O PCP em Lisboa manifestou-se esta segunda-feira contra “devaneios securitários da vigilância privada” e acusou o presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, Miguel Coelho (PS), de “mudança radical no discurso” quanto à segurança.

“As preocupações da população com as questões de segurança devem ter resposta adequada, mas devem ser rejeitados os devaneios securitários da vigilância privada, bem como a ‘falsa segurança’ da videovigilância anunciados pelo presidente da junta de Santa Maria Maior”, salientou o organismo de direção do PCP na cidade de Lisboa.

Em comunicado, o PCP referiu-se à sessão pública promovida pela Junta de Santa Maria Maior para denuncia da situação de insegurança, realizada perante o “crescente descontentamento” da população por falta de resposta a um conjunto de problemas, destacando que a iniciativa “ocorreu depois de semanas em que Miguel Coelho se limitava ‘a sacudir a água do capote'”.

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“Com esta sessão, e talvez a pensar no PS e nas eleições de 2025, Miguel Coelho operou uma mudança radical no discurso, com um conjunto de ‘coelhos tirados da cartola'”, criticaram os comunistas, considerando que a iniciativa “acabou por ser uma manobra de propaganda para a comunicação social, que não foi à raiz dos problemas e às soluções adequadas”.

Para o PCP, a solução está, entre outras medidas, no reforço de meios materiais e humanos das forças de segurança e no policiamento de proximidade, numa perspetiva de ação preventiva junto da população.

A solução está sobretudo na resolução do problema da habitação, que permita o repovoamento do bairro, voltando a criar uma rede social, em vez das doses massivas do vai e vem do turismo. Há necessidade de medidas como a melhoria da iluminação pública ou a garantia de mais limpeza, eliminando o sentimento de desleixo e abandono”, defendeu.

Os comunistas sublinharam ainda que é necessária uma outra política que inverta o rumo que tem vindo a ser seguido: “Uma política que melhore as condições de vida da população, do ponto de vista económico e social, questão essencial para prevenir a proliferação destes problemas sociais”.

Várias dezenas de moradores de Santa Maria Maior participaram na sessão pública promovida pela junta, em 18 de julho, para se queixarem do aumento da insegurança que se vive nesta zona do centro histórico da capital e pedir mais policiamento, relatando assaltos a viaturas e a lojas, consumo de droga em plena luz do dia e agressões físicas.

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Presentes no encontro estiveram também elementos da Polícia Municipal de Lisboa e o chefe de gabinete do vereador Ângelo Ferreira, responsável pelo pelouro da Segurança.

Na abertura da sessão, o presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior afirmou que a situação vivida na zona se tornou “insustentável” e que a autarquia sentiu necessidade de “dar voz” às queixas dos moradores.

Isto não é contra ninguém. Isto não é um problema de etnias, de religiões. É um problema de todos. Esta sessão é para pedir ajuda. Não queremos transformar isto numa guerra ideológica”, sublinhou, recusando qualquer associação com as questões de imigração.

Neste âmbito, Miguel Coelho deixou algumas propostas à Câmara Municipal de Lisboa e ao Governo, no sentido de mitigar os problemas de insegurança, nomeadamente a instalação de uma rede de videovigilância, o fim do licenciamento zero, a alteração dos horários dos estabelecimentos comerciais, a proibição da venda de álcool para a rua a partir das 21h00 e a categorização de Santa Maria Maior como uma zona crítica.

A este propósito, a Câmara de Lisboa indicou que foram disponibilizados “apenas 25 dos 200 elementos” pedidos pelo município para reforçar a Polícia Municipal, insistindo na necessidade de reforçar o número de agentes nas ruas da cidade, inclusive da Polícia de Segurança Pública (PSP).