790kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

Em junho, o cabaz de preços registou variações de preço menores.
i

Em junho, o cabaz de preços registou variações de preço menores.

Em junho, o cabaz de preços registou variações de preço menores.

Preços nos supermercados estabilizam entre maio e junho, após período de aumentos “impossível de controlar”

Após um mês de aumentos vertiginosos nos supermercados, o cabaz mensal preparado pelo Observador revela que entre maio e junho, os preços estabilizaram. Mas a inflação já pesa no bolso das famílias.

Depois das subidas fulgurantes de abril, maio trouxe alguma estabilização aos rótulos das prateleiras dos supermercados. Pelo menos em relação ao mês anterior. Numa altura em que a taxa de inflação atinge máximos de três décadas, os preços praticados pela grande distribuição têm aumentado a pique em categorias de produtos como a massa, os óleos alimentares ou a farinha, mais afetados pela guerra na Ucrânia. Mas se entre 1 de abril e 1 de maio foram registadas subidas de preços significativas em vários destes produtos, e noutros, já a entrada no mês de junho trouxe poucas diferenças à conta final das famílias em relação a maio. Em comparação com abril, primeiro mês desta recolha, os aumentos mantêm-se.

Dos ovos à farinha. Entre abril e maio, (quase) tudo a inflação aumentou

O cabaz mensal preparado pelo Observador é composto por um conjunto de bens considerados essenciais para uma família com filhos. São eles ​​óleo alimentar, atum, farinha, arroz, massa, bolacha Maria, cereais Corn Flakes, leite, farinha láctea, maçãs, bacalhau, frango, feijão, ovos, açúcar, pão, papel higiénico e fraldas. As comparações têm como base os preços verificados no primeiro dia (no caso de maio, no segundo) de cada mês nos sites de três hipermercados.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O objetivo desta recolha não é fazer comparações entre superfícies comerciais. É, sim, acompanhar a evolução dos preços dos produtos selecionados a cada mês, no atual contexto de elevada inflação.

Tal como o Instituto Nacional de Estatística (INE) revelou esta terça-feira, a taxa de inflação homóloga de maio terá disparado 8%, para o valor mais elevado desde fevereiro de 1993. O índice relativo aos produtos alimentares não transformados terá escalado para 11,7%, que comparam com os 9,4% de abril. Mas estes são os valores que comparam com o mesmo período do ano passado. Os números em cadeia, ou seja, a comparação face ao mês anterior, revelam que o índice de preços no consumidor (IPC) terá subido 1% maio, uma desaceleração face aos 2,2% de abril, o que ajudará a explicar a estabilização dos preços no supermercado.

Na prática, no mês passado “houve uma transferência do aumento dos custos dos fatores de produção para os produtos”, explica Gonçalo Lobo Xavier, diretor geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED). Ou seja, “os produtos que estiveram à venda em maio já foram inflacionados na compra em março e abril, e já incorporaram a guerra, os custos da energia e do transporte. Em março e abril ainda tínhamos esse crescimento, que foi impossível de controlar”, explica Gonçalo Lobo Xavier. Assim, em junho, já terão sido vendidos produtos comprados em maio, “portanto o crescimento não foi tão grande, porque essa incorporação já estava feita”, refere o responsável.

O responsável da APED destaca o caso particular dos hortofrutícolas, porque “só em maio começámos a ter colheitas de alguns produtos portugueses”. Em fevereiro, março e abril “estávamos a vender muitos produtos de colheitas estrangeiras, porque a nossa produção sazonal ainda não estava a dar”. Tomate, cebolas e courgettes são alguns dos exemplos, aponta Lobo Xavier. “Os preços anteriores estavam inflacionados pela seca, pela escassez de oferta e pela necessidade de ir buscar produtos fora. As cebolas a Espanha e o tomate a Marrocos e Espanha”, exemplifica. “Agora já temos as nossas colheitas e o preço desses produtos tende a baixar”.

No mês anterior, foi possível observar subidas significativas nos preços, como o da farinha de trigo, que chegou a registar aumentos de 20% a 50%, a reboque da guerra na Ucrânia, uma das principais exportadoras mundiais de trigo. Foram também visíveis aumentos em produtos como o papel higiénico, à boleia da escalada do preço do papel, e dos ovos, não só por causa da guerra mas também da gripe das aves. Mas em junho, o cenário é diferente. A variação “zero” é a mais comum entre os produtos analisados.

Há, porém, algumas exceções. O óleo alimentar, por exemplo, subiu de preço em duas superfícies comerciais, depois de ter baixado de forma generalizada no mês anterior. Não atingiu, no entanto, os valores máximos registados em abril. O setor tem estado à procura de alternativas ao óleo de girassol proveniente da Ucrânia, como o óleo de soja ou colza, e isso explica a diferença face aos valores mais elevados de abril. Explicará, também, a descida de 15% numa das superfícies comerciais analisadas.

São também visíveis aumentos pontuais na farinha, nos ovos, no frango e no pão. Entre maio e junho, o valor do cabaz selecionado oscilou entre uma descida de 3,06% e uma subida de 1,19%. O valor total dos cabazes varia entre os 52,31 euros e os 55,09 euros. Comparando as mesmas compras entre abril e junho, obtemos diferenças que vão de uma descida de 6,41% até um aumento de 11,45%.

No entanto, uma análise aos números pode provocar alguma surpresa, por surgirem variações expressivas, na casa dos 20% ou 30%. É o caso, por exemplo, do atum nos supermercados Auchan, que surge com um aumento de 33%, ou da Cerelac no Pingo Doce e no Continente, que regista descidas de preço acentuadas, de 16% e 30%. Estas flutuações não são explicadas pela inflação, mas sim pelo facto de o produto selecionado estar em promoção no dia de uma das recolhas. Um aumento de 33% significa que o produto estava em promoção a 1 de maio, enquanto uma descida de 30% quer dizer que o produto está a ser vendido com desconto a 1 de junho.

Apesar desta suavização mensal dos aumentos, a inflação está a ser sentida, e bem, no bolso das famílias. Ainda esta terça-feira, o primeiro-ministro admitiu a preocupação com o fenómeno. “Toda a Europa está a pagar um preço elevado. Nós temos a quinta inflação mais baixa da Europa, mas mesmo assim elevadíssima, […], sobretudo marcada pela energia, [sendo este] um efeito global que a guerra está a gerar nas nossas economias e claro que isso é um fator de preocupação”, afirmou António Costa, citado pela Lusa, no final da cimeira europeia em Bruxelas.

O aumento dos preços em relação ao ano passado é expressivo, e a perda de poder de compra é real. Nos supermercados, esse embate é visível de várias formas. “Há uma procura cada vez maior por produtos de marca própria”, revela o líder da APED. “Além de terem subido de qualidade, têm preços mais competitivos. Por muito que as pessoas gostem da marca da indústria, tendo ao lado um produto semelhante mas dois ou três euros mais barato, vão escolher esse. É um sinal dos tempos. Não somos um país rico e estamos a sofrer com esta dinâmica dos preços”, sintetiza Gonçalo Lobo Xavier.

O que se nota é que “as pessoas estão a fazer compras mais racionais”, nota. “Estão a ir mais vezes ao supermercado e a trazer menos coisas. Porque estão à procura das promoções e têm pouco dinheiro disponível”, conclui.

O último estudo da Kantar para a Centromarca revela que o tamanho das cestas de compra dos portugueses foi, no primeiro trimestre do ano, o mais pequeno dos últimos quatro anos. A expetativa é que no segundo trimestre, à boleia da inflação, a quebra no consumo seja muito mais expressiva.

Inflação já come poder de compra. Carrinho de compras dos portugueses é o mais pequeno dos últimos quatro anos

Assine por 19,74€

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver planos

Oferta limitada

Apoio ao cliente | Já é assinante? Faça logout e inicie sessão na conta com a qual tem uma assinatura

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

Assine por 19,74€

Apoie o jornalismo independente

Assinar agora