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Valery Zaluzhny e Volodymyr Zelensky têm protagonizado visões distintas sobre o rumo da guerra
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Valery Zaluzhny e Volodymyr Zelensky têm protagonizado visões distintas sobre o rumo da guerra

Valery Zaluzhny e Volodymyr Zelensky têm protagonizado visões distintas sobre o rumo da guerra

Guerra num "impasse"? Zelensky e militares têm "visões distintas", mas ambos continuam a querer "ganhar" o conflito

Chefe das Forças Armadas ucranianas denuncia "impasse" na guerra, mas Zelensky rejeita. Especialistas ouvidos pelo Observador recusam crise institucional, mas admitem "progressos lentos" e "cansaço".

“Impasse.” Esta é uma palavra indesejada para a presidência ucraniana definir a guerra. Depois de mais de 20 meses desde o início do conflito, Volodymyr Zelensky tem-se empenhado em demonstrar que a Ucrânia ainda pode derrotar a Rússia no campo de batalha, tentando passar uma imagem otimista à comunidade internacional, de modo a continuar a obter o seu apoio e a evitar pressões para negociar com o Kremlin. Não obstante, numa entrevista à revista The Economist publicada no início deste mês, o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas de Kiev, Valery Zaluzhny, usou o termo “impasse”. E foi ainda mais longe, evocando as imagens das trincheiras da Primeira Guerra Mundial e deixando uma previsão: “Provavelmente, não haverá nenhum avanço profundo e bonito.”

As palavras de Valery Zaluzhny, que goza de uma excelente reputação entre a sociedade ucraniana e fala à imprensa raramente, foram interpretadas como um sério aviso ao rumo da guerra: “Se se olhasse para os manuais da NATO e para a matemática, quatro meses seriam suficientes para chegar à Crimeia, para lutar na Crimeia, para sair da Crimeia e para regressar à Crimeia”, algo que acabou por não acontecer. Iniciada no início de junho após meses de expectativa, a contraofensiva tem obtido resultados modestos: as tropas ucranianas não conseguiram romper as principais linhas de defesa da Rússia e os avanços são bastantes limitados.

Da análise da alta patente militar ucraniana também fazem parte um mea culpaValery Zaluzhny diz que “demitiu soldados” e que “alterou brigadas” devido aos aparentes fracassos — e uma crítica ao Ocidente, referindo que as armas entregues não são suficientes para fazer face à agressão russa. “Eles não estão obrigados a dar-nos nada, e estamos gratos por aquilo que temos, mas estou simplesmente a constatar a realidade”, sublinhou, enfatizando que os caças F-16, que chegarão à Ucrânia nos próximos meses, serão já pouco úteis.

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Volodymyr Zelensky e o seu gabinete, perante um texto que podia colocar em causa o apoio ocidental, manteve-se na defensiva. Inicialmente, Igor Zhovka, vice-presidente do gabinete presidencial da Ucrânia, lamentou que estas declarações do chefe das forças armadas tenham tornado “o trabalho do agressor mais fácil”. “Tenho a certeza de que foi tudo cuidadosamente lido e foram tiradas conclusões” do lado russo, atirou o responsável, sugerindo inclusivamente que isto podia ser um “plano estratégico muito profundo” de um general ambicioso que quisesse obter “algum sucesso”.

Fruto dos sucessos militares no início da guerra que lhe fizeram ganhar popularidade, Valery Zaluzhny tem sido apontado como um futuro rival político de Volodymyr Zelensky. No entanto, o chefe das Forças Armadas nunca deu a entender que tem ambições presidenciais — nem nunca mencionou esse cenário —, mas a sua reputação entre os ucranianos e entre os parceiros ocidentais poderia torná-lo num putativo candidato. 

Podendo ser visto como um possível adversário, principalmente após ter tecido críticas à maneira como o conflito está a ser gerido, haverá um braço de ferro entre a presidência e a chefia militar ucraniana, como vários jornais internacionais, como o New York Times ou o Washington Post, têm dado a entender? Ou são apenas “diferentes opiniões”? Os especialistas ouvidos pelo Observador acreditam mais na segunda hipótese. Além disso, nos últimos dias, os dirigentes ucranianos, apesar de algum criticismo inicial, têm descartado que a presidência e as altas patentes militares estejam em pé de guerra.

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Zaluzhny e Zelensky reunidos no dia 24 de agosto, dia da independência da Ucrânia

Getty Images

A demissão de um comandante militar e as críticas de Zelensky: o início de um conflito institucional?

Foi no início de novembro que Valery Zaluzhny deu uma entrevista à revista britânica The Economist — e até houve uma chamada de capa. Em simultâneo, a revista norte-americana Time dedicou a manchete da última edição ao que diz ser a “luta solitária” de Volodymyr Zelensky. Em grande destaque estava ainda uma frase: “Ninguém acredita na vitória como eu. Ninguém.”

Num momento em que a atenção da comunidade internacional está mais focada na guerra entre o Hamas e Israel e na sua possível escalada, o conflito na Ucrânia tem perdido grande cobertura mediática. Na entrevista à Time, o Presidente ucraniano reconhece que Kiev tem “sofrido” por conta dos “eventos no Médio Oriente”. E alguns dos seus conselheiros, ouvidos pela revista norte-americana, também relatavam que Volodymyr Zelensky está mais tenso e que se tenta “enganar a si mesmo”, acreditando numa vitória ucraniana frente à Rússia.

Este conjuntura faz com que a Ucrânia esteja a atravessar talvez a fase mais complicada desde o início da guerra. Ao lado de Ursula von der Leyen, a Presidente da Comissão Europeia e uma das maiores aliadas de Kiev que voltou a visitar a capital ucraniana no início do mês, Volodymyr Zelensky foi questionado sobre o alegado impasse de que Valery Zaluzhny falava — e recusou-o liminarmente. Contudo, concedeu que já “passou” muito tempo e que “as pessoas estão cansadas” do conflito.

epa10913241 Ukraine's President Volodymyr Zelensky attends a press conference after a meeting with Belgium's Prime Minister Alexander De Croo in Brussels, Belgium, 11 October 2023. Zelensky has arrived in Brussels to participate in the meeting of NATO defense ministers to seek more support for Ukraine's fight against Russia.  EPA/YVES HERMAN / POOL

Zelensky admitiu "cansaço da guerra", mas recusou "Impasse" no campo de batalha

YVES HERMAN / POOL/EPA

Num cenário em que parece que a Ucrânia está sozinha e que os aliados podem começar a virar costas, as palavras de Valery Zaluzhny, muito respeitado internacionalmente (em especial pelos Estados Unidos), podiam dar a impressão de que o conflito não poderá ser resolvido no campo de batalha — e ter-se-á de passar à fase das negociações com a Rússia, mesmo que isso signifique a perda de territórios.

Este somatório de acontecimentos poderia dar azo a um conflito institucional. A teoria ganhou alguma robustez quando, a 3 de novembro, dois dias depois de a entrevista no The Economist ter sido publicada, Viktor Khokenko, chefe das forças de operação especiais ucranianas e homem de confiança de Valery Zaluzhny, foi demitido a pedido do ministro da Defesa, Rustem Umerov. O Presidente ucraniano rapidamente aceitou, não consultando nem avisando previamente o líder militar ucraniano.

Viktor Khokenko foi apanhado desprevenido e soube da demissão pelas notícias. “Pessoalmente, não sei a razão. Soube de tudo pelos meios de comunicação social. Falei com o chefe das Forças Armadas que também não me soube explicar. Era ele quem devia fazer o pedido para isto [ser demitido], mas ele disse-me que não tinha feito. Não entendo o que se passa”, disse o militar deste ramo das tropas de elite ucranianas, momentos após ser demitido.

epa10846007 A handout picture made available by the Presidential Press Service shows Ukraine's President Volodymyr Zelensy (L) shaking hands with Rustem Umerov (R) as he presents him to the General Staff of the Armed Forces of Ukraine as the new Minister of Defense in Kyiv, Ukraine, 07 September 2023 amid the Russian invasion. Ukraine's parliament approved Rustem Umerov as the new Defense Minister of Ukraine during their sitting on 06 September after dismissing Oleksii Reznikov from the post.  EPA/PRESIDENTIAL PRESS SERVICE HANDOUT HANDOUT  HANDOUT EDITORIAL USE ONLY/NO SALES

Ministro da Defesa da Ucrânia não justificou demissão de Viktor Khokenko, chefe das forças de operação especiais ucranianas

PRESIDENTIAL PRESS SERVICE HANDOUT HANDOUT/EPA

Inicialmente, na sua conta pessoal do Facebook, o ministro da Defesa da Ucrânia fechou-se em copas, explicando somente que tinha sido uma “decisão pessoal“. “O general Khorenko é preciso noutro sítio: ele vai continuar ao serviço do Ministério da Defesa da Ucrânia”, adiantou Rustem Umerov, acrescentando que não ia fazer mais comentários no que concerne a esta “mudança na liderança militar”, porque isso dava “motivos para o inimigo enfraquecer a Ucrânia”.

A decisão foi tão surpreendente que, segundo apurou o New York Times junto a fontes militares norte-americanas, nem Washington sabia de antemão da demissão de Viktor Khorenko, que era considerado, pelos Estados Unidos, como alguém competente, confiável e que tinha angariado êxitos militares.

Na Ucrânia, surgiram críticas pela voz dos partidos da oposição. Por exemplo, Solomiia Bobrovska, do partido centro-direita Holos, considerou que “não fazia sentido” mudar a “liderança militar” a meio de conflito, principalmente se esta tinha sucesso. A deputada adjetivou o sucedido como um “escândalo” e disse acreditar que este despedimento parecia uma “interferência política nas Forças Armadas”, podendo ganhar os contornos de uma vingança contra as declarações de Valery Zaluzhny.

Outro estranho episódio que aconteceu ao círculo mais próximo de Valery Zaluzhny aconteceu com um conselheiro morto com uma granada que tinha recebido como presente de aniversário. O major-general Hennadiy Chastyakov, muito próximo do chefe das forças ucranianas, acabou por morrer na sequência do rebentamento da granada, que também levou a que o seu filho, de 13 anos, ficasse gravemente ferido.

Após a morte do conselheiro, Valery Zaluzhny descreveu-o, segundo a BBC, como um “ombro amigo” e como alguém que esteve sempre ao seu lado desde o início da invasão. Tal como nota a estação de televisão britânica, a explosão levantou várias dúvidas entre alguns ucranianos, que especularam que o ataque não tinha como alvo Hennadiy Chastyakov, mas antes o próprio chefe das Forças Armadas ucranianas.

Certo é que as autoridades ucranianas duvidam de que se tenha tratado de um assassinato. A tese mais provável é que se tenha tratado de um “acidente” resultante de “uso inapropriado de material explosivo”. Isto porque Hennadiy Chastyakov não acreditava que lhe tivessem oferecido uma granada real e disse ao filho para fazer de conta que a ativava, o que acabou por se revelar fatal.

Zelensky garante ter um plano de combate para recuperar cidades ocupadas. Mas “não pode revelar detalhes”

Valery Zaluzhny, o homem que “admite a verdade amarga” e de quem Zelensky não pode abdicar

A demissão e as críticas da presidência, algumas delas dirigidas diretamente ao chefe das tropas ucranianas, criavam um terreno fértil para o início de um conflito institucional entre a liderança militar e a liderança política, uma situação completamente indesejável num país em guerra. Houve ainda um rumor, lançado pelo deputado da oposição Volodymyr Ariev numa publicação no Facebook, que dava conta de que o ministro da Defesa ucraniano tinha demitido Valery Zaluzhny. Mas não passou de um boato, uma vez que o parlamentar, do partido Solidariedade Europeia, acabou por apagar a publicação e clarificar que “as suas fontes” lhe tinham contado uma história enganadora.

Embora tenha existido alguma tensão inicial, os dirigentes próximos da presidência ucraniana têm reiterado, nos últimos dias, a mensagem de que não existe qualquer desentendimento de fundo entre o Chefe de Estado e Valery Zaluzhny. Por exemplo, o chefe do gabinete de Volodymyr Zelensky, Andriy Yermak, assegurou que “existe apenas uma posição” — “ganhar a guerra” — e disse que não “tinha qualquer informação” de que haja a intenção de demitir o líder das forças armadas.

Mas existe ou não uma crise institucional? Orysia Lutsevych, vice-presidente na área da Rússia e da Eurásia no think tank Chantam House, afirma, em declarações ao Observador, que não. “Não há qualquer disputa”, vinca, explicando que Valery Zaluzhny e Volodymyr Zelensky são “pessoas de mundos diferentes — um do mundo político, outro da área militar”. “Eles falam línguas diferentes. Zaluzhny descreve a estratégia militar que pode levar a Ucrânia à vitória. Zelensky precisa de manter os ânimos para cima.”

"Os dois falam línguas diferentes. Zaluzhny descreve a estratégia militar que pode levar a Ucrânia à vitória. Zelensky precisa de manter os ânimos em cima"
Orysia Lutsevych, vice-presidente na área da Rússia e da Eurásia no think tank Chantam House

Em vez de um conflito, existem, para Orysia Lutsevych, apenas funções distintas que exigem uma determinada linguagem e a apresentação de determinadas soluções. Esta tese é corroborada por Viktor Kovalenko, ex-jornalista e analista na área da Defesa, que vai ainda mais além: “Não há nenhuma rixa entre os dois, mas têm diferentes visões sobre a mesma situação.”

Ao Observador, o analista considera que o general “admite a verdade amarga”: “Este ano, a Ucrânia não obteve qualquer sucesso no campo de batalha. E oferece soluções, enquanto as tropas russas estão a aprender dos erros e a tornar-se mais eficazes”. “Zaluzhny não quer perder a vida de soldados em vão”, sublinha Viktor Kovalenko, que faz uma distinção relativamente ao Presidente ucraniano. “Zelensky prefere não admitir a dura realidade e não quer mostrar a fraqueza da Ucrânia aos parceiros ocidentais”, expõe, reforçando que essa é razão pela qual o Presidente ucraniano tenta “enfrentar”, mais que não seja nos bastidores, o líder das tropas ucranianas.

Menos crítica da atuação de Volodymyr Zelensky, a membro do think tank Chantam House defende que a Ucrânia “deve explicar aos aliados” que a situação no campo de batalha é “muito complexa”, por sinal. Isso origina que o “progresso seja lento”. Tal como Valery Zaluzhny tinha escrito no seu artigo na revista The Economist, Orysia Lutsevych sinaliza que a “assistência militar” do Ocidente foi “demasiado lenta”, o que permitiu à Rússia fortalecer as suas posições.

"Zelensky prefere não admitir a dura realidade e não quer mostrar a fraqueza da Ucrânia aos parceiros ocidentais"
Viktor Kovalenko, ex-jornalista e analista na área da Defesa

Por sua vez, mesmo advogando que não existe um conflito institucional, Viktor Kovalenko suspeita de que “o círculo mais próximo” do Presidente ucraniano pode querer designar Valery Zaluzhny como o “bode expiatório” se o desfecho da guerra for negativo. “Querem tirar o foco de Volodymyr Zelensky”, conjetura o especialista, que ressalva, porém, que esta estratégia é, neste momento, “contraprodutiva”.

Em primeiro, porque a guerra ainda não terminou. Segundo o analista de Defesa, a situação na Ucrânia ainda é “complexa”, podendo ainda haver “capacidade para expulsar os ocupantes russos”, algo que está “dependente de vários fatores, recursos e protagonistas”. Se se responsabilizar agora Valery Zaluzhny pelo estado do conflito, uma reviravolta no campo de batalha pode dar os louros todos ao chefe das Forças Armadas — e retirar o holofote e uma vitória política a Volodymyr Zelensky.

Ao mesmo tempo, argumenta Viktor Kovalenko, a população ucraniana ainda tem presente na memória o “primeiro ano de guerra”, no qual o “general Zaluzhny demonstrou eficácia e alcançou vitórias militares”. Seria, portanto, uma movimentação arriscada do lado da presidência ucraniana, que poderia colocar a sociedade civil contra Volodymyr Zelensky e ao lado do militar.

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Zaluzhny poderá tornar-se um "bode expiatório" do "círculo mais próximo" de Zelensky, antevê Viktor Kovalenko

POOL/AFP via Getty Images

Propaganda russa explora o diferendo — e até usa um deep fake

Do lado da Rússia, instado a comentar as declarações à revista The Economist de Valery Zaluzhny, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, garantiu que o conflito “não chegou a um impasse”. “O regime de Kiev precisa de entender que falar de alguma perspetiva de vitória no campo de batalha é absurdo. Quanto mais cedo o regime de Kiev entender isto, mais cedo se abrem novas perspetivas”, assinalou o responsável da presidência.

Publicamente, o Kremlin reagiu com indiferença, mas a propaganda russa aproveitou-se desta suposta escaramuça para enfraquecer a Ucrânia. “A Rússia vai explorar tudo o que pode, porque lhe falta uma estratégia de vitória no campo de batalha”, denuncia Orysia Lutsevych, que constata que, nas redes sociais, já há um “deep fake” a circular com declarações falsas de Valery Zaluzhny.

Nesta montagem, que consiste num vídeo de Valery Zaluzhny com uma dobragem falsa, há um apelo a protestos em praças e ouve-se a ordem para não obedecer às “ordens criminais” da presidência. No entender de Orysia Lutsevych, esta tentativa da propaganda russa tem dois objetivos: “Atacar a unidade dentro da Ucrânia e a unidade no Ocidente. É a única estratégia que lhes resta.”

Ao Observador, Andreas Umland, analista do centro de Estudos da Europa de Leste com sede em Estocolmo, não tem dúvidas de que este aparente conflito institucional trata-se de uma “manipulação consciente” da Rússia, comparando-a com o discurso do Presidente russo, Vladimir Putin, no início da invasão, em que apelou “a um golpe de Estado contra Volodymyr Zelensky para concluir a paz com a Rússia”.  

“Cansaço” com a guerra pode levar a mais conflitos. E quem sabe a um confronto político

A guerra longa e a falta de avanços no terreno parece não beliscar a popularidade de Volodymyr Zelensky. Num estudo de opinião publicado pela empresa norte-americana Gallup, publicado no início de outubro, 81% dos inquiridos aprovam a atuação do Presidente ucraniano e 60% querem a continuação do conflito até à vitória. Continua presente, por conseguinte, uma unanimidade em redor da figura do chefe de Estado, bem como da sua gestão da guerra.

Segundo o mesmo estudo de opinião, com uma taxa de aprovação ainda maior do que a presidência estão as Forças Armadas, comandadas precisamente por Valery Zaluzhny: 95% dos inquiridos confiam e têm uma boa imagem das tropas ucranianas. Noutras sondagens passadas, a população ucraniana mostrava igualmente confiar no líder militar; por exemplo, em maio, 91% aprovavam a atuação do Presidente, enquanto o chefe das forças armadas ucranianas gozava de uma taxa de aprovação na ordem dos 87%.

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Um mural de Valery Zaluzhny em Zaporíjia

SOPA Images/LightRocket via Gett

A popularidade e o respeito com que o chefe das forças armadas é encarado na sociedade ucraniana seriam capitais preciosos para uma possível candidatura presidencial. Como escreve o Washington Post, se se decidisse dedicar à política (o que teria de levar ao abandono da vida militar), Valery Zaluzhny poderia representar uma ameaça para Volodymyr Zelensky, se bem que o militar nunca tenha admitido qualquer ambição do género.

Por agora, nada indica que Valery Zaluzhny queira rivalizar com o Presidente, mesmo com as farpas deixadas pelo círculo próximo de Volodymyr Zelensky de que o artigo no The Economist seria uma forma de conseguir obter algum “sucesso” para conseguir afirmar-se.

Mesmo sem esta variável da equação, Viktor Kovalenko acredita, ainda assim, que nos próximos tempos haverá ainda mais “desacordos e trocas de acusações entre o governo ucraniano e o comando militar”. Não tanto por ambições pessoais ou por vinganças, mas antes por causa do cansaço de uma guerra longa e sem perspetivas de terminar.

“A liderança ucraniana está a ficar exausta da guerra que a Rússia começou. Eles estão cansados porque está a ser longa. Estão cansados porque o Presidente Zelensky rejeita qualquer acordo político ou negociações de paz. E estão cansados porque não parece haver nenhuma chance real de que a Rússia se retire ou haja uma vitória militar”, enumera o antigo jornalista ao Observador.

"A liderança ucraniana está a ficar exausta da guerra que a Rússia começou. Eles estão cansados porque está a ser longa. Estão cansados porque o Presidente Zelensky rejeita qualquer acordo político ou negociações de paz. E estão cansados porque não parece haver nenhuma chance real de que a Rússia se retire ou haja uma vitória militar"
Viktor Kovalenko, ex-jornalista e analista na área da Defesa

“Mas isso não é um grande problema”, prossegue Viktor Kovalenko. O motivo? “Desacordos, acusações e emoções ao rubro é algo natural na vida política ucraniana, porque se trata de uma democracia”, reforça, para logo lembrar: “Tudo isto não acontece na autoritária Rússia.”

 
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