Seis meses de antecedência é o mínimo que se exige ao turista que procura minimizar as suas despesas de viagem. Os preços dos voos internacionais são reduzidos quando a compra é efetuada 171 dias antes da viagem. Mesmo que não faça a reserva de hotel seis meses antes de chegar ao destino, é importante que esteja atento aos preços praticados nas principais unidades hoteleiras. Só assim saberá identificar um bom desconto quando o encontrar.

Se seis meses é a antecedência mínima, então deveria estar a agora a começar a pensar nas próximas férias de verão. Para o ajudar na busca do melhor destino para si e para a sua carteira, o Observador compilou os custos de alojamento, de voos e de alimentação em 55 destinos. Conclusão: vá para leste, desde a República Checa e Polónia à Rússia e à China.

Vá para leste: Lituânia, Polónia, Ucrânia e Rússia são destinos baratos.

Os destinos mais caros são os Estados Unidos da América, a França (o alojamento é muito caro em ambos), a Austrália e a Nova Zelândia (os custos dos voos são elevados).

Para construir o mapa em cima, simulámos a despesa ao longo de uma viagem para uma pessoa de uma semana, entre 2 e 9 de junho de 2015. Foram pesquisados os voos mais baratos para a cidade servida pelo aeroporto de cada país com mais tráfego internacional ou para a capital, na falta desta informação. Usámos o motor de pesquisa do Skyscanner.

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Para o alojamento, calculámos a média do custo de seis noites em cinco hotéis de quatro estrelas na mesma cidade. A pesquisa usou o comparador Trivago, filtrando pelos hotéis com classificação mais alta e, no máximo, a cinco quilómetros do centro da cidade.

Para deduzir as despesas alimentares, aplicámos o índice Big Mac: um estudo anual da revista The Economist que colige os preços dos hambúrgueres da McDonald’s em todo o mundo. Nas simulações, o Observador assumiu uma despesa por refeição equivalente a cinco vezes o preço local de um Big Mac. Em Portugal, as refeições ficariam em 15 euros. Note-se que não recomendamos que os turistas comam unicamente hambúrgueres durante as viagens. Os Big Mac são apenas uma referência para o custo da alimentação em restaurantes.

Os preços e as taxas de câmbio podem mudar muito rapidamente. Se demorar a comprar os seus bilhetes de avião, o custo pode subir substancialmente. Se quiser fixar a taxa de conversão cambial, compre já as divisas estrangeiras junto do seu banco ou de uma agência de câmbios. Mesmo assim, não é possível garantir que os preços não subirão no seu destino antes de lá fechar.

Varsóvia, Polónia

Os voos não são particularmente baratos: cerca de 170 euros pela Wizz Air. O alojamento também não: 73 euros por noite num hotel de quatro estrelas, em média. Nem os restaurantes são especialmente baratos: um hambúrguer custa 27% menos do que em Portugal. Porém, equacionando estes três elementos, Varsóvia é o destino mais barato entre os 55 analisados pelo Observador.

O centro histórico e o castelo atraem turista a Varsóvia. Fotografia: Olaf1541.

A capital da Polónia foi arrasada na Segunda Guerra Mundial, mas, desde então, a velocidade de crescimento tem sido estrondosa. Se tiver tempo para se afastar da energia de Varsóvia, aproveite para conhecer Cracóvia, a 300 quilómetros, e o litoral de Gdansk, 40 quilómetros mais distante.

Moscovo, Rússia

O rublo é o motivo por que Moscovo está na segunda posição desta lista de destinos económicos. A divisa russa depreciou-se 27% face ao euro desde o início de setembro. Um Big Mac junto ao Kremlin custa 89 rublos, segundo a revista The Economist, o equivalente a 1,29 euros, menos de metade do preço em Portugal.

A Catedral de São Basílio é um dos pontos altos da visita à capital russa. Fotografia: Alvesgaspar.

A volatilidade económica da Rússia, muito dependente do petróleo, não garante que o rublo continue barato. Por isso, assim que tiver comprado os vistos e os bilhetes de avião, troque os euros que espera gastar por rublos num banco ou numa agência de câmbios em Portugal.

Praga, República Checa

Tal como Varsóvia, Praga não é um destino especialmente económico ao nível dos custos dos voos, da estadia nem da alimentação. Porém, combinando estes três aspetos, a capital checa converte-se no terceiro lugar mais barato para visitar em meados de 2015. A estabilidade da coroa checa face ao euro deverá manter a situação durante algum tempo.

Igreja de Nossa Senhora diante de Týn

A Igreja de Nossa Senhora diante de Týn está no centro da Cidade Velha de Praga.

Ao contrário de Varsóvia, Praga não foi devastada pela Segunda Guerra Mundial. O centro medieval mostra uma panóplia de igrejas e catedrais, banhada pelo rio Moldava, povoado por cisnes, e controlado pelo castelo do século IX.

Kiev, Ucrânia

Este é um destino para os mais audazes. Há mais de um ano, desde que os apoiantes da aproximação europeia tomaram a Praça da Independência, em Kiev, que a situação é instável na Ucrânia. “A atual situação de crise política nas regiões a leste e sul da Ucrânia que envolvem confrontos públicos entre os separatistas e as forças armadas governamentais desaconselham quaisquer deslocações não essenciais a estas regiões da Ucrânia”, refere a Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas como conselho aos viajantes. As ações militares permanecem nas regiões de Donetsk, Luhansk e na Península da Crimeia.

A estátua da Mãe Pátria, no Museu da Grande Guerra Patriótica, em Kiev.

A cotação da grívnia, a divisa ucraniana, face ao euro está em queda desde que há moeda única europeia. Perdeu cerca de 65% desde o início de 1999. Nos 55 países analisados pelo Observador, a Ucrânia é onde um hambúrguer Big Mac é mais barato: 19 grívnias, o equivalente a 96 cêntimos de euro. Todavia, não é só o baixo custo das refeições que o devem apelar a visitar a capital ucraniana (embora a ementa seja atrativa, incluindo o frango à Kiev): por ser uma das mais antigas cidades da Europa de leste, é rica em património cultural e arquitetónico, com destaque para a Catedral de Santa Sofia e o Mosteiro de Kiev-Petchersk.

Madrid, Espanha

A proximidade poderia sugerir que o custo de umas férias na capital espanhola fosse mais em conta. Embora isso seja verdade para o custo do transporte (a easyJet voa em junho a partir de Lisboa por um mínimo de 57 euros), para a alimentação e para o alojamento não se confirma que Madrid seja tão económica como os destinos anteriores.

A Praça Maior, com lojas sob os pórticos, é um ponto turístico. Fotografia: Sebastian Dubiel.

Segundo o índice Big Mac, as refeições na capital espanhola são 22% mais caras do que em Portugal. Os hotéis de quatro estrelas de Madrid, cujos custos roçam os 100 euros por noite, ficam na vigésima posição na lista dos 55 destinos mais baratos.

Uma viagem até Madrid pode ser um ponto de partida para explorar todo o reino. Há muito para ver e fazer, não fosse Espanha o segundo país onde os turistas estrangeiros mais gastam dinheiro.

Vílnius, Lituânia

Não há voos diretos para Vílnius, mas, através de uma escala em Bruxelas, a Brussels Airlines leva-o lá por cerca de 200 euros em junho do próximo ano. Na capital lituana, os seus euros rendem muitas litas, a moeda local, para gastar na exploração da cidade histórica. O desenvolvimento cultural e arquitetónico da Europa oriental deve muito a Vílnius, o que se nota nos edifícios góticos, renascentistas, barrocos e neoclássicos. Apesar das muitas invasões e destruições registadas desde os tempos medievais, o esplendor do centro histórico levou-o a ser classificado como Património Mundial pela Unesco.

Pouco resta do castelo de Vílnius. Destaque para a Torre de Gediminas. Fotografia: Bernt Rostad.

Para os amantes da música erudita, a capital da Lituânia recebe anualmente, por volta do mês de junho, um dos grandes eventos europeus, o Vilnius Festival. Pode ser uma boa desculpa para voar até lá.

Atenas, Grécia

A crise grega afetou gravemente o turismo no país. Em 2012, o número de entradas de visitantes estrangeiros caiu 5,5%. Todavia, a economia helénica já ultrapassou os ventos desfavoráveis: em 2013, o número de turista aumentou 15,5%. Porém, os visitantes não estão a ir para Atenas. O crescimento do número de passageiros de tráfego aéreo foi quase todo para as ilhas de Creta e de Rodes. O tráfego no aeroporto de Atenas caiu 3,7% em 2013.

A Acrópole é o ponto alto da visita a Atenas. Fotografia: Ggia.

Há muitas coisas para conhecer em Atenas, um dos berços da civilização, desde o Museu Nacional Arqueológico até ao Partenon, na Acrópole. A vida noturna é vibrante e segura, desde que o visitante se mantenha afastado dos eventuais protestos que se agregam normalmente na Praça Sintagma (onde está o parlamento), na Praça Omonoia, na Universidade Politécnica e no bairro Exárchia.

Budapeste, Hungria

Os quase 11 milhões de turistas que visitam a Hungria anualmente ultrapassam o número de cidadão da nação magiar. Pelo seu charme, Budapeste é conhecida por “Paris do leste”. Como a Paris original está na terceira posição dos destinos mais caros, justifica-se a troca pela capital húngara.

A ponte Széchenyi liga Buda e Peste sobre o Danúbio.

A Wizz Air, a companhia aérea de baixo custo de origem húngara, voa diretamente para Lisboa a partir de Budapeste. Os preços de ida e volta em junho começam nos 200 euros.

Frankfurt, Alemanha

O aeroporto de Frankfurt, uma das principais capitais financeiras do mundo, é o terceiro com mais tráfego na Europa (a seguir ao londrino Heathrow e ao parisiense Charles de Gaulle). Um bilhete de ida e volta em junho de Lisboa, Faro ou Porto custa, pelo menos, 200 euros. Porém, se optar pelo aeroporto Frankfurt-Hahn, consegue baixar o preço para 64 euros, se voar pela Ryanair. No entanto, esta opção alarga o tempo de percurso para o centro da cidade de dez minutos para quase duas horas em transportes públicos.

Frankfurt espelhada no Meno, que desagua no Reno a 35 quilómetros. Fotografia: Roland Meinecke.

Frankfurt é uma cidade de contrastes. Por um lado, é possível visitar os edifícios vanguardistas do distrito financeiro, que alberga o Banco Central Europeu e a Deutsche Börse, a segunda maior bolsa de valores da Europa continental. Por outro, pode caminhar-se pelos bairros tradicionais menos conhecidos, como Bockenheim, Bornheim e Sachsenhausen.

A cidade alberga muitas feiras comerciais internacionais, como o Salão do Automóvel de Frankfurt, o maior a nível global. Por isso, tente marcar o alojamento com muita antecedência.

Pequim, China

Entre os dez destinos mais baratos para 2015, o voo para Pequim destaca-se: custa cerca de 500 euros, mais do dobro do segundo mais caro. Porém, o custo de vida é baixo. As refeições são 26% mais baratas do que em Portugal, usando o índice Big Mac como bitola. Reservar agora um hotel de quatro estrelas na capital chinesa representa uma despesa diária de cerca de 65 euros, o quarto preço mais baixo entre os 55 destinos internacionais (depois do Vietname, da Costa Rica e do Uruguai).

O Templo do Céu é uma paragem obrigatória na capital chinesa. Fotografia: Trey Ratcliff.

Pequim é um dos destinos obrigatórios para quem gostar de viajar. A capital e os arredores albergam seis locais classificados como Património da Humanidade pela Unesco, apenas menos um do que todo o Egito. A Grande Muralha da China, a Cidade Proibida e o Templo do Céu são os mais conhecidos. Em termos arquitetónicos e culturais, não só é possível perceber a ascensão do Império do Meio, como pode testemunhar-se as ambições atuais, através de exemplos como o Grande Teatro Nacional, o Estádio Nacional de Pequim ou a sede da estação televisiva estatal (CCTV).