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O parlamento israelita aprovou esta segunda-feira, em primeira leitura, três projetos de lei que visam proibir as atividades da agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA), acusada de ter ligações com o grupo islamita Hamas.

O primeiro projeto de lei, cujo objetivo é proibir a organização de atuar em território israelita, foi aprovado em primeira leitura com 58 votos a favor e nove contra.

O segundo, que visa retirar ao efetivo da UNRWA imunidades e benefícios legais concedidos ao pessoal das Nações Unidas em Israel, foi aprovado com 63 votos a favor e nove contra.

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Por fim, o terceiro projeto, aprovado com 50 votos a favor e 10 contra, procura classificar a agência da ONU como uma organização terrorista, o que exigiria que Israel rompesse os laços com ela.

Os três projetos de lei serão agora devolvidos ao Comité de Negócios Estrangeiros e Defesa do Knesset (parlamento) para preparação da segunda e terceira leituras, que são necessárias para os textos se tornarem lei e entrarem em vigor.

“Não há um dia em que o nosso porta-voz do Exército não publique novas descobertas que liguem a UNRWA ao terrorismo”, argumentou a deputada Yulia Malinovsky, do partido nacionalista de direita Israel Beitenu, e uma das apoiantes da nova legislação.

Em comunicado, o Hamas considerou, por seu lado, que se trata de medidas de “uma autoridade de ocupação inválida e ilegal”.

Para o grupo islamita palestiniano, que está em guerra com Israel, “a causa palestiniana inclui também a questão dos refugiados e o seu direito de regressar às suas casas”, acusando Telavive de querer liquidar a UNRWA e “violar o direito internacional”.

O secretário-geral da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Hussein al-Sheikh, considerou um “desprezo” rotular a UNRWA como organização terrorista e o Hamas considerou, por seu lado, que se trata de medidas de “uma autoridade de ocupação inválida e ilegal” para que “possa continuar com o seu papel humanitário junto de um povo vítima da ocupação israelita”.

Há décadas que a UNRWA fornece educação, cuidados de saúde e ajuda a milhões de refugiados palestinianos na Faixa de Gaza, na Cisjordânia, na Jordânia, no Líbano e na Síria.

Após o início da guerra na Faixa de Gaza, Israel acusou a UNRWA de ter ligações ao Hamas e acusou que 10% dos seus trabalhadores participaram nos ataques do grupo palestiniano em 07 de outubro de 2023 em solo israelita, o que fez com que mais de 100 países decidissem suspender o seu financiamento à agência.

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Nos últimos meses, porém, a maioria destes países recuou e optou por manter o financiamento à organização na ausência de provas conclusivas, exceto dois dos seus maiores doadores: os Estados Unidos e o Reino Unido.

Contudo, há apenas três dias, o novo chefe da diplomacia britânica, David Lammy, anunciou que Londres retomaria o financiamento à UNRWA para garantir que os civis na Faixa de Gaza recebam ajuda humanitária o mais rapidamente possível.

O comissário-geral da UNRWA, Philippe Lazzarini, revelou que mais de 100 colaboradores desta agência perderam a vida devido aos ataques israelitas na Faixa de Gaza.

O conflito foi iniciado em 7 de outubro com um ataque sem precedentes do Hamas em Israel, onde deixou quase 1.200 mortos e de onde levou mais de 200 pessoas como reféns.

Em retaliação, Israel lançou desde então uma grande ofensiva na Faixa de Gaza, e, de acordo com as autoridades locais controladas pelo Hamas, cerca de 39 mil pessoas já morreram, a maioria civis, num cenário denunciado pela ONU como um desastre humanitário.

Este conflito tem desestabilizado toda a região do Médio Oriente.