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Bloco de notas de reportagem no BE. Dia 2. Memória, empatia e uma carruagem (quase) vazia

A candidata do Bloco de Esquerda começou o dia com uma ação que poderia ter sido um flop. Catarina Martins animou a manhã e Marisa Matias usou popularidade da rua para salvar o segundo dia de campanha

O segundo dia da campanha de Marisa Matias tinha tudo para ter começado mal, com uma ação numa carruagem quase vazia. Nas declarações que a candidata fez de manhã à imprensa voltou a não entrar em despiques com adversários e centrou-se novamente num discurso exclusivamente direcionado aos assuntos europeus. A viagem na linha do Alentejo serviu para pedir mais investimento na ferrovia e para criticar o plano Juncker.

“Lembro-me de si”. Marisa Matias não se esquece do que viu em Monchique depois dos incêndios

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Falou da necessidade de investir nos transportes pela questão climática, tentando capitalizar uma bandeira que tem trazido os jovens para a rua desde que Greta Thunberg decidiu começar uma manifestação a solo que ganhou escala global. Um eleitorado que o Bloco de Esquerda sempre valorizou e que parece querer segurar nestas europeias.

Uma manhã frouxa seguida de um início de tarde ainda menos promissor, com uma visita formal ao quartel dos Bombeiros de Monchique. O dia só animou verdadeiramente com a última ação da tarde: a visita a Alferce. Aí, a candidata dispôs de tempo para conversar com várias pessoas e apostou forte no talento que tem para as ações de rua — um trunfo que não deve descurar ao longo desta campanha, a julgar pela agenda provisória da campanha.

Ouve muito e fala menos, tentando sempre encontrar pontos que agarrem os interlocutores. Neste caso, valeu-se de uma visita que o Bloco de Esquerda fez a esta aldeia na sequência dos incêndios de Monchique. Usou a memória e o conhecimento do tema para quebrar o gelo e criar empatia com os habitante de Alferce, que saíam sempre satisfeitos. Fechou bem um dia de campanha que parecia não vir a ser mais do que morno.

“Lembro-me de si”

A frase foi repetida sucessivamente por Marisa Matias durante a visita a Alferce, em Monchique. O esforço da candidata por criar empatia com os habitantes que se acanharam com a sua chegada resultou e foram poucos os que não saíram animados das conversas com a eurodeputada. A deixa foi muitas vezes a mesma: “Lembro-me de si”. Os detalhes que acrescentava a seguir provavam que não estava a mentir e deixavam os populares mais que satisfeitos: “Ela lembra-se mesmo”, chegou a comentar um dos habitantes de Alferce.

Alto. Um reforço chamado Catarina Martins que ajudou a ação matinal de Marisa Matias. A líder do Bloco de Esquerda entrou na campanha e pôs o Bloco de Esquerda na agenda logo pela manhã. Um dado que em campanha funciona como golo marcado fora de casa: conta a dobrar. Não se esquivou a nenhuma pergunta e ainda deixou recados a António Costa, constatando “os recuos do PS” em dossiês como as leis de bases da Saúde e da Habitação ou como a legislação laboral. Ainda houve tempo para elogiar o silêncio de Marcelo Rebelo de Sousa durante a crise política. Uma passagem breve mas eficaz da coordenadora do partido, que se estreou no período oficial da campanha das europeias.

Baixo. Viagem de comboio. O objetivo era evidenciar a ausência de condições para viajar na linha do Alentejo. O trajeto escolhido — Vila Nova da Baronia-Beja — fez-se em pouco mais de meia hora numa carruagem a precisar de renovação. Na mente dos bloquistas estava uma ação que pudesse servir também para contactar com a população. Algo que não aconteceu, já que havia apenas cinco passageiros no comboio. Provavelmente ninguém deu pela passagem do Bloco de Esquerda em Beja. Isto num dia em que o PS também por lá passou.

Quando Joaquim Barrocas, 87 anos, entrou no comboio da linha do Alentejo esta manhã não adivinhava o que a viagem lhe reservava. Uma enchente a invadir o comboio.

Não demorou muito a perceber a razão. As câmaras de televisão apontavam todas na direção de duas pessoas: Marisa Matias e Catarina Martins, que se sentaram frente a frente nos primeiros lugares livres que encontraram. Depois de cumprimentarem os cinco passageiros que viajavam naquele vagão, foram mantendo uma conversa com os membros do Bloco de Esquerda local. As câmaras procuravam o melhor ângulo para captar a conversa em que José Gusmão também ia entrando a espaços. Joaquim Barrocas foi obrigado a afastar-se algumas vezes. Parecia sempre estar sentado no sítio onde todos os repórteres de imagem queriam estar.

Depois de levar um pequeno encontrão levantou a mão e sorriu de forma atabalhoada. “Não tem mal”, respondeu enquanto levantava a mão aberta. “Hoje é uma viagem um pouco diferente“, desabafou. Os encostos que sofreu não passaram despercebidos a Catarina Martins, que já no fim da viagem se foi desculpar-se, garantindo que o motivo para o partido estar ali era o de “melhorar as condições em que viajam os passageiros deste comboio”. “Não tem mal”, repetiu Joaquim Barrocas.

“É bom que venham. Mas acho que isto não vai mudar assim tão rápido”, disse mais tarde ao Observador. “Fui ferroviário e sei do que falo“, lamentou antes de se levantar para ir ter com a sua mulher, que já se tinha levantado do sítio para sair na paragem seguinte.

A tarde de Marisa Matias foi dedicada a visitar Monchique e uma das aldeias mais afetadas no concelho pelos incêndios de agosto passado. Os bombeiros queixaram-se da falta de meios. “Temos mais recursos para combater incêndios urbanos do que incêndios florestais, sendo que o nosso território é maioritariamente florestal”, exemplificou o comandante do quartel dos Bombeiros Voluntários de Monchique.

LUÍS FORRA/LUSA

LUÍS FORRA

Mas os problemas não passam só pela falta de recurso. “É preciso mais sensibilização. Acabámos de abrir de 17 vagas e não temos quase ninguém interessado”. O apelo ficou no ar. Marisa Matias pôde apenas concordar e constatar que é preciso pensar de forma estruturada o combate e a prevenção dos incêndios.

A comitiva do Bloco de Esquerda começou o dia em Vila Nova da Baronia para fazer uma viagem de comboio na linha do Alentejo até Beja. 45 quilómetros pela ferrovia a que se sumariam 160 até Monchique e mais nove até Alferce, para duas visitas inteiramente dedicadas ao tema dos incêndios. A última ação do dia realiza-se em Almancil (Faro), de onde a caravana parte ainda esta terça-feira para Santarém, onde vai pernoitar. São quase 600 quilómetros num dia — 580, mais precisamente.

Total percorrido desde segunda-feira: 766 quilómetros.

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