Em condições normais seria um encontro importante, com o contexto que começou a ganhar pelos resultados no Campeonato depois da eliminação na Champions tornou-se quase uma “final” sem ser ainda “a” final. A segunda mão das meias-finais da Taça de Portugal frente ao V. Guimarães, em que o FC Porto parte com uma vantagem mínima, assumia uma especial relevância no resto da temporada, até por ser o primeiro encontro depois da decisão de Sérgio Conceição colocar a treinar à parte quatro jogadores (Toni Martínez, Iván Jaime, Jorge Sánchez e André Franco). Também por isso, esta quarta-feira não será marcado por grandes ações de campanha mas Pinto da Costa, presidente dos azuis e brancos e candidato a um 16.º mandato no Dragão, deu uma entrevista à Rádio Renascença onde abordou vários temas, incluindo o quarteto de “excluídos”.

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“Não vou dizer que haja esse espírito por isso, mas que às vezes acontece com todos – e não é uma questão de qualidade, costuma-se dizer que no melhor pano cai a nódoa –, mas às vezes sinto e o treinador também, e quando o sente age para espicaçar até os próprios jogadores, que há jogadores que não se entregam e que não lutam para virar as coisas como é preciso. A equipa tem valor, está a atravessar um mau momento devido a fatores estranhos que não vale a pena enumerar. Estou convencido que contra o V. Guimarães a equipa vai corresponder e mostrar o seu real valor” referiu o líder portista sobre o tema que tem marcado o início da semana, antes de explicar novamente as razões que levaram a um nova candidatura às eleições e voltar também a visar o principal adversário, neste caso a escolha de Zubizarreta por Villas-Boas.

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“O FC Porto é uma paixão para a vida que não terminará com o fim da presidência. Não tem data marcada. Acho, por exemplo, que é uma decisão bizarra escolher para diretor desportivo, um lugar importantíssimo, e não é conhecer o mercado que toda a gente conhece, mas conhecer jogadores, técnicos e o futebol português, um estrangeiro que não tem o mínimo conhecimento do futebol português. Arbitragens que prejudicaram o FC Porto? Eu não sei se foi quando ele assumiu a candidatura, agora que têm sido infelizes, têm. Afinal, há um caso curioso: eu protestei e puseram-me um inquérito por protestar contra o que se passou no penálti do Estoril, e agora o Conselho de Arbitragem vem dar-me razão, pois o árbitro, depois de marcado, não devia ter revertido o penálti, nem o VAR devia ter intervindo. Portanto, eu tenho um processo por ter dito aquilo que eles estão a dizer. Se calhar eles também vão ter um processo…”, apontou Pinto da Costa.

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O presidente portista falou na mesma entrevista à Rádio Renascença sobre a presença do rival Benfica nos quartos da Liga Europa e num plano B para a não qualificação dos dragões para a Champions. “Podendo ou não abrir possibilidades ao FC Porto, gostava sempre que qualquer equipa portuguesa ganhasse uma prova internacional. Naturalmente que não vou ser hipócrita: em Portugal, quero que o Benfica perca sempre. Mas, quando qualquer equipa nacional está a jogar no estrangeiro, quero que ganhe. Obviamente queria que ganhasse. O FC Porto não está à espera disso. Agora, se isso vier por acréscimo, muito bem. O que desejo é que todas as equipas que estejam em provas internacionais vão o mais longe possível e, se puderem vencê-las, ótimo, não só para o clube, como para o futebol português. Indo à Liga Europa também recebemos dinheiro, que será mais do que é costume. E para compensar temos o que nunca tivemos, nem prevíamos: os 50 milhões de euros que vamos receber por estar no Campeonato do Mundo de Clubes. É uma verba extra que vai tapar o buraco de uma verba normal que não entra”, analisou o número 1 dos azuis e brancos.

Pinto da Costa falou também de forma aberta sobre a polémica que levou ao fim da equipa de ciclismo dos dragões. “Senti-me traído como se sentiram os responsáveis. O FC Porto tinha uma parceria com a W52, onde toda a atividade e gestão desportiva pertencia à W52. O FC Porto dava a autorização para as camisolas e isso levou a que uma multidão passasse a acompanhar os ciclistas. Não tivemos nunca qualquer intervenção em nada, os responsáveis da W52 também não. Agora, foram apanhados alguns ciclistas que tinham tomado substâncias proibidas pelo antidoping. Duvido muito que, se fizessem as mesmas análises e as mesmas coisas ao pelotão, a maioria não estivesse. O FC Porto foi um alvo escolhido por alguma comunicação social. Toda a gente sabe que o FC Porto não tem nada a ver, não interferimos se o ciclista come frango, batatas ou bacalhau. Sabendo isso, há televisões que quando punham W52, aparecia a minha fotografia”.

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“Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos como líderes do governo e da oposição deixa-me mais tranquilo? Nem mais, nem menos. Porque todos aqueles que têm sido do FC Porto, foi uma exceção o doutor Manuel Pizarro, que nada tendo a ver com futebol se assumiu sempre como portista e continuou a acompanhar a vida do FC Porto, afastam-se. Parece que têm vergonha de ser do FC Porto. Portanto, nem melhora, nem piora. Não vou interferir em nada”, comentou a propósito da preferência clubística dos dois políticos.

Esta terça-feira, Pinto da Costa tinha marcado presença no Auditório da Escola Secundária de Arouca para mais um capítulo das “Conversas com o presidente”, onde voltou a responder a questões dos associados e adeptos azuis e brancos na companhia dos candidatos a vices Vítor Baía, António Oliveira e Vítor Hugo. Foi aí que falou dos vencimentos dos administradores da SAD, colocando outro nome em cima da mesa.

“A SAD do FC Porto tem uma Comissão de Vencimentos que não é escolhida por nós e muito menos por mim. Essa comissão estabelece. Bem ou mal, estabelece. Foi muito criticado o facto de ter havido prémios para administração. Hoje [Terça-feira] já vi que o outro candidato dizer que quando houver lucros dos resultados desportivos, pode haver. O último prémio que a administração recebeu foi o de campeões, tivemos um lucro de 20 milhões de euros. Mas nós não queremos. Todos os que me acompanham vão abdicar de qualquer prémio. Agora, o curioso é que o cabeça de lista ao Conselho Superior do meu adversário era membro da Comissão Executiva da Comissão de Vencimentos, que estabeleceu os vencimentos. Era um de três, não era um de 20. Sempre assinou e esteve de acordo. Agora vem defender que isso não pode ser”, referiu, fazendo a alusão ao papel de Fernando Freire de Sousa, citado pelo jornal O Jogo.

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“Até hoje nunca falhei nada daquilo com que sonhei. Consegui tudo e porquê? Porque estivemos sempre unidos. Temos um parceiro que era o dono de parte dos terrenos, que não era a Câmara, a quem comprámos os terrenos. É evidente que esse parceiro, quando ouve dizer que ‘Se for eleito rasgo contratos’, teve medo. Só o fez, e está feito, porque confiou em nós e na palavra que damos, na segurança que demos. Só um louco é que podia não querer fazer a melhor Academia do país como vai ser a nossa. O senhor teve máxima lisura e compreensão mas ficou um bocado preocupado quando viu que havia um candidato que dizia que seria um Vale e Azevedo de azul e branco. Eu também ficaria preocupado. Estamos autorizados a iniciar os trabalhos. A Academia não é para mim, não é para nós, é para o futuro dos jovens que hão de ser os nossos craques no FC Porto”, comentou ainda a propósito da Academia dos dragões na Maia.