[Veja aqui se entrou no Ensino Superior]

Há mais 15% de estudantes colocados em cursos com maior concentração de notas altas. Esta é uma das novidades do concurso nacional de acesso ao ensino superior que, em 2019, tem muitas curvas ascendentes: há mais estrangeiros, mais alunos com deficiência, mais emigrantes e as instituições de fora de Lisboa e Porto conseguiram chamar mais alunos. Os dados são do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

Os dados individuais já podem ser consultados no site da DGES, desde a meia-noite de domingo, e também pode consultar a tabela que o Observador disponibiliza, confirmando qual foi a média do último aluno a entrar em cada curso.

Segundo o gabinete do ministro Manuel Heitor, “o número de colocados em ciclos de estudo com maior concentração de melhores alunos (índice de excelência dos candidatos), aumentou cerca de 15% face ao ano anterior, mostrando que as instituições e a procura responderam positivamente às medidas entretanto implementadas de definição de vagas”. O índice de excelência relaciona o número de candidatos colocados em 1.ª opção com nota igual ou superior a 17 valores com as vagas iniciais fixadas.

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O aumento das vagas nos cursos de excelência foi, este ano, a alteração mais significativa do despacho que regula os lugares disponíveis ao ensino superior. Os cursos mais procurados pelos alunos com média superior a 17 são, entre outros, Engenharia Física Tecnológica, Engenharia Aeroespacial e Matemática Aplicada e Computação, do Instituto Superior Técnico, em Lisboa, ou Engenharia e Gestão Industrial e Bioengenharia, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. De fora da possibilidade de aumento ficaram os cursos de Medicina.

Não são só os bons alunos que aumentam. Os números divulgados pelo ministério mostram que também os estudantes colocados nas instituições localizadas em regiões com menor pressão demográfica sobem, embora não com números tão significativos. Esta tem sido outra bandeira de Manuel Heitor, que, em 2018, reduziu pela primeira vez as vagas em Lisboa e no Porto. As menos 1.100 vagas puderam ser aproveitadas nesse ano por instituições fora das duas principais cidades do país, tendo o ministro assumido, por diversas vezes, que esta tendência será para manter nos próximos anos. Este ano, o corte manteve-se.

“O número de estudantes colocados nas instituições localizadas em regiões com menor pressão demográfica cresce 2,6%, tendo-se reduzido 0,1% nas instituições localizadas em Lisboa e Porto. Quando considerados relativamente a 2015, o número de estudantes colocados nas regiões de menor pressão demográfica cresceu 13%”, sustenta o gabinete de Manuel Heitor na nota enviada às redações.

Em relação aos contingentes especiais, o número de estudantes emigrantes colocados aumenta 18% face ao ano anterior (uma subida de 147% desde 2015), enquanto os estudantes com deficiência sobem 21% face a 2018 (mais 87% desde 2015), o que o ministério considera ser um reflexo “das alterações legislativas introduzidas neste domínio”. Por último, há cerca de 40% mais estudantes internacionais, o que “deverá superar 7.000 novos estudantes, confirmando a afirmação internacional do ensino superior em Portugal”, lê-se na nota do gabinete de Manuel Heitor.

No total, o Ministério do Ensino Superior estima que haverá cerca de 77 mil novos estudantes no ensino superior público no atual ano letivo, salientando também um aumento nas formações curtas de âmbito superior, ou seja, os cursos técnicos superiores profissionais (TeSP) que têm duração de dois anos e são lecionados exclusivamente no ensino superior politécnico. Este ano haverá 9.625 novos alunos.

44.500 estudantes entraram para o ensino superior

Esquecendo os referidos aumentos, o cenário deste ano não é muito diferente do padrão habitual: 44.500 estudantes conseguiram garantir um lugar nas universidades e politécnicos do país, o que representa uma taxa de sucesso de 87,2%. De fora, ficaram 6.536 estudantes que não conseguiram lugar em nenhuma das seis opções a que se candidataram.

As variações estatísticas não são significativas. Ficou colocada mais meia centena de alunos do que no ano anterior, quando a taxa de sucesso ficou nos 89,1%. Para aqueles que não tiveram sucesso, das mais de 51 mil vagas postas a concurso, sobraram 6.734 lugares para a 2.ª fase do concurso, a maioria em politécnicos, como acontece quase todos os anos.

A esmagadora maioria (87,1%) dos alunos conseguiu lugar numa das suas três primeiras opções, e mais de metade (53,1%) conseguiu ficar colocada na primeira opção. Em ambos os casos há uma queda em relação ao concurso do ano passado de, respetivamente, 1,1% e 1,6%. Embora a taxa de sucesso na colocação tenha diminuído, o número de colocados aumentou.

Os mais de 44 mil alunos colocados fazem de 2019 o quarto ano em que mais estudantes conseguiram lugar na rede pública do Ensino Superior desde 2003, mantendo-se o recordista o ano de 2010, com 45.592. Em termos percentuais, colocados versus candidatos, fica em 8.º lugar, com os melhores resultados a serem os de 2013, quando entraram 92,5% dos alunos.

Para quem não entrou, a próxima oportunidade de ingresso começa imediatamente. De 9 a 20 de setembro decorrerá a apresentação da candidatura à 2.ª fase onde, para além das vagas sobrantes, são postas a concurso as vagas ocupadas na 1.ª fase do concurso em que não se concretizou a matrícula e inscrição.

E onde é que estão esses lugares? Olhando para as áreas de estudo, em Engenharias e Afins sobram 1.846 vagas. Logo a seguir, aparecem as 666 vagas em Ciências Empresariais e, em terceiro lugar, com 540 a área de Saúde (o ano passado aparecia em sexto lugar). A fechar o top 5 está Arquitetura e Construção  (525) e Agricultura, Silvicultura e Pescas (511). A instituição com mais vagas sobrantes é o Instituto Politécnico de Bragança.

Engenharia mantém-se no topo

Desde há quatro anos que Medicina vem a perder terreno para a Engenharia e continua a ser assim este ano. Apesar de tudo, em 2018, o primeiro curso de Medicina aparecia em sétimo lugar e, este ano, sobe na tabela para a quinta posição quando se olha para a nota do último candidato a entrar no curso através do contingente geral.

Assim, as quatro melhores notas de entrada são todas para cursos de Engenharia e distribuem-se por duas instituições: Engenharia Aeroespacial (189,5) e Engenharia Física Tecnológica (188,8), lecionadas no Instituto Superior Técnico; Bioengenharia (186,5) e Engenharia e Gestão Industrial (186,5), ministradas na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.

O quinto lugar é para um curso de Medicina que, como nos últimos concursos, é o do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto (185,0).

Entre os 10 cursos em que a nota do último colocado ficou acima de 18 valores, surgem ainda Matemática Aplicada à Economia e à Gestão, do Instituto Superior de Economia e Gestão (Universidade de Lisboa); Matemática Aplicada e Computação, do Técnico; dois cursos de Medicina — da Universidade do Porto e da do Minho; e Engenharia Biomédica, também do Técnico.

O que procuram os estudantes?

Os cursos de Engenharia e Técnicas Afins são os mais procurados pelos alunos e foram a escolha de 7.545 estudantes. A seguir, a escolha recai sobre Ciências Empresariais (6.961 alunos), seguidas de muito perto pelos cursos de Saúde (6.126).

As universidades continuam a receber mais alunos do que os politécnicos e o top 3 mantém-se inalterado: a Universidade de Lisboa (7.207), a do Porto (4.024) e a de Coimbra (3.182) são as que colcoam mais estudantes. Do outro lado da tabela fica a Escola Superior Náutica Infante D. Henrique, onde entraram apenas 96 novos alunos.

À semelhança do ano passado, o ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa e as três escolas superiores de Enfermagem de Lisboa, Porto e Coimbra conseguiram preencher 100% das vagas logo na primeira fase. A este grupo, junta-se este ano também a Universidade Nova de Lisboa.

Os alunos que ficaram colocados na 1.ª fase do concurso devem agora proceder à matrícula, segundo os prazos estipulados pelas diferentes instituições de ensino superior de forma a garantir a sua vaga, mesmo que optem por concorrer à 2.ª fase do concurso nacional de acesso. Se o fizerem e ficarem colocados, a vaga da 1.ª fase, a matrícula e a inscrição são anuladas. Caso já tenha sido paga alguma propina ela é transferida para a nova instituição.