Os destroços do avião da Air Algerie que se despenhou esta quinta-feira quando fazia a rota entre Burkina Faso e a Argélia, com 116 pessoas a bordo, foram encontrados a poucos quilómetros de Gao, no nordeste do Mali, noticia a televisão pública francesa TF1.

Desaparecido esta madrugada dos radares do controlo aéreo, a queda do avião foi confirmada ao fim da manhã desta quinta-feira. Os destroços foram encontrados por caças Mirage 2000 em Teberim, uma zona desértica situada a cerca de 70 quilómetros da cidade de Gao e a cerca de 500 da fronteira com a Argélia

“Posso confirmar que o avião caiu”, começou por dizer um oficial da companhia aérea à Reuters, recusando avançar com mais detalhes sobre o local onde o avião se despenhou ou sobre as causas do acidente.

O voo AH5017 saiu da capital de Burkina Faso rumo a Argel, no norte do continente africano. A bordo da aeronave iam 110 passageiros, 51 dos quais de nacionalidade francesa, e seis membros da tripulação, de nacionalidade espanhola.

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O mau tempo que se fazia sentir na região poderá ter estado na origem daquele que pode ser o pior desastre aéreo da Air Algerie. De acordo com o ministro dos Transportes de Burkina Faso, Jean Bertin Ouedrago, o avião terá pedido ao controlo aéreo para mudar de rota devido a uma forte tempestade que estava a afectar a visibilidade.

Entretanto, segundo o portal de notícias Al Arabiya News, o ministro da Defesa argelino não exclui a possibilidade de ter sido um “ato terrorista”.

Ao início da manhã a companhia aérea privada espanhola Swiftair anunciava que tinha perdido contacto com um dos seus aviões, operado pela companhia Air Algerie, cerca de 50 minutos depois de ter levantado voo no aeroporto de Ouagadougou, Burkina Faso.

“A Swiftair informa que um avião MD83 operado pela Air Algerie, que descolou às 01h17 de Burkina Faso com destino a Argel e com hora prevista de chegada às 05h10 [horas locais], não chegou ao destino”, lê-se no comunicado divulgado pela companhia de Madrid esta manhã. “Não temos até ao momento contacto com a aeronave”.

De acordo com a companhia, o avião transportava 116 pessoas, sendo que 110 eram passageiros – a maior parte de nacionalidade francesa – e seis eram tripulantes – dois pilotos e quatro assistentes de bordo, todos de nacionalidade espanhola. Entretanto, a lista oficial de passageiros foi publicada no site da agência de notícias argelina APS:

51 franceses a bordo, 27 naturais de Burkina Faso, oito libaneses, seis argelinos, cinco canadianos, quatro alemães, dois luxemburgueses, um suíço, um belga, um egípcio, um ucraniano, um nigeriano, um camaronês e um natural do Mali.

Na página de Facebook do aeroporto de Ougadougou foi dito que Mariela Castro, filha do atual presidente cubano Raul Castro – e sobrinha de Fidel – estaria entre os passageiros. Mas a agência de notícias espanhola EFE já desmentiu os rumores. “Estou viva e bem de saúde, e sinceramente não entendo para que foi todo este show”, disse a sobrinha de Fidel Castro ao canal Telesul, de Havana.

Segundo o El País, o avião terá perdido o contacto quando sobrevoava o espaço aéreo do Mali, já perto da fronteira com a Argélia. “O avião não estava muito longe da fronteira quando pediu para mudar de rota por causa da má visibilidade e para evitar o risco de colisão com outra aeronave”, disseram fontes da Air Algerie, citadas pelo jornal espanhol, acrescentando que o sinal foi perdido depois da mudança da rota. As informações, no entanto, não são claras, uma vez que a imprensa argelina avança que o contacto foi perdido quando o avião sobrevoava o céu de Níger.

Informações que foram chegando ao Twitter durante a manhã através de várias fontes, garantem que a área de Burkina Faso e sul do Mali estava a ser afectada por fortes trovoadas e tempestades quando o avião desapareceu do radar.

De acordo com a ch-aviation, uma base de dados de aviação sediada na Suíça, o avião MD83 tinha sido alugado pela Swiftair à Air Algerie no último dia 2 de julho. O contrato de aluguer do veículo seria assinado durante o verão, disse na altura a ch-aviation. Foi por isso a estreia do veículo naquela rota entre Ouagadoudou e Argel.

A espanhola Swiftair tem um histórico relativamente limpo de acidentes aéreos, com cinco acidentes registados desde 1977, dois dos quais fizeram um total de oito vítimas mortais, lembra a Fundação de Segurança Aérea sediada em Washington.

O caso da companhia aérea argelina é diferente. O maior acidente da Air Algerie foi em 2003, quando um dos seus aviões caiu pouco depois de descolar na cidade argelina de Tamanrasset, no deserto do Sahara. Nessa altura morreram 102 pessoas. Em fevereiro deste ano morreram outras 77 depois de um avião militar se ter despenhado numa montanha no leste do país.

No espaço de pouco mais de quatro meses foram quatro os acidentes aéreos com voos comerciais. O primeiro, da Malaysia Airlines, que desapareceu do radar a 8 de março e ainda não foi encontrado, transportava 227 passageiros a bordo; o segundo foi abatido na zona de conflito no leste da Ucrânia na semana passada, dia 16, e levava 295 pessoas de Amesterdão, Holanda, para Kuala Lampur, Malásia. E ainda ontem, um voo doméstico de Taiwan se despenhou quando fazia uma aterragem de emergência, vitimando pelo menos 47 pessoas.

Há quem lembre a coincidência de estes voos terem o número 7 na sua designação: MH370, MH17, AH5017.