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O líder do PS/Madeira, Paulo Cafôfo, não desiste da comissão de inquérito parlamentar para apurar as responsabilidades políticas no combate ao incêndio que lavra há uma semana na ilha da Madeira, apesar das críticas feitas à tomada de decisão enquanto o fogo se mantém. Em declarações à Rádio Observador, o dirigente da estrutura regional socialista defendeu tratar-se de “uma matéria de interesse nacional” e que os socialistas estão a cumprir o seu “papel legítimo de defender os madeirenses”. “Houve uma desvalorização deste incêndio que tem responsabilidades políticas, que iremos apurar depois do fogo estar dominado. Até lá essa é a prioridade”, reforçou.

Muito crítico do Presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, e do secretário regional de Saúde e Proteção Civil, Pedro Ramos, diz que “quem exerce cargos públicos e políticos deve sempre tirar ilações da sua conduta e responsabilidade”. “Cabe a ambos tirar essas ilações”, defende, sem assumir se pede a sua demissão. “É preciso perguntar-lhes o que acham que devem fazer quando o fogo for extinto”, disse.

Para Cafôfo, “o Governo regional desvalorizou desde a primeira hora o incêndio e, de forma negligente, não atuou como devia”. O líder do Governo Regional, Miguel Albuquerque, acusou ainda, “está a incendiar ainda mais com intervenções políticas que não beneficiam em nada aquela que deveria ser a concentração neste momento”, que é o combate às chamas.

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Paulo Cafôfo, líder do PS Madeira: “Governo do ziguezague e da mentira”

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Defendendo que “não basta ser presidente para ser líder, é presido demonstrá-lo”, Cafôfo atacou as férias de Albuquerque em Porto Santo durante os dias críticos de fogo — interrompidas para duas visitas ao Funchal. “Acho surreal que o Presidente do Governo só tenha chegado ao fim de quatro dias, que tenha visitado as zonas afetadas e mandado farpas políticas, mais lenha para este incêndio, e que depois se tenha ausentado de novo para Porto Santo. Isto não é atitude de quem é líder”, reforçou. “Há uma coordenação técnica” do combate aos fogos, acrescentou ainda, mas também “uma gestão política”: “E há decisões políticas que importam ser tomadas estando no terreno e importa que quem é líder possa também estar junto da população”.

Mas Cafôfo não se fica por aqui nas críticas. Para o líder do PS/Madeira, é também “preciso perceber porque é que se andou a mentir relativamente às matérias das ajudas, nomeadamente, nas questões do apoio fornecido pela República”. E detalhou aquela que é vista como uma timeline problemática. “Paulo Rangel, Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros de Portugal, contactou o presidente do Governo Regional a disponibilizar ajuda que foi recusada por alegadamente não ser necessária”, começou por explicar. Depois, sábado, “Pedro Ramos, Secretário Regional de Saúde e Proteção Civil, afirmou que se justificava essa recusa porque só estavam a ser usados 10% dos meios disponíveis na Madeira e portanto não era necessário”. Ora, para Cafôfo a ajuda devia ter sido aproveitada porque “os incêndios controlam-se com mais eficácia a partir do momento da ignição”.

Na comissão de inquérito, o PS/Madeira considera ser importante ouvir uma “série de especialistas e entidades ligadas a matérias relacionadas com combate aos incêndios”, assim como “os protagonistas no terreno, nomeadamente, os responsáveis políticos — Miguel Albuquerque e Pedro Ramos —, mas também os responsáveis pela Proteção Civil Regional e até responsáveis políticos nacionais, no sentido de averiguar qual seria a articulação com a República”.

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Depois de ser posta em causa a necessidade de uma comissão de inquérito pelo “Juntos Pelo Povo”, o socialista assegurou que não desistirá de a levar em frente. Mesmo que uma audição de Miguel Albuquerque na Assembleia Legislativa da Madeira fosse esclarecedora, explicou, “a comissão de inquérito tem um nível de escrutínio e avaliação superiores”.

Sobre o combate aos incêndios e aos apoios fornecidos, e perante a possível necessidade de a Madeira adquirir mais um meio aéreo para o combate às chamas, Paulo Cafôfo defendeu que “a proteção civil é regionalizada e, por isso, compete-lhe esta aquisição em primeiro lugar, mas deve haver solidariedade da República” para auxiliar no investimento.

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Na entrevista à Rádio Observador, o líder ao PS/Madeira relembrou ainda que, além da comissão de inquérito, o partido já tem preparado um pacote de medidas legislativas para serem integradas num plano de administração florestal e  salvaguarda do território e da segurança das populações. “Depois dos incêndios, temos olhar para a prevenção”, uma área na qual não se tem apostado, defendeu. “A Madeira nem está integrada no Plano Nacional de Incêndios, quando devia estar. Até porque seria uma forma de articulação relativamente a estas matérias.”