Fundos de greve, paralisações sem fim à vista, críticas acesas aos sindicatos tradicionais. Numa questão de semanas, o S.TO.P — sindicato criado em 2018 — passou a liderar a agenda dos protestos dos professores e a aparecer diariamente nas televisões. À esquerda, o fenómeno comenta-se com cautela, evitando críticas diretas para não alienar os milhares de professores que se juntaram à causa, mas com reparos sobre a forma dos protestos — e os riscos de deixar que o protagonismo fique nas mãos e nos megafones de novos sindicatos.
Mesmo mantendo a discrição, a esquerda está atenta. Por um lado, às falhas dos sindicatos mais antigos, a que estão tradicionalmente ligados (sobretudo o PCP) e aos quais deixam avisos: a Fenprof e os seus congéneres noutros setores são demasiado “burocráticos” e têm uma imagem “velha”, conotada com os partidos políticos, que precisa de ser revitalizada — tudo enquanto o MAS aproveita para se colar à ascensão do S.TO.P, argumentando que também no plano político, como no sindical, é preciso que apareçam forças novas.
Por outro, a esquerda mantém-se focada nos trabalhos do ano que vem aí: inflação e redução do poder de compra, assim como algumas lutas sociais (clima ou mercado de habitação, por exemplo) compõem o cocktail de insatisfação perfeito para lançar contra um Governo com uma imagem “frágil”. O desafio estará em conseguir capitalizar com o momento de agitação social e liderar o descontentamento das “massas” — sob pena de deixar que outros o liderem, perdendo uma frente de luta política contra o PS absoluto.
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