O secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, António Mendonça Mendes, critica Luís Montenegro pelos reparos que fez à execução do Plano de Recuperação e Resiliência e diz que é “legítimo” que o Governo mostre a obra que deixa feita antes de deixar São Bento. Quanto a um retificativo, apela à continuidade da política de contas certas.

Em entrevista ao Direto ao Assunto na Rádio Observador, António Mendonça Mendes — que vai assumir as funções de deputado do PS — diz que a critica de Montenegro à execução do Plano de Recuperação e Resiliência é “uma falácia” e acrescenta que o líder do PSD “teve aí uma tendência para começar a tentar fazer a política partidária”.

[Ouça aqui o Direto ao Assunto com António Mendonça Mendes]

“Contas públicas não podem responder a tudo”

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O secretário de Estado socialista defende o legado do Governo ao dizer que Luís Montenegro vai ter à disposição “duas coisas que há muitos anos não havia: cofres cheios e um envelope de investimento de 16 mil milhões de euros” e que, por isso, “o que há a fazer não é falar, é continuar a executar”, lembrando que “o PRR foi altamente discutido, está a ser implementado e cabe ao próximo Governo continuar a executá-lo”.

Mendonça Mendes assegura que “fica tudo preparado para que o quinto pagamento também seja feito” e assegura que as reformas que são necessárias executar — como a da reorganização da administração pública — “não têm em causa qualquer corte”, mas apenas “uma reorganização dos serviços com a fusão de várias secretarias-gerais” devido à transferência de vários ministérios para um edifício único.

Depois de Mariana Vieira da Silva ter dito que o Governo vai mostrar a execução do PRR antes de deixar o Palácio de São Bento, o ainda secretário de Estado completa que “é normal que nesta fase seja também feito um balanço” e que “inaugurações e visitas a obras que são para todo o país, fazem parte” do processo de fechar dossiers, considerando “legítima” a defesa da obra feita.

O antigo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais — pasta que ocupou antes de se tornar adjunto de António Costa — defende que o orçamento que está em vigor é “superavitário, ou seja, tem mais receita do que despesa” e que pelo país estar em “boas condições financeiras, impõe uma grande responsabilidade a todos”, esperando que “não exista uma tentação de prejudicar o futuro de todos com decisões imediatas que podem parecer populares” para conquistar maiorias no Parlamento.

Apesar da disponibilidade de Pedro Nuno Santos para viabilizar um orçamento retificativo do PSD, Mendonça Mendes alerta que este instrumento “tem uma conotação muito negativa, que decorria de não haver uma previsão adequada daquilo que eram as necessidades e as capacidades do Estado”, recordando o Governo de Pedro Passos Coelho e defendendo que durante os governos de António Costa “nunca foi preciso fazer um orçamento retificativo, apenas um suplementar quando houve a pandemia”.

Mendonça Mendes ocupa lugar no Parlamento e garante um PS “que é uma oposição firme”

Sem adiantar expectativas quanto às novas funções de deputado — que vai assumir –, diz apenas que está disponível “para as tarefas que o partido entender que são úteis” e que não imagina mais do que “ser deputado e ter umas noites de sono mais tranquilas e alguns fins de semana com mais tempo”.

Já quanto à postura do PS na oposição, assegura que o partido “não está nada magoado” com a nova posição que tem e que “não fará nenhuma política de terra queimada”, mas “uma oposição firme mas, seguramente, responsável”, acrescentando que “não podem pedir ao PS que não seja fiel aos valores e ao programa”, atirando “a responsabilidade da governação” para a Aliança Democrática.