Milhares de pessoas voltaram este sábado às ruas de Budapeste para um novo protesto contra o governo do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, organizado pelo advogado e opositor Peter Magyar.

Este advogado e antigo diplomata, ex-marido da antiga ministra da Justiça Judit Varga, é considerado uma figura emergente de oposição ao executivo nacionalista. Já organizou várias manifestações de protesto e este sábado prometeu candidatar-se às eleições europeias, embora sem especificar qualquer ligação partidária.

Até há pouco mais de três meses, Peter Magyar, de 43 anos, era membro de conselhos de administração de várias empresas estatais e trabalhou como jurista em representação da Hungria na União Europeia.

Discursando na praça Kossuth, junto ao parlamento, Peter Magyar disse que o governo “tem medo” da união dos húngaros e apelou à construção de um país moderno e democrático. “Não temos medo” ou “demita-se, Órban” foram algumas das palavras de ordem no protesto, refere a agência Reuters.

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“A partir de agora, nada vai ser como antes”, declarou Magyar perante a multidão, de acordo com o Guardian. “A mudança começou e já não pode ser parada.”

O advogado discursou num palco, mas também percorreu as ruas ao longo da manifestação, assumindo a posição da frente a segurar uma longa faixa com a inscrição “húngaros, não tenham medo”.

“Nós, os húngaros, estamos a unir-nos”, disse aos manifestantes, apelando a que a direita e a esquerda da política húngara se respeitem e trabalhem juntas para substituir a atual elite política do país.

Na semana passada, Magyar tinha já promovido outro protesto depois de ter divulgado um áudio em que se ouve a ex-ministra da Justiça Judit Varga a dizer que Viktor Orbán pressionou o Ministério Público a esconder provas de casos de corrupção que afetavam membros do Governo.

Os procuradores estatais abriram uma investigação às declarações, num momento que é sensível para Órban. Em fevereiro, um escândalo de abuso sexual fez com que Órban perdesse duas aliadas políticas — a Presidente Katalin Novak e Judit Varga, a ministra da Justiça e ex-mulher de Magyar. As duas demitiram-se na sequência da amnistia dada em abril de 2023 a um homem condenado por ajudar a esconder abusos sexuais de menores num orfanato.

Presidente da Hungria demite-se após amnistiar homem condenado por encobrir abuso sexual de menores

Viktor Órban está no cargo de primeiro-ministro desde 2010 e tem reforçado poderes, adotando características mais nacionalistas. Antes disso, já tinha sido primeiro-ministro entre 1998 e 2002.