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Dermatite atópica: como explicar às crianças?

Por ser uma doença comum na infância, o envolvimento dos mais novos no tratamento da dermatite atópica é importante. Veja aqui como explicar às crianças o que é e como evitar o desconforto que causa.

Comichão, ardor, pele seca e com manchas avermelhadas e ásperas. Só pela simples descrição dos sintomas já se percebe que quem sofre de dermatite atópica (DA) não tem a vida facilitada, especialmente se a doença se manifestar de forma moderada a grave. E se em causa estiver uma criança não é difícil perceber que aquela pode ser uma doença com forte impacto, sobretudo se não estiver devidamente tratada. Felizmente, há formas de atenuar os sintomas e garantir que a DA não assume o controlo da vida de quem dela padece. Para tal, é muito importante que os mais novos compreendam o problema e sejam envolvidos no tratamento, como explica o dermatologista Pedro Mendes Bastos, do Hospital CUF Descobertas, Lisboa.

Embora possa ocorrer em qualquer idade, a dermatite atópica – também designada como eczema atópico – é particularmente frequente em bebés, crianças e adolescentes, aparecendo na maioria dos casos durante o primeiro ano de vida. Segundo o especialista, estima-se que esta doença inflamatória crónica da pele “possa afetar 20% da população em idade pediátrica nos países desenvolvidos”, sendo que “habitualmente melhora com o avançar dos anos, podendo persistir para a vida adulta em um terço dos casos”.

Será que é DA?

Entre os principais sintomas de DA, destacam-se a secura da pele (xerose, em linguagem médica), o prurido ou comichão e o eczema, que é o nome que se dá às manchas avermelhadas, ásperas e descamativas, que podem aparecer de forma recorrente ao longo de meses a anos. De acordo com o médico, “é fácil para os pais suspeitarem de DA, caso se verifiquem estes sintomas e sinais de forma crónica e evoluindo por fases de agravamento e fases de acalmia”, o que deve motivar uma consulta médica.

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Quanto à localização das lesões no corpo, refere que “na infância e puberdade, as manchas de eczema tendem a aparecer nas dobras da pele, atrás dos joelhos ou no pescoço”. Já no caso dos adultos, “o padrão pode variar, envolvendo a pele de forma generalizada, ou áreas específicas como as mãos, a face ou as pálpebras”.

“A pele de um paciente com DA não funciona como uma barreira eficaz, não tendo a mesma capacidade de se manter hidratada e de se defender das constantes agressões do dia a dia, como o banho, fricção da roupa ou variações de temperatura.”
Pedro Mendes Bastos, Dermatologista

Mas, afinal, o que causa a DA? “A resposta não é simples”, diz Pedro Mendes Bastos, segundo o qual, esta doença crónica “é mais frequente hoje do que no passado, especialmente em áreas urbanas bem como nos climas mais frios”, acreditando-se que “a conjugação de genes de atopia [predisposição hereditária para certas reações imunológicas exageradas] com algumas caraterísticas ambientais determina o surgimento desta doença”. Ainda assim, o clínico apressa-se a esclarecer que “a DA não é uma alergia, embora frequentemente ocorra em crianças que têm alergias respiratórias, como algumas formas de asma ou rinite alérgica”.

São dois os mecanismos que levam ao surgimento das alterações na pele: por um lado, encontramos “anomalias da barreira cutânea e inflamação causada pelas células do sistema imunitário, principalmente glóbulos brancos”. Ou seja, como afirma o dermatologista, “a pele de um paciente com DA não funciona como uma barreira eficaz, não tendo a mesma capacidade de se manter hidratada e de se defender das constantes agressões do dia a dia, como o banho, fricção da roupa ou variações de temperatura”. Por outro lado, “a reatividade excessiva das células do sistema imunitário a nível da pele perpetua a inflamação e os problemas de barreira, gerando-se um círculo vicioso de xerose, prurido, vermelhidão, descamação e fissuras, que constituem as tais áreas de eczema”, esclarece.

Quais são os fatores de risco?

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Alguns fatores podem aumentar o risco de aparecimento de DA:

  • Ambiente urbano
  • Nível socioeconómico e educacional elevado
  • História de DA ou de outras doenças do espectro da atopia  [PMB1] na família
  • Mutações no gene 3 da filagrina
  • Género feminino
  • Famílias pequenas
  • Entre outros

Fonte: https://www.tudosobreadermatiteatopica.pt

Não deixar que seja a DA a controlar

Antes de mais, importa ter em conta que não existe uma solução única que possa ser receitada a todas as pessoas. Até porque, como realça o médico, “existe um espectro de gravidade da DA”, sendo que a maioria dos casos são considerados ligeiros, logo, “podem ser controlados adequadamente com cuidados tópicos”, isto é, de aplicação na pele. Todavia, “algumas pessoas vão sofrer de formas moderadas a graves de DA, sendo habitualmente necessários outros tipos de tratamentos, como fototerapia [tratamento com radiação ultravioleta] ou medicamentos orais ou injetáveis”.

Pedro Mendes Bastos reforça que “o tratamento da DA deve ser altamente individualizado e de acordo com as particularidades de cada paciente e com o tipo de lesão prevalente em cada momento”. Entre as soluções terapêuticas disponíveis, destaca a necessidade de serem mantidos cuidados continuados – independentemente de haver, ou não, agravamento de sintomas – os quais passam pelo “uso adequado de cremes e produtos de higiene para reforçar a barreira cutânea e acalmar a reatividade cutânea”. Além disso, em momentos de crise ou para casos mais graves de DA, “o tratamento pode incluir medicamentos tópicos ou sistémicos, isto é, orais ou injetáveis”, indica.

“O tratamento da DA deve ser altamente individualizado e de acordo com as particularidades de cada paciente e com o tipo de lesão prevalente em cada momento.” 
Pedro Mendes Bastos, Dermatologista

Levar uma vida “normal” é possível?

Sim, é. Aliás, como sublinha o dermatologista, “o objetivo deve ser esse – alcançar um controlo tal da DA que permita fazer uma vida o mais normal possível”, nomeadamente, frequentar piscinas ou praticar desporto, entre outras atividades. Ainda assim, o especialista deixa claro que “nem sempre será o caso, pois ter DA pressupõe passar por momentos bons, mas também por momentos de crise”. Nas suas palavras, “viver com DA é uma aprendizagem e uma construção que se fará, estabelecendo uma relação de confiança com o médico”.

“Viver com DA é uma aprendizagem e uma construção que se fará, estabelecendo uma relação de confiança com o médico.”
Pedro Mendes Bastos, Dermatologista

Esta relação é mesmo crucial, já que “mesmo para as formas de DA moderada a grave existem hoje tratamentos dermatológicos eficazes e seguros, com aprovação pelas agências do medicamento em idade pediátrica”, razão por que entende que a mensagem principal junto destas crianças e dos seus pais “deve ser de esperança”.

“Tempo e experiência” são fatores que o clínico considera essenciais para que os pais aprendam a gerir a DA das crianças. E isto com a ajuda do pediatra ou do médico de família, uma vez que “a maior parte das crianças com DA vão felizmente apresentar formas ligeiras”, as quais podem ser, na maioria dos casos, diagnosticadas e tratadas por estes profissionais de saúde.

“Os casos de DA moderada a grave são aqueles que devem ser acompanhados por um dermatologista, pois tratamentos mais complexos podem ser necessários para o controlo adequado da doença.”
Pedro Mendes Bastos, Dermatologista

“Na eventualidade de não se conseguir controlar com os tratamentos prescritos pelo médico, pode ser necessário consultar um especialista”, explica, acrescentando que “os casos de DA moderada a grave são aqueles que devem ser acompanhados por um dermatologista, pois tratamentos mais complexos podem ser necessários para o controlo adequado da doença”.

Explicar a DA aos mais novos

Apesar do envolvimento dos pais, as crianças não devem ser deixadas à margem, até para que possam contribuir para o sucesso do tratamento. Questionado sobre a melhor forma de explicar esta doença aos mais novos, o dermatologista partilha que “o mais fácil é referir que a pele das crianças com DA é como uma casa sem portas nem janelas”, logo, “temos de ter cuidados especiais para proteger esta casa por forma a mantê-la protegida e, assim, fazer com que a pele esteja mais confortável e com menos comichão”. Para o especialista, “envolver as crianças ativamente no tratamento é fundamental para alcançar o controlo da DA”, o que, na sua opinião, até acaba por ser fácil, já que “as crianças são inteligentes e percebem perfeitamente como cuidar da pele se tal lhes for explicado de forma simples e didática”.

“Envolver as crianças ativamente no tratamento é fundamental para alcançar o controlo da DA.”
Pedro Mendes Bastos, Dermatologista

Precisamente com o objetivo de simplificar a tarefa de falar sobre DA aos mais novos, a Sanofi lançou o projeto Tudo Sobre a Dermatite Atópica, que além de diversa informação sobre a doença, inclui também vídeos e livros produzidos com linguagem divertida e acessível, destinados a crianças com DA.

Na companhia da Diana, uma menina de 8 anos que convive com DA grave desde os 6 meses de idade, outras crianças poderão compreender o que é a doença, sentir que não estão sozinhas, e ainda perceber que é possível ultrapassar todos os problemas e estigmas. Segundo Pedro Mendes Bastos, que contribuiu como revisor científico dos filmes e livros, “combater a desinformação e facilitar a vida das crianças com DA grave são os objetivos e vantagens deste tipo de materiais”.

O impacto psicológico da DA

Explicar a DA recorrendo a materiais adequados à idade pediátrica faz sentido, sobretudo nos casos de DA moderada a grave, uma vez que, nestas situações, além do impacto a nível físico, pode observar-se também um importante impacto psicológico.

“O prurido e os eczemas na pele podem ser bastante impactantes e provocar desconforto que culmina em falta de atenção na escola e mesmo comportamentos de ansiedade.”
Pedro Mendes Bastos, Dermatologista

Isto porque “o prurido intenso é um sintoma cardinal, podendo ser tão intenso que perturba o sono, com consequências potencialmente graves nas esferas afetiva e cognitiva”. E isto tanto se observa nas crianças como nos adultos, como realça o clínico, segundo o qual, “o prurido e os eczemas na pele podem ser bastante impactantes e provocar desconforto que culmina em falta de atenção na escola e mesmo comportamentos de ansiedade”. “Os casos de DA moderada a grave devem ser avaliados como um todo, sendo que a intervenção mais eficaz para evitar o impacto psicológico é, em primeira instância, o tratamento desta doença dermatológica”, reforça, lembrando que “os contextos emocional e familiar merecem adequada valorização, naturalmente, e a sua correta avaliação também é uma parte importante do controlo da DA moderada a grave”.

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