Tim Walz fez esta terça-feira a sua estreia a solo na campanha presidencial democrata. O governador do Minnesota “jogou em casa” e discursou na 46ª Convenção Internacional do AFSCME, o maior sindicato norte-americano de funcionários públicos.

Em Los Angeles, Tim Walz estava longe do seu Midwest nativo, mas estava em casa porque falou “aos colegas sindicalistas”. Como fez questão de lembrar, o candidato democrata a vice é o primeiro trabalhador sindicalizado numa candidatura à presidência desde Ronald Reagan, que saiu da Casa Branca em 1989. Do seu currículo, destacou ainda os 25 anos de serviço nas Forças Armadas, respondendo às críticas dos republicanos que o acusam de não ter servido, uma vez que não foi destacado para missões no estrangeiro.

Tal como Walz e o seu público, também Kamala Harris veio de um meio de classe média trabalhadora, notou o democrata, acrescentando que a vice-Presidente chegou a fazer turnos no McDonald’s, algo que os adversários republicanos nunca tiveram de fazer. “Conseguem imaginar Trump no McDonald’s a tirar um McFlurry?”, questionou, arrancando risos à audiência.

“Enfermeiros, professores e funcionários do Estado construíram este país”, defendeu Walz, destacando as políticas que aprovou como governador, a favor dos trabalhadores — facilitou a formação e adesão a sindicatos — e das suas famílias — instaurou almoços gratuitos em todas as escolas públicas do Minnesota. Agora, os democratas querem estender essas medidas a todos os Estados.

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Segundo Walz, o par republicano quer fazer precisamente o contrário. “Trump e Vance estão a travar uma guerra contra os trabalhadores”, acusou. O candidato a vice argumentou que Trump se fecha na sua propriedade em Mar-a-Lago prometendo a milionários cortar os seus impostos, ao mesmo tempo que corta os salários à classe trabalhadora.

O elogio das políticas democratas junto dos sindicalistas é como “cantar ao coro”, reconheceu Walz. A expressão ilustra como o democrata estava a falar de um tema a um público especialista no mesmo — ou a “ensinar a missa ao padre”, numa tradução livre. “Mas o coro tem de cantar” (e o padre tem de rezar), lembrou.

Ainda assim, o resto deste seu primeiro discurso foi menos personalizado em relação ao público sindicalizado e seguiu a linha padrão definida por Kamala Harris. Tim Walz argumentou que a liberdade que os republicanos apregoam para falar de economia tem de se estender à “liberdade de as mulheres poderem fazer o que quiserem com os seus corpos” e à “liberdade de as crianças poderem ir à escola sem levarem tiros”. Sobre os direitos reprodutivos, voltou a dizer que as pessoas não têm de concordar com as escolhas dos seus vizinhos, só “têm de se meter na sua vida”.

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Walz continuou, mencionando o nome da filha como já se habituou a fazer. “Hope [Esperança] é um nome muito bonito, mas não é um plano. Não podemos esperar para derrotar o Donald Trump. Não podemos esperar para proteger a segurança social. Não podemos esperar para combater as alterações climáticas. Não se pode ter Esperança na vitória. É preciso planear para a vitória”, declarou.

O discurso de estreia do Governador do Minnesota terminou com um apelo ao seu público para fazerem o que sabem fazer melhor: trabalhar no duro. “Tragam os vossos amigos, precisamos de nos organizar, de doar, de nos voluntariar”, declarou. “É trabalho duro, mas na manhã a seguir às eleições vamos poder acordar e ver que o nosso trabalho transformou a vida de milhões”, sublinhou.

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A aposta segura de Tim Walz para a sua estreia terminou com o mesmo grito de guerra que Kamala Harris cunhou para a sua campanha: “Quando nós lutamos, nós ganhamos”.

*Notícia editada por Cátia Andrea Costa