decorre da invasão da Rússia, a função fogos, os fogos de artilharia de campanha, adquiriram uma acrescida importância e, por isso, nós estamos a treinar, neste exercício, os fogos de artilharia de campanha, mas também o fazemos no ambiente multinacional, porque sabemos perfeitamente que somos membros da NATO e é fundamental que saibamos trabalhar com os nossos aliados para atingirmos aquilo que militarmente designamos de ter a necessária interoperabilidade. Isto é, se tivermos de combater juntos, estamos preparados para e conhecemos para cumprir esse desígnio”, afirmou o CEME.

Mendes Ferrão destacou ainda a “acrescida relevância nos teatros de operações da proteção antiaérea”, com o exercício a incluir a “proteção dos meios de artilharia”, e a vertente do emprego dos sistemas aéreos não tripulados nos conflitos atuais.

“Nós já tínhamos esta capacidade adquirida antes deste conflito na Ucrânia e agora estamos a melhorar o seu emprego, também com as lições que vamos aprendendo dos conflitos que estamos a observar”, concluiu.