A organização SOS Racismo considerou esta sexta-feira que o resultado das mais recentes eleições europeias representa um retrocesso democrático e humanitário e deixa vários países da União Europeia (UE) nas mãos da extrema-direita.

“A representação do bloco da extrema-direita e da direita radical, conservadora e populista aumentou significativamente, o que lhe permite influenciar o discurso e forçar a imposição das suas políticas, ao mesmo tempo que garante mais financiamento para o seu projeto securitário, conservador e autoritário, de restrição de direitos e liberdades – sobretudo das mulheres, minorias e imigrantes”, indicou a nota da ONG, divulgada na quinta-feira.

Segundo a organização, o projeto da extrema-direita está “assente numa ideologia de supremacia eurocêntrica, que promove e convive com preconceitos raciais e xenófobos, a propagação do ódio, a conflitualidade entre grupos sociais e que tem, como consequência, a destruição da democracia”.

A ONG também sublinhou que, de forma transversal, conservadores ou sociais-democratas têm vindo consecutivamente a assumir propostas da agenda da extrema-direita.

Essa posição também pode ser vista em Portugal, segundo o SOS Racismo, quando “em plena campanha eleitoral para as eleições europeias, o Governo apresentou o Plano de Ação para as Migrações, tirando partido da intensificação de uma narrativa que criminaliza a imigração e as pessoas imigrantes e as transforma num problema de segurança e criminalidade”.

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A ONG olha para a realidade atual e entende que se “aproxima fantasmagoricamente das circunstâncias que, nos anos 30 do século XX, edificaram o fascismo e o nazismo”.

“O SOS Racismo, em conjunto com as demais associações, nacionais e internacionais, de defesa dos direitos humanos, compromete-se com a defesa dos direitos das pessoas mais vulneráveis e no combate à extrema-direita e ao seu projeto de ódio”, afirmou a organização na nota.

O PPE venceu as eleições para o Parlamento Europeu – realizada nos dia 09 de junho – nos 27 países da União Europeia (UE), com 185 eurodeputados, mais 48 do que os socialistas do S&D (137 eleitos), segundo os resultados provisórios.

Os liberais do Renovar a Europa conquistaram 80 lugares no hemiciclo, mais sete dos que Conservadores e Reformistas Europeus (ECR), com 73 eurodeputados.

A extrema-direita do Identidade e Democracia conseguiu eleger 58 representantes, os Verdes 52 e a Esquerda Europeia alcançou 36 eurodeputados.