O BE anunciou esta quarta-feiar que vai pedir a audição parlamentar urgente das ministras da Administração Interna e da Justiça sobre recentes agressões a imigrantes e ameaças a atividade de organizações cívicas por “organizações criminosas de extrema-direita”.

“Temos assistido com muita preocupação à atividade de grupos criminosos de extrema-direita”, afirmou o líder parlamentar do BE, Fabian Figueiredo, em declarações aos jornalistas na Assembleia da República.

O deputado bloquista apontou como exemplo as recentes agressões a imigrantes, atacados em casa no Porto, ou a notícia, esta quarta-feira divulgada pelo JN, de que uma sessão sobre igualdade de género em Cabeceiras de Basto foi interrompida pelo grupo extremista Habeas Corpus e só pôde prosseguir depois da intervenção da GNR.

Grupo munido de bastões e facas agride imigrantes argelinos no Porto

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“Queremos ter a certeza, no âmbito da justiça e da administração interna, que a vigilância a estes grupos está garantida e que em Portugal as organizações que defendem os direitos das mulheres ou LGBT não têm nenhum condicionamento e, por outro lado, que as pessoas imigrantes em Portugal são protegidas da ação deste grupos”, afirmou.

O BE quer ouvir no parlamento as ministras da Justiça, Rita Alarcão Júdice, e da Administração Interna, Margarida Blasco, para ter a certeza que “estes grupos não só são monitorizados, como desmantelados”.

“Queremos ter a certeza que grupos como 1143, Habeas Corpus ou Reconquista, organizações criminosas de extrema-direita, são desmantelados e são tratados como ameaça à segurança pública”, defendeu, justificando que, em Portugal, não pode haver milícias de extrema-direita que “violentam as pessoas, que impedem ações de organizações não governamentais”.

O líder parlamentar do BE justificou ainda o pedido, que deu entrada esta quarta-feira, de audição das duas ministras na Comissão de Assuntos Constitucionais para “garantir que em Portugal o Estado de direito é igual para todos”.

“Isto foi longe de mais, há um caldo de discurso de ódio que tem de ser combatido e os Ministérios da Administração Interna e da Justiça têm de ser exemplares, mostrando que em Portugal não há espaço, não há margem para a atuação de grupos criminosos de extrema-direita”, afirmou.