Os socialistas, comunistas e ecologistas franceses apresentaram o nome da economista e diplomata Laurence Tubiana como candidata a primeira-ministra, apesar de esta proposta não ter sido bem recebida pelo partido França Insubmissa (LFI), de Jean-Luc Mélenchon.

Segunda-feira, o líder da LFI tinha anunciado que abandonava as negociações para encontrar um candidato a chefe de governo proposto pelo bloco progressista da Nova Frente Popular (NFP).

Também na véspera, o presidente do Partido Socialista (PS), Olivier Faure, anunciou que a maioria dos partidos da NFP tinha chegado a um acordo para apresentar um candidato da “sociedade civil”, tendo confirmado esta terça-feira o nome de Tubiana, cujo currículo inclui ter sido embaixadora para as negociações da Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas em 2015.

O coordenador da LFI, Manuel Bompard, foi um dos primeiros a pronunciar-se sobre o assunto e, numa entrevista à France2, criticou os outros membros da NFP por não terem respeitado o procedimento correto para propor a candidatura de Tubiana.

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Se é este o perfil que os membros estão a trabalhar, eu caio da cadeira“, comentou Bompard, sublinhando que a economista “não é uma alternativa séria”.

Segundo o coordenador do NFP, Tubiana “representa de alguma forma as ideias” do Presidente francês, Emmanuel Macron, e, por isso, acusa os socialistas de “trazerem pela janela os macronistas expulsos pelos eleitores” nas urnas.

Há oito dias que estamos a trabalhar para formar um governo da NFP para implementar o programa”, sublinhou.

Na sequência destas críticas, Faure veio defender que Tubiana é uma pessoa “empenhada tanto no domínio ecológico como no social” e defende o pagamento da luta contra as alterações climáticas e as desigualdades com a cobrança de impostos sobre os rendimentos mais elevados, o que considera ser um candidato que “corresponde perfeitamente” ao programa eleitoral.

Por seu lado, o líder do Partido Comunista francês (PCF), Fabien Roussel, avisou que, se o bloco progressista não conseguir encontrar uma alternativa de governo, “seria um verdadeiro desastre e uma falta de respeito por todos os eleitores e eleitoras que manifestaram o seu desejo de que as coisas mudassem“.

Tubiana, 73 anos, nascida na Argélia francesa, trabalhou no governo do socialista Lionel Jospin (1997-2002) e rejeitou repetidamente a proposta de Macron para dirigir o Ministério da Transição Ecológica.

Enquanto os socialistas, comunistas e ecologistas veem Tubiana como uma candidata de alto nível a primeira-ministra, os apoiantes de Mélenchon desconfiam da sua possível afinidade com políticas mais centristas e macronistas.