O líder do CDS-PP, Paulo Portas, considerou sexta-feira à noite que “os portugueses já pagaram muito caro erros do sistema financeiro”, defendendo uma “economia de mercado com responsabilidade ética” e uma regulação forte e supervisão eficiente.
No discurso das comemorações dos 40 anos do partido, que decorreram sexta-feira à noite em Vila Nova de Gaia, Paulo Portas nunca se referiu ao caso do BES mas enfatizou que “os portugueses já pagaram muito caro erros do sistema financeiro”, recordando que o CDS-PP sempre acreditou “numa economia de mercado com responsabilidade ética”.
“Nós não acreditamos no Estado como produtor de riqueza e temos receio do Estado como produtor de dívida, mas queremos um Estado que seja um regulador forte e um supervisor eficiente”, declarou.
Reafirmando a ideia defendida no arranque das comemorações do partido, que decorreram quinta-feira à noite em Lisboa, o vice-primeiro-ministro realçou que “o CDS nunca foi chamado a governar em tempos de bonança” e que “foi sempre convocado às responsabilidades em situações de emergência”.
“É muito difícil fazer história no condicional mas eu admito que se o CDS tivesse exercido responsabilidades em tempo de bonança – como se costuma dizer em tempo de vacas gordas – eu acho que o país seria mais sustentável, por um lado, e por outro teria havido mais justiça social”, sublinhou.
Portas reiterou ainda que o facto de o partido ter sido chamado em tempo de emergência não dispensa “a ambição de ser um partido maior e de ser um partido posto à prova” já que o CDS não cessa a vontade de “poder inspirar com mais determinação e mais influência uma certa ideia de país”.
“Nós não gostamos de ver o nosso país entregue a um sindicato de credores estrangeiros porque houve em Portugal governos irresponsáveis que não souberam controlar o défice nem a dívida”, condenou.
Considerando que “o país tem que ser governado, que o país precisa de governabilidade, que o país tem de ser governável”, o líder centrista recorda que o partido “foi formado numa cultura de partilha de responsabilidades”.
“Nós não temos aquela caricatura de coragem dos partidos de protesto que são tão corajosos, tão corajosos que a única coisa que fazem é protestar, tornam-se profissionais do protesto mas nunca dizem às pessoas o que é que fariam se fossem chamados a governar”, criticou.
Paulo Portas aproveitou ainda o discurso para prestar homenagem aos portugueses pelos sacrifícios dos últimos tempos, considerando que o país é hoje “mais livre do que era há um ano”.
“Eu espero que a sociedade portuguesa seja muito exigente no presente e no futuro e que exija dos responsáveis políticos garantias efetivas de que o que aconteceu em 2011 não voltará a acontecer e que nós não voltaremos a recorrer à dependência do estrangeiro e dos credores e saberemos governar-nos de forma sustentável, razoável e equilibrada”, pediu.
O vice-primeiro-ministro salientou ainda que “o CDS foi sempre um partido que cultivou cordialidade democrática”.
“Nós não somos partidários do excesso de crispação porque sabemos que, muitas vezes, o progresso das nações, sobretudo em momentos difíceis, se faz de muito compromisso, de muita negociação e de muito acordo. E não perdemos a nossa identidade por nos sentarmos à mesa para conseguir alguma coisa de melhor para o bem comum maior de todos chamado Portugal”, declarou.