O Livre e o BE manifestaram-se esta quinta-feira abertos a convergências à esquerda nas eleições autárquicas do próximo ano, incluindo em Lisboa, para derrotar o atual executivo PSD/CDS-PP liderado por Carlos Moedas.

Esta posição foi transmitida aos jornalistas na sede nacional do Bloco de Esquerda (BE) no fim de um encontro entre dirigentes dos dois partidos.

“Entendemos que esta vontade de convergência, esta necessidade de convergência é essencial para que o país mude de rume e as nossas cidades também mudem de rumo, se tornem cidades melhores para viver, que não excluam tantas pessoas”, declarou Isabel Mendes Lopes, co-porta-voz e líder parlamentar do Livre.

De acordo com Isabel Mendes Lopes, “a vontade do Livre é que haja uma convergência entre forças progressistas e forças ecologistas, que vão até além dos partidos políticos, que envolvam a sociedade civil, e que haja uma frente que seja capaz de mostrar que que há uma alternativa e que há um projeto de futuro, tanto a nível nacional como também a nível local“.

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Questionada sobre eventuais coligações pré-eleitorais nas autárquicas, por exemplo, em Lisboa, a dirigente do Livre respondeu: “O que é importante também é haver uma convergência programática e uma apresentação de ideias de futuro e de uma alternativa para as cidades e para cada local, e depois a forma como poderemos então criar essa alternativa é algo a discutir”.

Por sua vez, a coordenadora do BE, Mariana Mortágua, referiu que “as eleições autárquicas fazem parte do diálogo” em curso com o Livre sobre “possibilidades de convergência” à esquerda.

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Mariana Mortágua defendeu que “Lisboa é um bom exemplo de como é importante que a esquerda possa dialogar para criar movimentos maiores até do que a soma dos partidos, para poder derrotar a política de Moedas, que tem vindo a agravar todos os grandes problemas da cidade”.

“Em Lisboa há uma reflexão um pouco mais adiantada a este respeito, e há também uma governação de Carlos Moedas, e há uma experiência passada de convergência à esquerda. E, como disse, é importante que ela seja mais do que a soma de partidos, que possa incluir movimentos sociais, a cidadania, os jovens e toda a gente que se mobiliza por uma alternativa na cidade”, reforçou.

Interrogada se o BE exclui ou inclui o PS nestes possíveis entendimentos, respondeu: “Para já, é importante que essa possibilidade de diálogo exista, que a abertura para uma conversa mais alargada possa existir. É claro que em diferentes sítios do país há diferentes situações”.

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“No caso de Lisboa, já o dissemos, quando há governações de direita tão fortes como em Lisboa, quando há uma necessidade tão grande de encontrar políticas alternativas, quando há um passado de convergência bem-sucedida, que deixou fruto, que fez o seu caminho, achamos que há possibilidade para que esse diálogo possa ser mais abrangente”, completou.

Segundo a coordenadora do BE, “um pouco por todo o país é importante manter esses diálogos” e esta é “uma reflexão interna que o BE está a fazer e um debate interno que foi aberto na última Mesa Nacional”.

“Vai prolongar-se ao longo dos diversos meses, com diversos momentos. Temos uma conferência autárquica que vamos convocar para debater internamente”, adiantou.

Para o BE, as convergências nas autárquicas dependem “questões tão importantes como a mobilidade, a habitação, questões ambientais“, e também “de protagonistas”, ressalvou.

Tanto Isabel Mendes Lopes como Mariana Mortágua mencionaram que, antes desta reunião, pedida pelo Livre, houve uma anterior, a pedido do BE, e disseram que as forças à esquerda têm mantido diálogo.

Questionada se o BE manterá abertura para dialogar com o PS se este partido viabilizar o Orçamento para 2025, Mariana Mortágua considerou que “são situações separadas”.