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Rui Rocha e Carla Castro são candidatos à presidência da IL
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Rui Rocha e Carla Castro são candidatos à presidência da IL

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Rui Rocha e Carla Castro são candidatos à presidência da IL

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Acordo falhado com Carla Castro abre espaço a terceira via na IL. "Liberais clássicos" admitem candidato alternativo

Simões de Melo admite nova candidatura por os "liberais clássicos" não estarem representados nos atuais dois candidatos. Com mais tempo e sem o 'sim' de Carla Castro, terceira via está mais próxima.

Tempo, espaço e uma linha de pensamento que não está suficientemente refletida nas atuais candidaturas. Com as eleições da Iniciativa Liberal marcadas para janeiro (e não dezembro, como estava previsto) os interessados em apresentar listas aos vários órgãos do partido ganham quase dois meses para se juntar à corrida em que Rui Rocha e Carla Castro são já protagonistas. Mas quem se pode chegar à frente para concorrer contra os nomes já apresentados e que força podem conseguir?

Os dois candidatos que estão na corrida para suceder a João Cotrim Figueiredo têm uma vida mais facilitada do que qualquer membro-base que pondere candidatar-se: são deputados (os membros do partido com maior visibilidade a nível nacional), faziam parte da atual Comissão Executiva e têm assento por inerência no Conselho Nacional.

Por outro lado, o aparecimento de mais do que uma candidatura neste contexto reflete a existência de uma (já anunciada) divisão dentro do partido. Se o avanço de Rui Rocha representa uma linha de continuidade com João Cotrim Figueiredo (desde logo pelo apoio imediato), a de Carla Castro está a ser vista como uma rutura com essa mesma corrente — ainda que a grande diferença entre os dois esteja na gestão interna do partido.

“[Está] em cima da mesa a possibilidade de a Lista B poder apresentar uma ‘terceira via’ à Comissão Executiva"
Lista B, encabeçada por Nuno Simões de Melo

A grande incógnita está no espaço que existe para o aparecimento de uma terceira lista, sendo que as hipóteses aumentaram com a decisão do Conselho Nacional de marcar a Convenção eletiva para janeiro e não para dezembro — uma proposta que Rui Rocha colocou em cima da mesa ainda antes de Carla Castro apresentar a candidatura.

Até ao momento, mais do que nas candidaturas à direção do partido, as várias linhas de pensamento da IL estão espelhadas nas candidaturas ao Conselho Nacional. O Observador sabe que há pelo menos cinco listas a serem preparadas para este órgão do partido, sendo que quatro delas pertencem à oposição da atual Comissão Executiva e apenas uma terá o apoio da candidatura de Rui Rocha.

É exatamente de uma dessas correntes que surge a lista que mais se tem posicionado para uma possível candidatura: a Lista B, onde se reveem os “liberais clássicos” do partido. Ainda antes da decisão de Cotrim Figueiredo, que levou à necessidade de antecipar eleições para o mais relevante órgão do partido, já Nuno Simões de Melo anunciava ser protagonista de uma lista ao Conselho Nacional, mas o liberal viu na decisão uma possibilidade mais ampla.

Depois das decisões do Conselho Nacional e com um afastamento de Carla Castro dos “liberais clássicos”, a lista de Simões de Melo voltou a deixar claro que não está de fora da corrida: “Perante esta inércia, é esta a altura para dar a cara e a Lista B nunca se demitirá da responsabilidade de assumir uma posição clara face aos temas importantes para o partido e para o país, estando, por esta mesma razão, e até declaração em contrário, em cima da mesa a possibilidade da Lista B poder apresentar uma ‘terceira via’ à Comissão Executiva.”

Nuno Simões de Melo acredita que não pode “perder a oportunidade de demonstrar que a Iniciativa Liberal é um partido aberto a todos e que se preocupa com todo o país e não apenas o Porto e Lisboa”.

Carla Castro dá nega a “liberais clássicos” e deixa conservadores com poucas alternativas

Os “liberais clássicos” têm condições para ir a votos para a liderança?

Nuno Simões de Melo não tem dúvidas de que há, entre os liberais que se definem como “clássicos”, quadros suficientes para fazer uma lista candidata à Comissão Executiva.

Tendo em conta os atuais estatutos da IL, uma lista à Comissão Executiva tem de ter, no mínimo, 15 elementos (e um máximo de 25), e são precisas 50 pessoas para uma lista candidata ao Conselho Nacional.

Até ao momento são conhecidos oito elementos para o Conselho Nacional e a Lista B quer também ter presença em listas para o Conselho de Jurisdição e o Conselho Fiscal.

Entre os candidatos, está Mariana Nina, a primeira subscritora da moção mais polémica apresentada na última Convenção da IL. Intitulada “Em defesa da liberdade”, a moção contava com o apoio e defesa de Catarina Maia, da atual Comissão Executiva e que ainda não se posicionou oficialmente nesta corrida, mas que, sabe o Observador, está próxima da Lista B.

A moção foi um dos pontos que mais dividiu os liberais durante a reunião magna e os próprios proponentes o previram: “Correndo o risco de sermos injuriados e [chamados de] egoístas, de não-anti-racistas, de negacionistas, de objetivistas, de conservadores, de tudo e de mais alguma coisa, é isto, em suma o que nós esperamos da Iniciativa Liberal: que defenda com unhas e dentes, contra tudo e contra todos, a vida, a liberdade e a busca pela felicidade de cada indivíduo.”

Polémica. Moção do “pânico moral” divide liberais

Um dos nomes que surgiu contra a moção — e que obteve até resposta direta de Catarina Maia — foi Vicente Ferreira da Silva, que apelou ao voto contra e sublinhou que era preciso esclarecer o porquê da IL defender “valores como a liberdade e responsabilidade, a transparência e clareza”. Vicente Ferreira da Silva é, agora, um dos membros da atual Comissão Executiva que apoia Carla Castro e que, através do Facebook, fez questão de garantir que “mais clareza não é possível” relativamente aos “liberais clássicos”.

Além de Mariana Nina, quem está ao lado de Nuno Simões de Melo é Cláudia Nunes, conhecida no seio liberal como Cláudia Shandi, um dos nomes dos ‘conservadores-liberais’ e uma das pessoas mais criticadas pelos progressistas do partido.

A presença de Cláudia Nunes ao lado de Carla Castro, nos ecrãs das televisões, na primeira intervenção após o anúncio da candidatura — onde também estava Paulo Carmona, um dos membros da Comissão Executiva que apoia a deputada e que deixou o lugar de assessor no gabinete parlamentar para ser diretor de campanha da ex-coordenadora do gabinete — levou a candidata a perder o apoio de vários jovens progressistas que se colocaram ao lado de Carla Castro no momento em que decidiu apresentar a candidatura.

A verdade é que Nuno Simões de Melo conta com vários nomes conhecidos no seio dos liberais ‘esgotados’ na lista ao Conselho Nacional e o grande desafio será — no caso de construir uma equipa para a direção da IL –, apresentar nomes com força para disputar umas eleições que têm dois protagonistas saídos da equipa de João Cotrim Figueiredo e que abarcam grande parte do eleitorado dentro do partido.

O apoio que Carla Castro recusou

No dia em que a ex-coordenadora do gabinete de estudos se chegou à frente, o apoio dos “liberais clássicos” parecia óbvio. Num comunicado enviado às redações, surgia o posicionamento da equipa liderada por Simões de Melo: Carla Castro é uma “lufada de ar fresco” e vai ser encetado um “diálogo com a candidata com vista à construção de uma plataforma de entendimento entre as duas listas” e à “incorporação” das ideias no programa — mais tarde soube-se que havia também o interesse de integração de pessoas na lista.

A falta de uma resposta formal de Carla Castro dava esperança aos “liberais clássicos”, mas a equipa veio esclarecer, em declarações ao Observador, que a deputada não era “independente de pressões e negociações”, e que alguns posicionamentos da Lista B não têm lugar na linha seguida pela ex-coordenadora do gabinete de estudos.

E foram até mais longe, dando como exemplo a não crença dos “liberais clássicos” em “linhas vermelhas ou cercas sanitárias a partidos legais em Portugal” — uma posição que pode ser confirmada no site da lista protagonizada por Nuno Simões de Melo.

Para a lista da candidata, a falta desta cerca ao partido liderado por André Ventura — que a atual direção de Cotrim Figueiredo sempre deixou claro — não deixou margem para dúvidas. “Têm um site que diz que o Chega não é linha vermelha. A nossa linha vermelha é o Chega”, esclarecia uma fonte próxima de Carla Castro.

Os “sinais contraditórios” notados pelos “liberais clássicos” levou a um ultimato, mas com a certeza de que ainda sonham com Carla Castro: “Não temos todo o tempo do mundo.” Nuno Simões de Melo considera que para a candidata continuar a ser vista como “lufada de ar fresco” e não como uma “corrente de ar” é preciso integrar várias “correntes de opinião”.

Ala conservadora ainda sonha com Carla Castro e faz mais uma tentativa de aproximação: “Não temos todo o tempo do mundo”

Uma terceira candidatura pode mudar o rumo das eleições?

A grande aposta de Carla Castro é nas bases do partido, tendo em conta que Rui Rocha tem o apoio da maior parte dos órgãos dirigentes e das elites do partido. Quando avançou para a candidatura, tornou-se claro que foi vista como uma alternativa à linha seguida por Cotrim Figueiredo e reuniu rapidamente os apoios dos descontentes e desalinhados do partido.

Um dos mais importantes desafios que a candidata continua a ter nas mãos é a questão dos liberais mais conservadores, uma das correntes do partido com menos representatividade nos órgãos da IL, que procura ganhar espaço e que vê no atual momento — e na candidatura de Carla Castro — uma oportunidade.

Mas o ‘não’ a esta corrente pode trazer problemas à candidatura, nomeadamente pela possibilidade de perder votos que, à partida para esta corrida, seriam seus. Desde logo o exemplo da Lista B, que continua à procura de um entendimento.

Aliás, no Conselho Nacional esteve em cima da mesa uma proposta para que a Iniciativa Liberal tivesse uma segunda volta caso nenhum dos candidatos conseguisse uma maioria absoluta. A proposta foi travada pela maioria dos conselheiros, mas era vista por apoiantes de Carla Castro como benéfica para a candidata que, com os desalinhados e descontentes, conseguiria mais apoio na segunda volta, mesmo que numa primeira houvesse uma maioria divisão.

Num momento em que perdeu o presidente que levou ao sucesso eleitoral e à eleição de oito deputados, a Iniciativa Liberal está de calculadora na mão e à procura de um novo rumo que pode ter três alternativas: Rui Rocha com uma linha de continuidade de Cotrim Figueiredo, Carla Castro com uma candidatura que se quer distanciar da corrente atual, mas que precisa dos descontentes para o fazer, e a equipa de Nuno Simões de Melo, que procura mais espaço para os “liberais clássicos” dentro do partido.

Contagem de espingardas na IL. Rui Rocha tem apoio da elite e da bancada, Carla Castro aposta tudo nas bases

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