A Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) abriu um processo para apurar as circunstâncias em que, na madrugada de segunda-feira, um agente da PSP matou um homem em sua casa com a arma de serviço. O agente do Corpo de Segurança Pessoal terá sido sequestrado pelo homem em Algés e depois levado para um descampado onde estaria uma mulher, de acordo com a PSP.

Depois desse momento, o PSP terá atraído os dois alegados assaltantes para sua casa, onde tinha uma pistola. Foi lá, num prédio em Benfica onde moram diversos agentes da PSP, que terá sido feito o disparo fatal. Um dos objetivos do inquérito, um procedimento normal neste tipo de casos, será o de perceber se se tratou de um disparo em legítima defesa.

Ao Observador, a IGAI revelou ainda que já foram pedidos dados à Polícia de Segurança Pública no âmbito desta averiguação. “Foi aberto um processo, no âmbito do qual foram solicitadas informações à PSP”, pode ler-se no despacho proferido pela inspetora-geral da Administração Interna, juíza desembargadora Anabela Cabral Ferreira.

Da abordagem com uma pistola em Algés ao disparo que tirou a vida ao suspeito. A tentativa de assalto a um PSP que durou uma hora e meia

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Em causa estão os acontecimentos ocorridos na madrugada desta segunda-feira, cerca das duas da manhã, quando o agente, de 50 anos, foi abordado pelo homem, enquanto estava parado num semáforo.

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O suspeito, A.P. – que vive em Loures, de acordo com o Correio da Manhã –, ter-se-á aproximado do carro, entrado e ameaçado o agente, que estava fora de serviço, com “uma arma de fogo”, uma pistola, obrigando-o “a conduzir para um descampado”, revelou ao Observador fonte oficial da Polícia Judiciária.

Quando lá chegaram, à sua espera estaria um outro carro, um BMW cinzento, e uma mulher, tendo A.P. e a suposta cúmplice obrigado o agente a entrar […] e à posteriori a deslocar-se a um multibanco e de seguida à sua residência”, informou a PSP em comunicado enviado às redações.

O homem terá atraído os dois alegados assaltantes até casa, situada num prédio na rua Actriz Maria Matos, em Benfica (Lisboa), onde vivem apenas elementos da polícia. A.P. subiu com o agente, enquanto a mulher ficou “a aguardar pelo outro suspeito no exterior da residência”.

No interior da casa, o polícia terá pegado na arma de serviço que tinha guardada e disparado. Segundo o Jornal de Notícias, o agente identificou-se como polícia antes de atingir mortalmente o suspeito na zona do peito, tendo o óbito sido declarado pouco depois, às 3h25.

Após o disparo, o agente terá pedido ajuda a um vizinho, que também era polícia, tendo as autoridades chegado pouco tempo depois. A mulher acabou, mais tarde, por ser detida pelos elementos da PSP que foram acionados.

Em comunicado, a PSP fez saber que o “local da ocorrência e a viatura usada” no alegado crime foram “devidamente preservados e entregues à PJ para a consequente investigação” e que o carro do agente, que tinha sido abandonado em Algés, também já foi recolhido.