O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou esta sexta-feira que um acordo entre Israel e Hamas para um cessar-fogo na Faixa de Gaza está “mais perto do que nunca”, após a conclusão de nova ronda negocial no Qatar, ainda sem a presença do Hamas, que fez saber que não vai negociar novas condições para acabar com o conflito.

“É possível que tenhamos algo (…), mas ainda não chegamos lá”, afirmou Biden na Sala Oval da Casa Branca, em Washington, questionado pela imprensa sobre os resultados das negociações concluídas em Doha sobre a Faixa de Gaza, sob mediação internacional. Segundo um comunicado conjunto dos mediadores, as 48 horas de discussões sobre um cessar-fogo e a libertação de reféns em Gaza foram “construtivas” e serão retomadas no Cairo na próxima semana.

Washington anunciou ter apresentado uma nova proposta de compromisso, apoiada pelo Egito e pelo Qatar, com o objetivo de “preencher as restantes lacunas” e que diz respeito à implementação de um acordo entre Israel e o Hamas, de acordo com a Casa Branca.

Esta proposta americana baseia-se num guião apresentado pelo Presidente Joe Biden no final de maio, que prevê várias fases para a cessação das hostilidades e a libertação dos reféns raptados.

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As negociações são mediadas por Egito, Qatar e Estados Unidos, procurando obter a libertação dos reféns israelitas sequestrados a 7 de outubro pelo Hamas e que ainda estejam vivos, além da entrada de ajuda humanitária para a população civil em Gaza; enquanto o Hamas exige a retirada completa das tropas de Israel e um cessar-fogo definitivo. Os três países mediadores consideraram que os dois dias de negociações em Doha foram “construtivos” e decorreram num “atmosfera positiva”.

Contudo, o Hamas já mostrou a sua insatisfação com o que foi discutido nas negociações de Doha para um cessar-fogo em Gaza, garantindo que o que puderam depreender das conversações foi que não existe ainda “um compromisso com o que foi acordado a 2 de julho”, referindo-se à proposta original apresentada pelos Estados Unidos.

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Pouco depois de anunciar o fim da reunião na capital do Qatar, o Hamas emitiu um breve comunicado exigindo mais uma vez a aplicação da proposta original de cessar-fogo. O Hamas não enviou uma delegação a Doha precisamente para exigir a implementação do que foi previamente acordado, “em vez de continuar com novas rondas de negociações”.

A comunidade internacional está a pressionar as partes para que cheguem a um acordo de cessar-fogo, com o objetivo também de diminuir as tensões no Médio Oriente, agravadas pela morte do líder do Hamas Ismail Haniyeh, num atentado em Teerão – que o Irão e o movimento palestiniano atribuíram a Israel -, e pelo ataque israelita em Beirute que matou o “número dois” da milícia xiita Hezbollah, Fuad Shukr.

Israel pede a EUA que “pressione” Hamas

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, instou esta sexta-feira os mediadores norte-americanos, qataris e egípcios a “pressionarem” o movimento islamita palestiniano Hamas para alcançarem um acordo de cessar-fogo em Gaza, após mais de dez meses de guerra.

“Israel espera que a pressão [dos mediadores] leve o Hamas a aceitar” o plano proposto no final de maio pelo Presidente norte-americano, Joe Biden, declarou Netanyahu em comunicado, no final de dois dias de negociações em Doha.

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, desloca-se a Israel este fim de semana para impulsionar os esforços diplomáticos em curso por um acordo de cessar-fogo em Gaza, anunciou esta sexta-feira o Departamento de Estado.

Blinken, refere comunicado do Departamento de Estado, vai partir no sábado e procurar “chegar a um acordo para um cessar-fogo [em Gaza] e a libertação de reféns e prisioneiros [israelitas na posse do Hamas] através da proposta de compromisso” apresentada sexta-feira pelos Estados Unidos na mais recente ronda negocial.

Um alto responsável norte-americano, citado pela EFE sob anonimato, afirmou que os três líderes concordaram que o processo negocial “está agora na sua fase final”.

O número de mortes na Faixa de Gaza em resultado da ofensiva israelita ultrapassou os 40 mil, na maioria civis, de acordo com as autoridades locais controladas pelo Hamas.