Os Estados Unidos enalteceram esta quinta-feira a coragem e resiliência dos milhões de venezuelanos ao exigirem pacificamente que Nicolas Maduro reconheça que Edmundo González Urrutia recebeu a maioria dos votos nas eleições presidenciais da Venezuela.

Numa nota hoje divulgada, quando se assinala um mês sobre as eleições venezuelanas, o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Matthew Miller, dá conta que desde que os venezuelanos foram às urnas, Nicolás Maduro e os seus representantes “adulteraram os resultados dessas eleições, reivindicaram falsamente a vitória e levaram a cabo uma repressão generalizada para manter o poder”.

“Os Estados Unidos aplaudem a coragem e a resiliência dos milhões de venezuelanos que votaram e que continuam a exigir pacificamente que Maduro reconheça que Edmundo González Urrutia recebeu a maioria dos votos”, pode ler-se na nota.

A Venezuela, país que conta com uma expressiva comunidade de portugueses e de lusodescendentes, realizou eleições presidenciais no passado dia 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória a Maduro com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia obteve quase 70% dos votos.

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A oposição venezuelana e diversos países da comunidade internacional denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente, o que o CNE diz ser inviável devido a um “ciberataque” de que alegadamente foi alvo.

Os resultados eleitorais têm sido contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo de cerca de duas mil detenções e de mais de duas dezenas de vítimas mortais.

De acordo com os Estados Unidos, apesar dos repetidos apelos dos venezuelanos e da comunidade internacional, o CNE, controlado por Maduro, “não conseguiu substanciar os resultados anunciados através da produção de folhas de contagem originais, como fez após as eleições de 2013 e 2018”.

Segundo o Departamento de Estado, a recusa da CNE em cumprir as normas internacionais e venezuelanas de transparência ou em respeitar a vontade do povo venezuelano expressa nas urnas “é uma violação inaceitável das leis da Venezuela, tal como a tentativa do Supremo Tribunal de Justiça (TSJ), controlado por Maduro, de silenciar as vozes dos eleitores venezuelanos ao ratificar o anúncio infundado da CNE de uma vitória de Maduro”.

“Em contrapartida, no início desta semana, um dos próprios reitores do CNE da Venezuela confirmou que Maduro não apresentou provas de que ganhou estas eleições”, constata o documento.

Em vez de responder às exigências de transparência e democracia do povo venezuelano, Matthew Miller refere que Maduro intensificou a repressão “através de ameaças politicamente direcionadas, detenções injustas e indiscriminadas e censura, numa tentativa desesperada de manter o poder pela força”.

“As ações de Maduro exacerbaram a crise venezuelana e deixaram-no cada vez mais isolado da comunidade internacional”, pode ler-se na nota, que adianta que os Estados Unidos reiteram o seu apelo ao regresso ao respeito dos direitos humanos e das normas democráticas na Venezuela, à libertação de todos os presos políticos e ao fim das detenções arbitrárias e de outros atos de repressão contra membros da oposição democrática, dos meios de comunicação social e da sociedade civil.