O Primeiro-Ministro interino francês, Gabriel Attal, propôs à maioria dos grupos políticos da Assembleia Nacional “um pacto de ação para os franceses”, com vista a estabelecer “compromissos legislativos” no interesse comum, foi divulgado esta terça-feira.

A proposta de Gabriel Attal, que se demitiu após os maus resultados do seu partido (Renascimento, macronista) nas eleições legislativas antecipadas de julho – que não deram a maioria absoluta a nenhuma força política -, consta numa carta enviada aos líderes dos outros grupos com assento no parlamento francês, à exceção do partido de extrema-direita União Nacional (RN, na sigla em francês), e da França Insubmissa (LFI, esquerda radical), de acordo com a estação pública Franceinfo.

Na missiva, o Primeiro-Ministro em funções apelou às forças que apelida de “esquerda republicana e direita republicana” para que “estejam à altura da ocasião”, apresentando uma série de prioridades, entre as quais a consolidação das finanças públicas, o reforço da segurança, a defesa dos serviços públicos e o laicismo.

“Eu, juntamente com o meu grupo, estamos à vossa disposição para discutir estas prioridades”, escreveu Gabriel Attal aos líderes políticos, admitindo que será difícil “chegar a acordo sobre tudo”, mas apelando a que as habituais divergências sejam “ultrapassadas”.

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Esta proposta surge no meio das negociações sobre a constituição do futuro governo, uma vez que os partidos aliados do Presidente francês, Emmanuel Macron, perderam a maioria e, em vez disso, o grupo com mais representantes na câmara baixa do parlamento é a coligação de esquerda Nova Frente Popular, da qual a LFI faz parte.

Em julho, o Presidente francês adiou qualquer debate sobre esta questão para depois dos Jogos Olímpicos de Paris em nome de uma trégua olímpica e agora, com o fim do evento desportivo no passado domingo, a lista de nomes de potenciais primeiros-ministros ressurgiu.

A esquerda foi a primeira a pressionar Macron para tomar uma decisão após o fim dos Jogos Olímpicos, tal como tentou fazer antes, sem sucesso, com a proposta de uma candidata a primeira-ministra, Lucie Castets, de 37 anos, funcionária sénior da Câmara Municipal de Paris que era desconhecida até há menos de um mês.

“Não deveria ser necessário fazer pressão, o simples respeito pelas instituições deveria levar Emmanuel Macron a nomear Lucie Castets”, afirmou a deputada da LFI, Danièle Obono.

O atual ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, admitiu ao canal BFM TV que “seria absurdo” que o campo macronista tentasse “agarrar-se ao poder”, tendo em conta a aritmética parlamentar.

Relativamente à figura do líder conservador regional Xavier Bertrand, cujo nome aparece nas sondagens, Darmanin admitiu que tem “grandes qualidades” para liderar o governo.

A nomeação do novo Primeiro-Ministro cabe ao Presidente francês, mas o aval final virá, em qualquer caso, da Assembleia Nacional francesa.

Segundo um membro do atual executivo, citado pelo jornal Le Fígaro, “não há qualquer hipótese de ser nomeado um novo Primeiro-Ministro esta semana“.

A agenda pública de Macron para os próximos dias sugere que não tenciona precipitar-se na escolha do próximo chefe de Governo, que terá de elaborar um orçamento antes do outono, para que possa ser aprovado por um parlamento caracterizado por uma fragmentação sem precedentes em França.